8 Maio 2024, Quarta-feira

Funcionários do Vitória acusam Carlos Silva de ser “mentiroso” e “incoerente”

Funcionários do Vitória acusam Carlos Silva de ser “mentiroso” e “incoerente”

Funcionários do Vitória acusam Carlos Silva de ser “mentiroso” e “incoerente”

Dispensados de funções e sem salários há dois meses, trabalhadores do bingo querem “esclarecer a verdade” e receber aquilo a que “têm direito”

 

Sem receber os salários de Dezembro e Janeiro, juntamente com o subsídio de Natal, os funcionários do bingo do Vitória FC estão revoltados com a situação, mas a maior “raiva” sentida é na direcção de Carlos Silva, presidente do emblema sadino. Cláudia Crespim, caixa auxiliar volante, e Jefferson Serra, adjunto do chefe de sala, deram a cara pelos 28 funcionários que estão sem receber há dois meses, para “esclarecer a verdade”, acusando o líder do clube de ser “mentiroso” e “incoerente”.

A direcção do Vitória FC encerrou a sala de bingo a 31 de Dezembro de 2023, alegando que as receitas do estabelecimento não eram suficientes para cumprir com os custos de funcionamento. Carlos Silva disse, em entrevista a O SETUBALENSE, que, além dos avultados prejuízos, outras situações de funcionamento da sala de jogo estavam a prejudicar o clube, acrescentando que existiram várias tentativas de alterar essa dinâmica, mas que nunca existiu essa disponibilidade por parte dos representantes sindicais dos trabalhadores.

Os representantes dos trabalhadores garantem que tudo isto é falso, reforçando que Carlos Silva “não pode vir dizer estas mentiras e esperar que ninguém responda”.

Em entrevista a O SETUBALENSE, Cláudia Crespim e Jefferson Serra, com 22 e 35 anos enquanto funcionários, respectivamente, explicam que a decisão de fechar foi transmitida aos trabalhadores a 28 de Dezembro de 2023. “O presidente chegou lá e disse que o bingo estava a ter prejuízo e que não se conseguia manter aberto. Apresentou-se com duas folhas na mão e esta foi a única justificação que nos deu”, esclarecem.

No documento entregue pelo presidente, a que O SETUBALENSE teve acesso, o Vitória informa que a sala de bingo, por “não ser viável económica e financeiramente”, iria encerrar “definitivamente a sua actividade no dia 31/12/2023”.

No mesmo papel, informa que os funcionários do clube sadino estão “dispensados de se apresentar ao serviço a partir do dia 1/1/2024”.

Jefferson explica que precisa de 60 dias de pré-aviso, porque trabalha há 35 anos. “Isto não existiu”, sublinha, acrescentando que o documento de mútuo acordo tem de ser entregue com antecedência, para ser negociado. “Para se ter noção da falta de profissionalismo, apresentaram-me um acordo com o meu nome, mas a dizer que estou desde 2009, quando eu entrei em 1989”.

Situação está no Ministério do Trabalho

O funcionário esclarece que, em 2021, juntamente com outros colegas do sindicato, se reuniu com o presidente, tendo nessa reunião explicado “tudo o que se passava” na sala do bingo.

Nesse encontro Jefferson diz ter apresentado nomes de pessoas que “fariam um bom trabalho” a gerir a sala, mas “o presidente colocou Hugo Pinto como director da sala”, afirma.

“Desde 2021, Hugo Pinto nunca apareceu para saber como é que nós estávamos a funcionar”, sublinha o trabalhador.

Carlos Silva afirmou que é “uma situação de mau funcionamento”. “Isto já existia antes de ele chegar, se ele não concordava porque é que nunca quis mudar nada?”, questionou Cláudia Crespim, reforçando que “os horários eram aprovados pelo Hugo Pinto, escolhido pelo presidente como director de sala”.

 

Presidente colocou em causa forma de trabalhar

“Diz que nós trabalhávamos 15 dias e recebíamos um mês e que eles tiveram várias tentativas de apresentar uma reestruturação e que os representantes não aceitavam. Isto é tudo mentira”, asseguram os representantes.

“Dizem que fizemos o horário sem ninguém saber, o que mais uma vez, não é verdade”, diz Jefferson, explicando que quando se faz o horário, o mesmo é enviado para o chefe de sala, para ser depois enviado para o director, no caso Hugo Pinto.

“Trabalhávamos 4 dias e folgávamos 4 dias, com oito horas de trabalho, e no fim-de-semana, mesmo que tivéssemos de folga, trabalhávamos mais umas horas para compensar”, elucidam.

“Quando Carlos Silva diz que trabalhamos 15 dias e recebemos um mês de ordenados, dá a entender que trabalhamos menos, mas a carga horária é igual. Só mente”.

 

Declaração de intenção de despedimento colectivo negada

Os funcionários garantem que pediram uma declaração de intenção de despedimento colectivo, para que pudessem procurar trabalho, mas “até agora nada”.

Explicam ainda que já foi garantido por várias pessoas que o Plano Especial de Revitalização (PER) não é impedimento de ser passada a declaração aos trabalhadores.

“Eles não podem fazer o despedimento colectivo por causa do PER, tudo correcto, mas podem passar a declaração de intenção de despedimento colectivo, no qual os trabalhadores podem procurar trabalho”.

Cláudia Crespim assegura que a “raiva e a dor” sentida não é com o Vitória FC, explicando que no dia da manifestação o filho foi ver o jogo e teve “todo o gosto” em pagar o bilhete. “A nossa raiva é com o presidente, com a pessoa e não com o clube”, rematou.

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