Produtores pecuários protestam em Santiago do Cacém e pedem apoios contra língua azul

Produtores pecuários protestam em Santiago do Cacém e pedem apoios contra língua azul

Produtores pecuários protestam em Santiago do Cacém e pedem apoios contra língua azul

Produtor pecuário tem “46 ovelhas mortas” e “perto de 400 doentes”, num rebanho de cerca de 700 efectivos

Várias dezenas de produtores e agricultores do Litoral Alentejano protestaram esta quinta-feira, em Santiago do Cacém, para exigir do Governo apoios no combate à doença da língua azul, que está também a afectar rebanhos nessa zona.

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“O principal problema é a falta de apoio, porque as doenças aparecem, há que preveni-las antes e as [autoridades] deviam estar atentas. Recebem informações da União Europeia sobre o vírus para se poderem prevenir”, criticou à agência Lusa Arménio Pinela, produtor de ovinos há mais 20 anos.

Com “46 ovelhas mortas” e “perto de 400 doentes”, num rebanho de cerca de 700 efectivos, o produtor pecuário, que tem uma exploração em São Domingos, no concelho de Santiago do Cacém, queixou-se da falta de vacinas.

“Ninguém consegue explicar nada de concreto. Ouvimos dizer que afinal há vacinas, que não foram requisitadas, e não sabemos onde está a verdade”, afirmou Arménio, acrescentando que espera enterrar “vinte e poucos” animais.

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Também Maria Odília Matos, produtora de ovinos na freguesia de Abela, igualmente no interior do concelho de Santiago do Cacém, disse que aguarda a vacinação das suas 200 ovelhas.

“Fui fazer o requerimento e pagar as vacinas para o meu rebanho de ovelhas”, relatou à Lusa.

A vacina “demora os seus dias até chegar e, depois, quando chegar, se as minhas ovelhas tiverem a língua azul já não podem ser vacinadas, mas já paguei a totalidade, ou seja 550 euros”, lamentou.

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José Francisco, que gere uma exploração com mais de 300 ovelhas, no concelho de Odemira, um dos mais afectados pelo novo serotipo da febre catarral ovina (FCO), mais conhecida como doença da língua azul, também se juntou ao protesto de hoje, ainda que se mostre resignado com a situação.

“Assim que os animais foram afectados, fui logo à ADS [Agrupamento de Defesa Sanitária], mas ninguém chega ao pé de ninguém, estive sempre sozinho”, lamentou.

Neste protesto, que contou com cerca de 50 produtores e agricultores de todo o litoral alentejano, esteve ainda presente o deputado do Chega Pedro Frazão, que lamentou a falta de respostas do Governo para combater a doença.

“Este surto está a preocupar toda a nação, parece que só não está a preocupar as autoridades e quem está na tutela”, criticou.

Em declarações aos jornalistas, o parlamentar ironizou: “Pelos vistos, na perspectiva do ministro [da Agricultura] e do secretário de Estado, tudo está a ser feito, mas, quando chegamos aqui ao terreno, o que ouvimos é precisamente o contrário”.

Nesta contestação pacífica, que durou cerca de duas horas, e à qual se seguiu uma visita a explorações com efectivos afectados pelo serotipo 3 da doença da língua azul, foi aprovada uma moção que será enviada ao Presidente da República, primeiro-ministro, ministro da Agricultura, presidente da Assembleia da República e grupos parlamentares.

No documento, os produtores de gado ovino e bovino, assim como a população, apelam à tomada de medidas de profilaxia e de terapêutica da doença e defendem que haja compensação económica para as explorações afectadas.

É reclamado que as vacinas, já aprovadas pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária, “cheguem em tempo útil às explorações ainda não afectadas”, que o seu preço “seja comparticipado” e que sejam “disponibilizados produtos de desinsetização e de biossegurança”.

Os subscritores da moção exigem ainda que explorações infectadas sejam alvo de avaliação técnica e que exista uma comparticipação terapêutica, pagamento imediato da compensação por cabeça perdida e por cada aborto de animais.

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