Aos 153 anos, Capricho Setubalense conquista novas gerações de músicos com jazz e rock

Aos 153 anos, Capricho Setubalense conquista novas gerações de músicos com jazz e rock

Aos 153 anos, Capricho Setubalense conquista novas gerações de músicos com jazz e rock

||Com o período pandémico surgiram novas associações fruto das necessidades afectivas e nova vivência|Primeira formação da Banda Filarmónica Capricho Setubalense

Novas escolas de música, estatutos renovados e a candidatura a Utilidade Pública

 

A muy antiga Sociedade Musical Capricho Setubalense (SMCS), que há mais de um século pontifica no Largo da Misericórdia, em plena baixa setubalense, prepara-se para renovar o seu papel na cidade com a conquista do Estatuto de Utilidade Pública e duas novas escolas, dedicadas ao jazz e ao rock, a abrir em Setembro.

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“São áreas da música que atraem novos sócios e novas gerações para dar continuidade à Capricho, para além dos mais de 60 alunos actuais e dos cerca de 50 músicos que compõem a banda filarmónica”, refere o presidente da direcção, Sérgio Gabriel.
Para a utilidade pública foi preciso aprovar, em Fevereiro, novos estatutos, porque os anteriores “eram do início do século XX e estavam desactualizados”. No entanto, a música como missão, em particular a manutenção da banda filarmónica, mantém-se nas primeiras linhas dos novos estatutos.

Este é um ano extraordinário para a sociedade fundada em 1867, marcado também pela eleição dos novos Órgãos Sociais para o biénio 2020-2021 e por projecto de bolsas “criado com o objectivo de ajudar quem pretende aprender música, mas não tem possibilidade de pagar mensalidades” na sua escola de sopros.

A nova escola de jazz contará com direcção do maestro Luís Cunha. O mesmo que dirige a Big Band do Hot Clube de Portugal. “É a cereja em cima do bolo, para 2020”, celebra Sérgio Gabriel referindo que a SMCS “tem vindo a maturar esta ideia há algum tempo, devido ao facto de ser parceira da Câmara de Setúbal, na organização do Círculo de Jazz Fest”.

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O formato da nova escola, que pretende outras entidades da cidade, prevê “oficinas de jazz que incluem aulas de combo, até porque o objectivo é dar oportunidade de tocar em conjunto, para além de aprenderem a teoria do jazz”. Estão também planeadas classes de conjunto de Big Band, “com o objectivo de criar uma orquestra de jazz na cidade”.
Já a futura escola de rock é um projecto “que vem recuperar o espírito do rock vivido em Setúbal, com as bandas de garagem e outras formações musicais dedicadas ao Rock e ao Metal”. Também nesta escola as aulas de banda serão a grande aposta, paralelamente às aulas individuais de instrumento. Com estas novas apostas, a Capricho quer diversificar a oferta formativa, em Setúbal “até porque na cidade não tem nada com este modelo”, refere Sérgio Gabriel.

A música foi, aliás, a razão que deu origem à SMCS, sediada no edifício do século XVIII que já foi a sede do Hospital da Misericórdia. A sociedade nasceu a partir da banda filarmónica, quando os agrupamentos musicais “Os Amarelos” e “Os Vermelhos” decidiram unir sonoridades e nunca mais deixou de colaborar nas iniciativas culturais da cidade.

Uma história pautada por momentos como a actuação durante a visita do rei D. Carlos a Setúbal. Em 1892 esta visita incluiu ainda a inauguração da estátua do poeta Bocage, no centro da praça que tem o mesmo nome.

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A esta actuação seguiu-se o concerto realizado nas comemorações da mudança de século e o concerto do V Centenário do Tratado de Tordesilhas, ratificado no Convento de Jesus em 1494.

“Mas outros momentos inesquecíveis tiveram a banda como protagonista”, recorda Sérgio Gabriel. “Em 1910 percorreu a cidade em desfile, para assinalar a implantação da República”.

Apesar da forte tradição musical, nas décadas de 60 e 70, a filarmónica da Capricho Setubalense dissolveu-se, devido à falta de músicos. Uma situação que viria a ser revertida em 1977, com a criação da Escola de Música, que resultou num ressurgimento do interesse pela banda.

Um interesse em parte recuperado pelos ensaios de Francisco Veiga, que foi seguido pelos maestros Ferrer Trindade e José Eduardo Ferreira.

Mestre Azóia

Até há poucas décadas era também nos seus salões que José Rodrigues dos Santos, reconhecido como Mestre Azóia, compunha famosas revistas à portuguesa, que durante vários anos foram levadas a cena, marcando uma época em que a Capricho se destacava pelo sucesso das suas produções., tendo inclusivamente levado à cena no Parque Mayer a revista “O Zé aguenta a parada” em meados dos anos 70.

 

Novos estatutos   “A música será sempre a nossa missão”

Primeira formação da Banda Filarmónica Capricho Setubalense, em 1867

Para alcançar a aprovação do Estatuto de Utilidade Pública, ao qual a Capricho se pretende candidatar em 2020, foi necessário renovar os estatutos gerais, explica Sérgio Gabriel, presidente da direcção da Sociedade Musical Capricho Setubalense. Um novo documento através do qual a música é preservada como actividade principal, em particular a manutenção da sua banda filarmónica e de uma escola de música. “Até porque as primeiras linhas do documento são dedicadas a ela”.

Os estatutos da Capricho eram “muito antigos, datados do início do século XX e completamente desactualizados”. O que impedia a sociedade de avançar para outros patamares, apesar da idade e trabalho desenvolvido, “enquanto única filarmónica da cidade”, afirma Sérgio Gabriel.

Mudanças que serão a chave da continuidade. “Porque face a uma crise como a actual, a sociedade terá como sobreviver, podendo alcançar outros apoios do Estado, das empresas e de particulares”.

 

B.I.
Nome: Sociedade Musical Capricho Setubalense
Localidade: Setúbal
Data de fundação: 1867, 153 anos
Principais actividades: Banda Filarmónica, Escola de Música, Núcleo de Damas e Xadrez, promoção de eventos musicais
Actual presidente: Sérgio Gabriel

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