Os desenhos que trazem os nomes maiores dos cartoons a Setúbal há uma década estão de regresso e à vista de quem quiser nos próximos dois meses. Também é possível e fácil falar com os artistas
A Casa da Cultura, em Setúbal, completou 12 anos este sábado com uma celebração, que incluiu jazz e bolo de aniversário, e com um colorido muito adequado a um espaço de exposições; a inauguração das duas principais mostras da 10.ª Festa da Ilustração, que abriu oficialmente neste mesmo dia.
As exposições dos dois convidados principais da edição deste ano da Festa da Ilustração, que, como referiu o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, já é “uma referência incontornável, nacional e internacional”, estão patentes até 24 de Novembro.
A convidada nacional, Catarina Sobral, que é também a vencedora do Prémio Nacional de Ilustração deste ano, criou a exposição ‘Lapso’, titulo que, segundo explicou, tem o duplo sentido de fração de tempo e de engano. O tempo é o do “percurso de vida de uma ilustração”, já o erro reporta-se à dimensão e natureza humanas. “Não tenho nada para expor, então juntei estes rascunhos e chamei-lhes lapso, para parecer inteligente”, brincou Catarina Sobral perante as muitas dezenas de pessoas que estiveram na inauguração, este sábado.
Uns minutos antes já José Teófilo Duarte – curador da festa juntamente com Ana Nogueira e Jorge Silva – tinha dito que ‘Lapso’ é um “título fantástico” e que a décima edição do certame que faz de Setúbal a capital da ilustração tem a “sobrecarga” de apresentar como convidada portuguesa a vencedora do prémio nacional. O artista ressalvou, no entanto, que o convite a Catarina Sobral foi anterior à atribuição do galardão.
O convidado estrangeiro para vir a Setúbal, este ano, é Ca Teter, vencedor do Prémio Nacional de Ilustração do Uruguai, que expõe na sala ao lado, também na Casa da Cultura.
Em jeito de apresentação desta décima edição, Teófilo Duarte destacou alguns aspectos do programa deste ano, que decorre até final do ano, com várias exposições, de dez ilustradores, workshops, várias “conversas ilustradas” com artistas e a possibilidade de visitas guiadas, com os autores e curadores, mediante marcação. O grosso das iniciativas é em Outubro e Novembro, mas há duas exposições que se prolongam até Dezembro.
O curador destacou duas iniciativas; a reposição da exposição dedicada a José Afonso, com as capas dos discos, que mostra a imagem na obra do cantor, intitulada ‘A presença das formigas’ (para ver no Museu de setúbal, no Convento de Jesus a partir de sexta-feira e até 29 de Dezembro), e a homenagem a Sebastião da Gama “de outra maneira” que a Festa da Ilustração decidiu fazer este ano. Teófilo Duarte refere que a homenagem passa por uma exposição colectiva na Biblioteca de Azeitão (a partir de quinta-feira e até 31 de Outubro) e uma conversa, entre Fátima Ribeiro de Medeiros, Ana Nogueira e Teófilo Duarte, dia 19 de Outubro na Biblioteca Municipal de Setúbal. A exposição e a conversa tem o mesmo mote: ‘Poética da Educação em Sebastião da Gama’.
Em jeito de balanço de dez anos, Teófilo Duarte recordou que a Festa da Ilustração já trouxe a Setúbal os “maiores nomes nacionais” dos cartoons – e trouxe também alguns dos mais conhecidos internacionalmente – e defendeu esta arte como uma das maiores. “A Ilustração é grande arte, porque tem atitude, tem opinião e intervenção. Está provado que a Ilustração é a melhor opinião que há. É a grande arte que nos faz descer à terra.”, disse o mentor deste certame que projecta Setúbal no meio artístico há uma década.
Tanto o vereador da Cultura, Pedro Pina, como o presidente da Câmara de Setúbal, André Martins, que estiveram presentes na abertura, caucionam a importância desta festa na programação cultural do concelho. Além do estatuto que conquistou em dez anos, como “referência incontornável” em Portugal e não só, André Martins diz que a Festa da Ilustração “continua a crescer e a inspirar os artistas e o público”.
Além dos convidados nacional e estrangeiro, os outros ilustradores patentes na edição deste ano são Nuno Saraiva, Cristina Sampaio, André Letria, Marta Madureira, João Fazenda, Madalena Matoso, André da Loba, António Jorge Gonçalves e André Carrilho.
Casa da Cultura: 12 anos de mais cultura e dinâmica no centro histórico
Os doze anos de vida da Casa da Cultura, que foram celebrados com jazz, da Escola da Capricho Setubalense, bolo e moscatel, correspondem a um período de “produção e programação cultura” que contribuiu para dinamizar o centro histórico da cidade e a baixa comercial. A conclusão é do presidente da câmara, que recordou que a decisão de transformar o antigo edifício do Circulo Cultural na moderna Casa da Cultura foi tomada em 2008 quando, “vivíamos um tempo muito difícil aqui em Setúbal e a nível mundial, em que tínhamos a crise a reflectir-se na baixa setubalense”. O autarca afirma que a Casa da Cultura veio criar mais dinâmica na zona central da cidade e que a actividade cultural que proporciona é “reconhecida por todos”.
O vereador da Cultura, Pedro Pina, considerou que o edifício foi “em bom tempo, requalificado e devolvido à cidade” e aproveitou ara destacar e agradecer aos responsáveis e outros funcionários municipais ligados ao funcionamento da Casa da Cultura. O espaço tem como entidades residentes a Associação José Afonso, a Associação de Artistas Plásticos de Setúbal, o Centro de Estudos Bocagianos e a Sociedade Musical Capricho Setubalense. Colectividades a quem o presidente da autarquia, André Martins, também agradeceu, dizendo que é com elas que “temos feitos o trabalho” que este equipamento municipal desenvolveu nos últimos 12 anos.