29 Março 2024, Sexta-feira
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Cientistas querem proibir pesca de sardinha em 2018

Pescadores dizem que parecer é um “insulto. Comissão Europeia recebeu estudo mas ainda não tomou qualquer decisão. Conselho Internacional para a Exploração do Mar defende “capturas zero” em Portugal e Espanha porque o ‘stok’ de sardinha caiu de 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016

A pesca da sardinha deverá ser proibida em 2018 em Portugal e Espanha, face à redução acentuada do ‘stock’ na última década, refere o parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES) hoje divulgado.
“Deve haver zero capturas em 2018”, recomenda o ICES, entidade científica consultada pela Comissão Europeia para dar parecer sobre as possibilidades de pesca, com base nos seus estudos dos ‘stocks’.
Segundo aquele organismo, o ‘stock’ de sardinha tem vindo a decrescer de 106 mil toneladas em 2006 para 22 mil em 2016. Contudo, aponta para vários cenários de capturas, estabelecendo como limite 24.650 toneladas.
O Conselho Internacional para a Exploração do Mar reconhece que a avaliação do desenvolvimento do ‘stock’ “é ligeiramente mais pessimista” do que as anteriores, pela estimativa de decréscimo.
Por um lado, sustenta, tanto o recrutamento, como a biomassa existente atingem o “nível histórico mais baixo”, motivo pelo qual Portugal e Espanha, no plano de gestão do ‘stock’, deverão ir além de uma “gestão precaucionária” e constatar que os recursos estão abaixo do Rendimento Máximo Sustentável (MSY).
Já em 2016, o organismo científico recomendava que Portugal devia parar por completo a pesca da sardinha durante um período mínimo de 15 anos para que o ‘stock’ de sardinha regresse a níveis aceitáveis.
Na sequência do parecer, a Comissão Europeia esclareceu que Bruxelas não tomou qualquer decisão sobre a pesca da sardinha.
Portugal e Espanha rejeitaram o cenário de proibição de pesca da sardinha, e acordaram, no respectivo plano de gestão, fixar em 23 mil toneladas o limite de capturas anual.
Portugal divide a quota de pesca de sardinha com Espanha, autorizada a pescar o restante do limite de 17 mil toneladas.
Portugal adoptou um modelo de gestão da pesca de sardinha participado pelo sector, com uma comissão de acompanhamento com pescadores, cientistas, industriais de conservas, comerciantes, representantes sindicais e Organizações Não Governamentais (ONG), além de ser concertado com Espanha.
As medidas de gestão incluíram limites de captura diários, mensais e semestrais e períodos alargados de defeso. Em paralelo, o Governo decidiu reforçar as campanhas científicas desenvolvidas pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), destinadas a recolher informação sobre o estado dos ‘stocks’.

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Pescadores dizem que parecer é um “insulto”

A recomendação científica de suspender por completo a pesca da sardinha em 2018 “é um insulto aos sacrifícios que os pescadores fizeram para melhorar o ‘stock'” defendeu hoje a Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco.
A recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), hoje divulgada, “é radical e é um insulto a todos os pescadores portugueses que, nos últimos quatro anos, têm realizado grandes sacrifícios para assegurar a melhoria do estado do ‘stock’ da sardinha em portuguesas”, afirmou o presidente da associação, Humberto Jorge, à agência Lusa.
Segundo a Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP Cerco), a recomendação do ICES não tem em conta os dados de aumento do recurso nos últimos dois anos e “está em total contradição com a percepção dos pescadores de que a abundância de sardinha nas nossas águas é muito mais significativa que a que observaram nos últimos anos”.
Perante as várias hipóteses de captura até 24.650 toneladas apontadas pelo ICES, a associação representativa da frota do cerco está disponível para vir a “encontrar uma solução que não comprometa os recursos, mas sem levar à letra a recomendação de pesca zero”.
“Acreditamos que até às quase 25 mil toneladas o recurso continua a crescer 4,5%, o que não nos parece mal”, justificou Humberto Jorge.
O presidente da ANOP Cerco pediu à ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, e ao secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, “que se empenhem” nas negociações com Espanha para encontrarem um limite de capturas para 2018 que permita pescar sardinha.

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