Presidente da Câmara considera que governo socialista “nunca foi sensível” à construção de uma via alternativa
De um “aproveitamento político inqualificável” e “profundamente lamentável”, foram estas as palavras usadas por André Martins, presidente da Câmara Municipal de Setúbal, para descrever a moção apresentada pelo Partido Socialista (PS) sobre a Estrada da Mitrena, na última reunião pública.
Numa conferência de Imprensa, que teve lugar nos Paços do Concelho na sexta-feira, o edil setubalense apontou que o partido rosa “nunca esteve preocupado, nem nunca fez nenhuma intervenção”. No entender do autarca, o governo do Partido Socialista podia ter intervindo ao longo de tantos anos, mas os vereadores socialistas “nunca abriram a boca sobre este ponto”.
Para André Martins “o governo do PS nunca foi sensível” à questão de se construir uma via alternativa, tendo sido a autarquia que sempre a reivindicou. Na conferência, o autarca salientou que este é um “assunto extremamente importante” para o município e para Portugal, porque “a península da Mitrena concentra uma capacidade industrial de extrema importância para o desenvolvimento económico” de Setúbal e do País. No entender do autarca é “lamentável que os sucessivos governos e os sucessivos responsáveis pela IP – Infraestruturas de Portugal nunca tenham assumido responsabilidades nesta matéria”. “Quem esteve preocupado ao longo de mais de 15 anos sobre esta matéria foi a Câmara Municipal, o executivo da Câmara Municipal e as empresas”, afirmou.
André Martins adiantou ainda que aguarda por uma visita a Setúbal prometida pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, para sensibilizar o governante para a necessidade de se construir uma via alternativa à estrada da Mitrena, que continua a ser a única via de acesso a dezenas de empresas daquela zona industrial.
Projecto inicial tinha custo de seis milhões de euros
O autarca recordou que no início do mandato de 2021 a autarquia foi informada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT) de que havia dois milhões de euros disponíveis para a obra, mas como o seu valor seria superior a cinco milhões de euros, e tendo em conta a sua urgência, foi feita uma alteração ao projecto, reduzindo o valor da intervenção.
Nesse sentido, para garantir a execução da obra, a autarquia contraiu um empréstimo bancário de 1,5 milhões de euros, tendo posteriormente conseguido junto do Governo o compromisso de financiamento de mais dois milhões de euros, que, segundo o autarca, ainda não foram recebidos por o procedimento burocrático ainda estar a decorrer.
Relativamente às obras na Estrada da Mitrena, iniciadas em Outubro de 2023, o edil explicou que estas sofreram alguns atrasos, mas que já foram concluídas no passado mês de Dezembro de 2024, faltando apenas a sinalética e os trabalhos de pintura, sendo que estas deverão ser realizados logo que as condições atmosféricas o permitam.
A requalificação da estrada da Mitrena, que tinha um projecto inicial na ordem dos 6 milhões de euros, foi adjudicada pela Câmara de Setúbal por 3,9 milhões de euros, no final de 2023, mas, segundo admitiu hoje o presidente da Câmara de Setúbal, o custo final da obra deverá ser superior a 4,4 milhões de euros.