Movimento, apoiado pelo PS, PSD/CDS-PP e IL, alcançou “os objetivos a que se propôs” e, agora, pretende protagonizar uma mudança
O presidente eleito da Câmara de Santiago do Cacém, Bruno Gonçalves Pereira, considerou a vitória do movimento de cidadãos um “verdadeiro 25 de abril” ao destronar a CDU, que liderava este concelho há 50 anos.
“Esta vitória representa, de certa forma, o verdadeiro ‘25 de abril’ em Santiago do Cacém”, congratulou-se Bruno Gonçalves Pereira, que foi o cabeça de lista do movimento STC – Somos Todos Cidadãos, nas eleições autárquicas realizadas no domingo.
O movimento, apoiado pelo PS, PSD/CDS-PP e IL, alcançou “os objetivos a que se propôs” e, agora, pretende protagonizar uma mudança na “atitude que a câmara tem perante as pessoas e o território” de Santiago do Cacém, frisou.
“Vamos começar a orientar o nosso trabalho, queremos cumprir aquilo que é o nosso programa em todas as freguesias, mesmo naquelas onde não vencemos”, afiançou à agência Lusa.
Bruno Gonçalves Pereira assumiu que vai começar a trabalhar “na questão da habitação” e dar “prioridade à área da cultura e às vias de comunicação”, quer às estradas, quer ao setor da cobertura de internet e móvel.
“Antes disso, vamos retirar todos os cartazes que, a partir do momento em que terminam as eleições, são considerados poluição visual”, garantiu.
Além da intenção de “afinar a máquina” camarária com mais de “700 funcionários, várias divisões e equipamentos espalhados pelo território”, o movimento quer construir habitação em todo o concelho.
“A aposta maior será em Vila Nova de Santo André, onde há terrenos camarários e onde podemos avançar mais rapidamente, ainda que por fases. Mas, pelo concelho todo vai ter de haver habitação e, para isso, vamos falar com os particulares, com o Estado Central e fazer um levantamento de imóveis devolutos da câmara e do Estado”, assumiu.
O STC, que se apresentou pela primeira vez a eleições, alcançou a vitória em Santiago do Cacém com 40,34% dos votos e garantiu três dos sete eleitos na câmara, segundo dados do Ministério da Administração Interna (MAI).
Este resultado permitiu destronar a CDU (PCP/PEV) e ‘acabar’ com um dos ‘bastiões’ comunistas no Alentejo.
Este município era governado pela CDU ou por coligações lideradas pelo PCP há quase 50 anos, ou seja, desde as autárquicas de 1976, as primeiras eleições democráticas realizadas após o 25 de Abril.
Nas eleições deste domingo, a CDU obteve 39,67% (também três mandatos), enquanto o Chega, liderado por Cláudia Estêvão, alcançou 11,61% dos votos e conseguiu, pela primeira vez, um cargo de vereação nesta câmara municipal.
Questionado sobre este cenário que não dá a maioria ao movimento, Bruno Gonçalves Pereira admitiu “acordos medida a medida” com a CDU e o Chega, para “servir as pessoas e o território”.
“Estamos abertos a propostas que não contrariem o que pensamos ser ideal para a população e dispostos a apresentar propostas que não sejam rejeitadas pelas duas outras forças políticas”, disse.
Por seu lado, o cabeça de lista da CDU, Vítor Proença, que se recandidatou em Santiago do Cacém – liderou esta autarquia entre 2001 e 2013 – disse entender os resultados eleitorais como o reflexo de “um conjunto de fenómenos” que serão alvo de avaliação pela coligação.
Segundo Vítor Proença, que tem presidido à Câmara de Alcácer do Sal (da qual vai sair após cumprir os três mandatos permitidos por lei), esses fenómenos resultaram de “uma conjugação de esforços entre o PS e o PSD, a que se juntou o CDS-PP e a IL em menor escala”, para “multiplicar esforços” e vencer a CDU.
A CDU vai estar atenta ao trabalho que vai ser desenvolvido pelo movimento e irá assumir a sua “posição na oposição”, alertou Vítor Proença, que, questionado sobre se vai cumprir o mandato enquanto vereador, afirmou apenas ter sido “candidato à presidência da Câmara de Santiago do Cacém”.
Dos 23.916 eleitores inscritos neste concelho, votaram 14.000 (58,54%). Os votos brancos foram 2,28% e os nulos 1,14%, de acordo com os resultados do MAI.