Paulo Silva viajou hoje na Transtejo e voltou a ouvir queixas dos utentes sobre a supressão de carreiras
O presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, reuniu-se hoje com o ministro das Infraestruturas e transmitiu-lhe as queixas da população do concelho sobre o “mau serviço da Transtejo”. O que ouviu não lhe agradou. Miguel Pinto Luz admitiu que o problema “não é fácil de resolver”.
“É inadmissível que, esta manhã, no Seixal, das oito carreiras do horário da Transtejo, quatro tenham sido suprimidas”. O protesto veio do presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, que às 7h30 de hoje esteve no cais da Transtejo no Seixal, acompanhado da presidente da Junta da União de Freguesia do Seixal, Arrentela e Aldeia de Paio Pires, Maria João Costa, para observar in loco as razões das queixas dos utentes que usam o barco nos movimentos pendulares entre o concelho e Lisboa.
Às 9h15 o autarca viajou no barco até Lisboa para reunir com o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, a quem deu conta das queixas dos munícipes utentes da Transtejo. “As pessoas têm um horário de entrada no trabalho a cumprir, e não podem estar na dúvida se as carreiras são suprimidas. Acabam por ter de usar outros transportes, como o comboio da Fertagus que também tem registado problemas, como verifiquei na passada segunda-feira”. Outra hipótese é a viatura própria que, com as filas na Ponte 25 de Abril, acaba por demorar mais tempo de viagem, isto quando a travessia do Tejo, entre o Seixal e Lisboa, ronda os 15 minutos.
O certo é que as pessoas estarão a desistir da travessia fluvial. Contou o presidente que, das três carreiras que observou, “duas delas não tinham mais do que 70% de passageiros e a outra [na que viajou], eram cerca de 40% os passageiros”.
E nem mesmo o facto da Câmara Municipal ter colocar o parque de estacionamento da Transtejo gratuito, para “incentivar o uso do transporte fluvial”, a população tem aderido a esta travessia. “Não podem confiar num serviço com horários a serem constantemente suprimidos”, reforça.
Para Paulo Silva o problema começou quando se “embarcou na aventura dos barcos eléctricos”, isto porque desde o início da operação surgiram problemas com as baterias eléctricas. O que tem sido transmitido pela administração da Transtejo Soflusa em reuniões com o autarca é que “ainda é preciso fazer mais testes sobre os navios eléctricos”, resposta que não vê com bons olhos; “os utentes do Seixal sofrem todos os dias com os problemas deste transporte”, sublinha.
O que tem ouvido da administração da concessionária do transporte fluvial é que “não existe solução à vista”. Com o problema “grave” do carregamento das baterias dos barcos, a “serem muito lentos”, dos “dez barcos que já deviam ter sido entregues à empresa, chegaram cinco e a empresa não quer receber os restantes enquanto o problema não estiver resolvido. E nisso estou de acordo”, afirma Paulo Silva.
A dificuldade de resolver este problema foi também transmitida na reunião de hoje, no Conselho Metropolitano de Lisboa, por Paulo Silva a Miguel Pinto Luz. “O problema não é nada fácil de resolver”, foi a resposta o ministro das Infraestruturas.
Para o presidente da Câmara do Seixal uma solução possível seria haver, “em determinadas horas do dia, uma partilha de embarcações entre o Seixal e o Barreiro, dada a proximidade das duas estações, mas pode surgir aqui uma dificuldade; “no âmbito do contrato de financiamento dos barcos eléctricos, aqueles barcos não podem circular porque, quando se recebe um barco eléctrico, tem de se imobilizar um barco a gasóleo”.
Contudo, curiosamente, parte das baterias eléctricas estão a ser “carregadas com recurso a gasóleo. O que é um contra censo. Está-se a poluir na mesma”, comenta Paulo Silva que insiste: “Uma solução tem de haver, a população do Seixal não pode continuar a ser penalizada com o mau serviço fluvial”.