Processo tem cinco arguidos, os dois casais que roubavam e o homem que comprava os materiais
Um grupo de quatro assaltantes de viaturas estacionadas na Serra da Arrábida aproveitava a ausência dos seus ocupantes que desfrutavam um dia de praia para furtar tudo o que encontravam no interior. Depois entregavam o material a um receptor que lhes pagava e vendia os bens.
O Ministério Publico (MP) considera que os quatro, dois homens e duas mulheres, agiam segundo um plano previamente previsto, organizados em duas equipas e com um receptor em comum, em conjugação de esforços.
O grupo está a ser julgado no Tribunal de Setúbal. Quatro respondem por dezenas de crimes de furto qualificado, enquanto o quinto está acusado de receptação. Os assaltos decorriam desde Setembro de 2017 e terminaram com a detenção dos suspeitos, em 2018. A investigação criminal percebeu que a acção dos assaltantes não se cingia apenas à Serra da Arrábida, mas a praias no centro e sul do país. “Desde Setembro de 2017 que os arguidos em conjugação de esforços e divisão de tarefas, mantinham o plano de procederem a apropriação de bens que se encontravam no interior de veículos, com recursos a arrombamento de canhões de fechaduras ou através das respectivas quebras de vidros”, pode-se ler no despacho de acusação. Depois procediam “à entrega dos artigos a um outro arguido que os recebia e guardava na residência na Quinta Grande, Alfragide”.
Os cinco combinavam previamente os locais de actuação, faziam-se deslocar separadamente e com regularidade a várias localidades entre a Figueira da Foz e o Algarve.
“Despenderam todo o seu esforço, tempo e dedicação a tal execução e de modo já natural, o que fizeram durante um longo período de tempo com a intenção de obter uma fonte contínua e regular de rendimentos que não obtinham de qualquer actividade lícita”, considera o MP.
A acusação descreve os vários crimes cometidos pelo grupo. A 26 de Setembro de 2017, no parque de estacionamento do Creiro, acercaram-se de um veículo alugado, arrombaram a porta e retiraram os bens que encontraram no interior. Noutro caso, no dia 11 de Junho de 2018, entre as 12.40 e as 14 horas os arguidos deslocaram-se ao bar Mafalda no Portinho da Arrábida, onde se dirigiram a um veículo de aluguer e através da quebra de um vidro de janela lograram aceder ao interior e apropriar-se de vários objectos como roupa no valor de 500 euros.
No distrito, o MP identificou outros casos desde Sines a Almada. Os assaltantes dirigiram-se ao parque de estacionamento da Praia do Pego, no Carvalhal, onde partiram um vidro num Renault Captur e apropriaram-se de três relógios e um Ipad no valor de 500 euros. No dia dois de maio, pelas 12.30 horas, no parque de estacionamento da praia da Sereia, na Costa da Caparica, dirigiram-se a um Toyota Auris, onde através da introdução de um objecto na fechadura, acederam ao interior e apropriaram-se de uma mala no valor de 500 euros, uma mochila de cem euros, um casaco de 60, um ipad, um minipad. No dia 19 de maio, entre as 17 e as 17.30 horas, deslocaram-se à praia da Samoqueira, Porto Côvo, onde furtaram também objectos do interior de um veículo e a 28 de maio, pelas onze horas, dirigiram-se ao parque de estacionamento no farol do Cabo Espichel. Aqui furtaram um Amazon kindle numa viatura de aluguer com um objecto que usaram para abrir a porta.