20 Maio 2024, Segunda-feira

- PUB -
Cardeal Américo Aguiar toma hoje posse como bispo de Setúbal

Cardeal Américo Aguiar toma hoje posse como bispo de Setúbal

Cardeal Américo Aguiar toma hoje posse como bispo de Setúbal

Cerimónia de tomada de posse esta marcada para hoje, pelas 18h00, na Sé de Setúbal

 

O cardeal Américo Aguiar, até agora bispo auxiliar de Lisboa, toma hoje posse como quarto bispo de Setúbal, 48 anos exactos depois da ordenação episcopal do primeiro titular desta diocese, Manuel Martins, seu conterrâneo de Leça do Balio.

- PUB -

Américo Aguiar toma posse na Sé de Setúbal, às 18h00, numa cerimónia que não será seguida de missa, estando essa reservada para a entrada solene na diocese, marcada para o próximo domingo, também na Sé, às 16h30.

Quando foi conhecida a nomeação para Setúbal, o bispo Américo Aguiar afirmou-se “contente, feliz e animado”.

“Estou contente, estou feliz, estou animado. Nem todos os portugueses têm de ir para fora do país para concretizar a sua vocação, não é? Portanto, estou muito feliz por poder corresponder e sinto verdadeiramente a mão de Deus nesta nomeação do Papa Francisco. É a minha cara”, disse na ocasião, em entrevista conjunta à agência Lusa e à agência Ecclesia.

- PUB -

Para o até agora bispo auxiliar de Lisboa, os pontos de coincidência de percursos entre ele e Manuel Martins são muitos e fazem com que sinta “as mãos de Deus” a trabalhar nesta nomeação.

“Há 48 anos, não sei quando é que foi o dia, mas no Verão de 1975, era anunciado o primeiro bispo de Setúbal. E era um jovem de 48 anos, eu agora tenho 49. Um jovem de Leça do Balio, de onde também eu sou. Um jovem que era Vigário-Geral do Porto, que eu fui. Um jovem que foi responsável da Irmandade dos Clérigos, que eu também fui. Um jovem que ganhou a fama de “bispo vermelho”, que agora também sou em razão das vestes cardinalícias”, recordou Américo Aguiar, sublinhando as coincidências.

 

- PUB -

Américo Aguiar segue passos do conterrâneo Manuel Martins

O novo bispo de Setúbal, Américo Aguiar, que hoje toma posse na Sé local, é oriundo da terra natal do primeiro titular daquela diocese, o bispo Manuel Martins, que ali esteve entre 1975 e 1998.

Ambos de Leça do Balio, Matosinhos, têm outros pontos em comum no seu percurso – como o facto de terem exercido o cargo de Vigário-Geral na diocese do Porto ou liderado a Irmandade dos Clérigos -, e o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 não esconde a admiração pelo seu conterrâneo que, em Setúbal, viveu os tempos conturbados do pós-Verão Quente de 1975.

Américo Aguiar, que no passado dia 30 de Setembro foi, em Roma, elevado a cardeal pelo Papa Francisco, chegou a ser um dos nomes mais badalados nos últimos meses para liderar o Patriarcado de Lisboa, mas o escolhido para substituto do cardeal Manuel Clemente acabou por ser o até então bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, Rui Valério, que entrou na nova diocese no início de Setembro.

Debaixo dos holofotes nos últimos anos, devido ao papel que teve na liderança da equipa responsável pela organização da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, Américo Aguiar é, desde há muito, um homem habituado a estar sob escrutínio.

Nascido em 12 de Dezembro de 1973, em Leça do Balio, Matosinhos, no seio de uma família com pouca ligação à Igreja, Américo Aguiar entrou criança para os escuteiros, movimento que o entronizou na Igreja.

A política também fez parte do seu percurso, tendo chegado a ser deputado municipal em Matosinhos e militante do PS. Narciso Miranda, pela mão de quem o prelado entrou na política, não esconde a admiração por Américo Aguiar e não tem dúvidas: “A política ficou a perder, a Igreja a ganhar”.

Entrou no seminário aos 22 anos e foi ordenado padre em 2001.

Foi pároco de S. Pedro de Azevedo (Campanhã), notário da Cúria Diocesana do Porto, chefe do gabinete de informação e comunicação da diocese do Porto, Vigário-Geral e chefe de gabinete dos bispos Armindo Lopes Coelho, Manuel Clemente e António Francisco dos Santos quando estes ocuparam o cargo de titulares da diocese nortenha.

Exerceu ainda as funções de capelão-mor da Misericórdia do Porto e de vice-reitor do Santuário Diocesano de Santa Rita, em Ermesinde. Foi também pároco da Sé do Porto.

Entre 2011 e 2020, presidiu à direcção da Irmandade dos Clérigos, sendo o padre Américo – como é normalmente conhecido no Porto, apesar de ser bispo há alguns anos – considerada a figura de referência na recuperação e restauro da Torre dos Clérigos.

Homem ligado à comunicação – é autor do livro “Um Padre na Aldeia Glob@l” -, foi presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia, tendo passado também pela direcção nacional do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, órgão da Conferência Episcopal Portuguesa. Foi, ainda, director do jornal A Voz da Verdade, do Patriarcado de Lisboa.

Nomeado bispo auxiliar de Lisboa em Março de 2019, foi desde esse ano e até Março de 2023, coordenador da Comissão Diocesana para a Protecção de Menores e Pessoas Vulneráveis do Patriarcado de Lisboa.

Tal como outros membros da Igreja, também neste tema não escapou à polémica, quando, em Outubro de 2021, defendeu que uma eventual investigação acerca da pedofilia e dos abusos de menores não poderia ser circunscrita à Igreja Católica, alegando que o flagelo não poderia ser combatido com uma “omissão em relação a todos os outros agentes envolvidos”, pois trata-se de um “crime transversal” à sociedade.

Outra polémica, viveu-a já este ano, quando os custos inicialmente previstos para o alta-palco do Parque Tejo, onde decorreu a vigília e a missa final da Jornada da Juventude, vieram a público. Depois de grandes discussões, o custo foi reduzido de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões.

E a menos de um mês da abertura da JMJ, ainda foi alvo de novo conjunto de críticas de alguns sectores mais conservadores da Igreja, por ter afirmado que na Jornada não se queria “converter os jovens a Cristo ou à Igreja”.

De sorriso fácil e sempre com uma piada pronta, Américo Aguiar foi ultrapassando estas dificuldades. Obstáculos também o esperam na diocese de Setúbal, onde o seu conterrâneo ficou conhecido como o “bispo vermelho”, pelas posições assumidas em defesa dos mais desfavorecidos, num período pós-revolução.

Sem bispo desde o início de 2022, quando José Ornelas foi nomeado para Leiria-Fátima, Setúbal é uma diocese marcada pelas dificuldades sociais, com o bispo a ser olhado, muitas vezes, como a voz dos mais desfavorecidos.

Sobre a elevação a cardeal, em declarações ao Expresso, admitia que “ninguém sonha ser cardeal, (…) só se não tiver juízo”.

Mas, também repete constantemente: “No dia 08 de Julho de 2001 fui ordenado padre, nesse dia, as minhas vontades ficaram lá. A partir daí, a motivação é Cristo Vivo e eu tenho correspondido àquilo que a Igreja me pede. Sempre que eu estou a terminar qualquer coisa, aparece outra. Portanto, (…) a mala está pronta, o saco-cama está enrolado, o cantil tem água e estou disponível, sou escuteiro, ‘sempre alerta para servir’”.

Menos conhecida é a sua faceta de confrade, desde logo da Confraria das Tripas à Moda do Porto, a que se juntam as confrarias da Cerveja e do Vinho do Porto.

Américo Aguiar, que não esconde que o Benfica foi o seu primeiro clube, é hoje Dragão de Honra e de Ouro do Futebol Clube do Porto.

Também a defesa do ambiente foi uma preocupação que demonstrou desde muito jovem, tendo sido fundador, em 1991, da Amileça – Associação dos Amigos do Rio Leça, eco-conselheiro da Câmara Municipal da Maia, entre 1993 e 1995, tendo passado ainda pela presidência da Assembleia Geral da Associação Animal.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -