Iniciativa tem como objectivo reduzir a proliferação de animais de rua
É no lote 2974 do Conde 3, na Rua Rodrigues Soromenho, terreno municipal no qual está implementado um posto de transformação de electricidade, que vai nascer a primeira colónia de gatos da Quinta do Conde.
A ideia partiu de Liliana Martins, secretária da Junta de Freguesia quintacondense, que sugeriu a criação experimental das bases para uma colónia de felinos silvestres. “Pensei na causa animal, nos animais que não têm um abrigo muitas das vezes e andam nas ruas, sem um sítio onde poder ficar e ter comida e água”, começa por contar.
“Partilhei com o senhor presidente, que abraçou esta causa, e logo começámos a trabalhar. Para além do parque canino de que dispomos, pretendemos agir também junto da população felina com um sítio abrigado e com alimento”, adianta.
De acordo com Vítor Antunes, presidente da junta de freguesia, começaram por realizar uma reunião, para aprofundar o tema, com a médica veterinária municipal, Liliana Carvalho, e com Ana Reina, voluntária com experiência na matéria, “que consideram a iniciativa importante e nos deram desde logo algumas indicações”, e com quem esperam voltar a reunir brevemente.
Neste sentido, a Junta de Freguesia candidatou-se ao programa “Bairro Feliz”, da cadeia de super e hipermercados Pingo Doce, no qual cada loja apoia uma causa que promova um impacto positivo na comunidade onde se insere.
Tendo ainda de passar por várias fases, a divulgação da causa vencedora em cada loja só acontece a 3 de Novembro, mas Vítor Antunes diz que tal “não será impedimento para que o projecto se realize. Independentemente da aprovação da candidatura, pretendemos avançar”.
Carcaças de máquinas de lavar reutilizadas servirão de abrigo
A proposta aponta para a construção de uma pequena cabana para abrigo dos comedouros e de alguns animais no lote, que tem dois sobreiros de porte razoável que acrescentam sombras ao recinto “e podem proporcionar momentos de lazer para os gatos”.
No espaço podem ainda ser colocados abrigos individuais para gatos, com recurso a cerca de nove carcaças de máquina de lavar, devidamente pintadas e decoradas.
“Pretende-se alimentar, fixar num determinado local e esterilizar os animais abandonados, um método que se tem revelado eficaz no controlo de colónias de gatos e de redução das populações felinas silvestres”, explicam.
Neste momento, o espaço precisa de intervenção para limpar o silvado e a Junta de Freguesia propõe que seja feita uma vedação ao espaço para proteger os animais de elementos exteriores que possam constituir ameaça.
“Se conseguirmos que os gatos fiquem no espaço, se se habituarem a estar lá e os conseguirmos depois esterilizar, é um bom caminho para reduzir a proliferação dos animais nas ruas. Não haverá mais ninhadas e a população de gatos irá diminuir com o tempo”, refere Vítor Antunes, para depois acrescentar que “o espaço contará com a presença de um cuidador” e que este é “um projecto piloto que se pode estender a outros locais da Quinta do Conde”.
Este método de actuação denomina-se “Capturar-Esterilizar-Devolver” e tem vindo a ser utilizado para controlar gatos e reduzir as populações felinas silvestres.
O processo envolve a captura dos gatos de uma colónia, a sua esterilização, um pequeno corte na orelha esquerda para fins de identificação, desparasitação e por fim a devolução dos animais ao seu território de origem, onde são alimentados e protegidos por um cuidador.
Sempre que possível os animais adultos dóceis e as crias que ainda estejam em idade de socialização são retirados das colónias e encaminhados para adopção responsável.