Candidato pelo Chega à Câmara de Sesimbra, Nuno Gabriel diz que a gestão da CDU, que governa o concelho, é mais palavras do que trabalho
Reeleito deputado à Assembleia da República, a 18 de Maio, pelo Chega, Nuno Gabriel, 47 anos, licenciado em Direito, assume o desafio de se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Sesimbra, um concelho onde reside e do qual afirma conhecer bem a realidade.
Presidente da Comissão Política Distrital do Chega Setúbal, garante que, se for eleito, Sesimbra será um concelho mais seguro, tanto na parte urbana como nas praias. Na área da saúde, afirma tudo fazer pela construção do Hospital do Seixal, uma unidade que também irá servir a população de Sesimbra, e insiste que têm de ser construídos mais centros de saúde.
Defende a construção de escolas e mais habitação e, do ponto de vista da economia, pugna por um turismo regulado, mas, essencialmente, quer dar mais segurança aos pescadores que não podem estar dependentes do clima para conseguirem trabalhar, por isso diz que, ao ser eleito, irá “dotar uma parte do orçamento da Câmara” para amenizar as dificuldades da pesca. “Não basta dizer que Sesimbra é uma vila piscatória, é preciso valorizar os pescadores. Isso é uma promessa que aqui deixo e que cumprirei”, afirma.
O que o move para se candidatar à presidência da Câmara Municipal de Sesimbra?
Move-me o amor a Sesimbra e às suas gentes, trabalhei muitos anos em Sesimbra, sou residente no concelho e conheço bem a realidade de Sesimbra. Move-me saber que o meu programa e a minha equipa são a resposta que melhor serve a todos os que vivem no concelho e é por acreditar nisso que me candidato, venho para servir e não para me servir.
Nem tudo está mal feito, sejamos intelectualmente honestos, mas há muita coisa que podia ser diferente para melhor e é isso que vou fazer, aproveitar o que está bem e melhorar o que pode ser melhorado.
Por exemplo, não vou permitir que as nossas praias se tornem inseguras e mal frequentadas como pudemos ver o ano passado, quero que as nossas praias continuem a ser praias de referência como sempre foram e começarei a trabalhar nisso no primeiro dia após tomar posse.
Nas autárquicas de 2021, o partido Chega foi a terceira força política mais votada em Sesimbra, tendo elegido um vereador contra três do PS e outros três da CDU que gere o município. Isso dá-lhe confiança para as autárquicas de 2025?
O que me dá confiança é andar nas ruas em contacto permanente com os munícipes e ouvir o que me dizem, isso é que me dá confiança. Sou uma pessoa simples que gosta de andar na rua e falar com os munícipes, até porque somos eleitos para dar resposta aos problemas das pessoas e isso tem sido esquecido, criando-se um fosso entre os eleitos e quem os elege e comigo será precisamente o contrário, haverá uma ponte e um contacto fácil e célere com os eleitores em vez de um fosso.
Nos últimos 20 anos, o concelho tem sido gerido pela CDU. Que críticas faz a esta governação?
Como referi anteriormente, não faço política a dizer mal por dizer, mas há efectivamente coisas para melhorar. Desde logo vou fazer tudo para que o Hospital do Seixal saia do papel pois também servirá o concelho de Sesimbra, e ter os centros de saúde do concelho com serviço de urgências 24 horas abertas, a saúde é uma linha vermelha para mim. Na habitação tem de existir uma maior celeridade nos licenciamentos para que possa haver mais construção para dar resposta à falta de habitação. Na mobilidade tem de haver um olhar macro sobre a matéria e ter mais carreiras e até mais tarde, tem de haver mais carreiras para a Quinta do Conde, que tem de deixar de ser esquecida e meio abandonada como se não fosse uma freguesia de Sesimbra, mais carreiras para a estação de Coina, mais carreiras para Lisboa e Cacilhas para que quem trabalha longe possa ter transporte. Tem de haver mais policiamento e mais efectivos também, pois quero um município seguro e não vou permitir que a insegurança tome conta do concelho, e postos com todas as condições para as os militares da GNR e com meios também, nomeadamente viaturas.
E como não há ainda uma nova escola secundária na Quinta do Conde? Não se entende que esteja só em projecto passado tantos anos e que tanta falta faz.
No lançamento da sua candidatura à Câmara de Sesimbra, foi referido que o Chega considera prioritário “acabar com a corrupção a nível local”. Como comenta esta afirmação?
No primeiro dia após tomar posse mandarei fazer uma auditoria forense às contas do município e das juntas de freguesia dos últimos dois mandatos. São públicas as notícias de casos de corrupção nas autarquias locais um pouco por todo o País e quero ter a garantia que em Sesimbra não temos esse problema, assim como proporei ou criarei, caso vença as eleições, um gabinete de prevenção da corrupção. Todo o cêntimo é para investir no bem-estar dos munícipes.
Vê com bons olhos a grande atractividade turística do concelho tendo em conta a compatibilidade com a população local?
Os turistas são uma mais-valia para a economia local e nada tenho contra, mas é precisamente a compatibilidade com a população local que tem de ser analisada e garantir que se consegue harmonizar e tudo farei nesse sentido. Mas note-se que na freguesia da Quinta do Conde essa questão não se coloca e na freguesia do Castelo coloca-se menos e quero olhar o concelho como um todo e há uma interligação que pode também nesta matéria ser feita.
Sendo a pesca um dos principais sectores da economia de Sesimbra, o que tem de ser feito pela autarquia em favor das infra-estruturas para esta actividade?
Desde logo, e antes de ir à questão das infra-estruturas, dizer que não é aceitável a enorme diferença de preços entre o valor que o pescador recebe pelo seu pescado e o valor a que este é colocado à venda, é inaceitável e uma injustiça tremenda para quem arrisca a vida quando sai para pescar. O porto de Sesimbra é o segundo a nível nacional em pescado capturado e tem infra-estruturas razoáveis para o efeito, mas e os pescadores quando têm de ficar em terra por causa do mau tempo e não recebem nada? É nisso que me vou focar, temos de meter os pescadores no centro das decisões e ajudá-los nesse sentido, seja em articulação com o governo central ou seja o próprio município a fazê-lo, mas não podemos adiar mais este problema.
Que apoios, também a nível da autarquia, podem e devem ser dados aos pescadores?
Apoios desde logo para quando o mau tempo não permite que vão pescar, porque os pescadores têm despesas fixas e do dia-a-dia como todos nós, portanto não podem ficar reféns do estado do tempo. Se vencer as eleições estarei pessoalmente em estreita ligação com os pescadores e dotarei uma parte do orçamento da Câmara para esse efeito. Não basta dizer que Sesimbra é uma vila piscatória, é preciso valorizar os pescadores. Isso é uma promessa que aqui deixo e que cumprirei.
Actualmente, quais as áreas que carecem de maior investimento municipal?
Muito objectivamente na saúde, no ensino, na habitação, na segurança e na mobilidade.
A gestão CDU tem anunciado investimentos na educação, em equipamentos e reivindicado mais cuidados de saúde para a população. Como avalia este quadro?
O problema do ensino (porque educação dá-se em casa) e o problema de mais cuidados de saúde não são novos e quando a CDU esteve a suportar a geringonça no governo PS nada fez, por isso avalio este quadro no âmbito de mais promessas eleitorais em ano de eleições autárquicas. Ao fazer parte de uma maioria parlamentar, porque não avançou com a construção do Hospital do Seixal e com a construção de uma nova escola secundária na Quinta do Conde? Acho que as pessoas estão fartas de promessas e de políticos de meias-verdades e acredito que vou vencer. Comigo haverá trabalho e dedicação diária e não palavras.
Se for eleito quais as primeiras medidas que pretende tomar para alavancar o concelho de Sesimbra?
Desde logo, em articulação com o governo central, resolver de vez a construção do Hospital do Seixal e ter o serviço de urgências 24 horas aberto em Sesimbra e na Quinta do Conde. Simplificar o licenciamento urbanístico, diligenciar para ter um concelho seguro com mais efectivos e mais policiamento e com os meios adequados e postos dignos, mais carreiras e mais ligações à estação de Coina, a Lisboa e a Cacilhas e até mais tarde, a construção da nova escola secundária da Quinta do Conde, zelar por praias seguras e de referência, realizar uma auditoria forense aos dois últimos mandatos, criação de um gabinete de apoio aos pescadores que bem merecem, reunir com os moradores da Lagoa de Albufeira e resolver de vez os imbróglios que há tanto tempo se arrastam, sejam as AUGIS sejam outros. Vou analisar os projectos de construção urbanística previstos para a Aldeia do Meco, que estão a ser contestados pelos moradores havendo até uma petição pública e analisar até que ponto não se está a descaracterizar a Aldeia do Meco em detrimento do turismo.