Os serviços municipais de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, no litoral alentejano, estão hoje “quase paralisados”, com 88% a 94% dos trabalhadores em greve, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL).
“Em Alcácer do Sal, 93% dos trabalhadores estão em greve, em Grândola, 88%, em Sines 94% e em Santiago do Cacém, 94%”, disse à agência Lusa o delegado sindical do STAL no litoral alentejano, Ricardo Balona, indicando ainda haver sectores com 100% de paralisação, como é o caso dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU).
No litoral alentejano, apenas a Junta de Freguesia de Melides (Grândola) e a União de Freguesias de São Domingos e Vale de Água (Santiago do Cacém) abriram as portas.
Os edifícios dos Paços do Concelho de Alcácer do Sal e de Grândola estão encerrados, mas em Santiago do Cacém e em Sines, alguns trabalhadores ocuparam os postos de trabalho, após as portas terem sido abertas por vereadores.
Embora a porta principal dos Paços do Concelho de Santiago do Cacém esteja encerrada, há trabalhadores em funções no edifício, que, pelas 09h00, aguardavam a possibilidade de entrar para ocupar os postos de trabalho, o que só foi possível meia hora depois, quando um membro do executivo municipal (CDU) abriu a porta.
Álvaro Beijinha lembra direitos
Contactado pela agência Lusa, o presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, lembrou que “a greve é um direito constitucional”, mas que “naturalmente o direito ao trabalho também o é”.
“A entidade patronal não pode fazer ‘lock out’”, argumentou, manifestando-se “solidário” com o protesto dos trabalhadores e fazendo questão de dizer que os próprios vereadores, por solicitação própria, “não recebem vencimento neste dia”.
Para Ricardo Balona, o facto de um vereador ter aberto a porta do edifício dos Paços do Concelho, o que aconteceu não só em Santiago do Cacém, constitui uma “substituição” do trabalhador que tinha essa função e que “fez greve”.
Com as portas dos edifícios municipais junto aos Paços do Concelho de Santiago do Cacém encerradas, poucos munícipes se deslocaram aos serviços.
Susana Simões queria resolver hoje uma situação relacionada com a “ocupação de via pública”. Viu as portas encerradas, deu meia volta e voltou para trás.
“Sabia que havia greve, vi pela televisão, pelos meios de comunicação, mas tinha expectativa de conseguir tratar hoje”, disse em declarações à agência Lusa, conformada, indicando que volta “outro dia”.
Munícipes às “escuras”
Nas ruas próximas da Câmara Municipal alguns munícipes abordados pela agência Lusa não chegaram a aperceber-se de que havia hoje greve, outros tinham conhecimento do protesto convocado pela Frente Comum de Sindicatos da Função Pública, mas disseram não sentir reflexos directos.
É o caso de Fernanda Martins, advogada, que não procurou hoje quaisquer serviços municipais, mas que, não notou “qualquer diferença” noutros serviços públicos, como “o tribunal, a conservatória e as finanças”, que conseguiu frequentar “normalmente”.
A adesão à greve no segundo turno dos hospitais e nas escolas estava, às 10h00 de hoje, próxima dos 100%, segundo a coordenadora da Frente Comum de sindicatos da Função Pública, Ana Avoila.
Os professores também estão a cumprir uma greve, convocada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof) em defesa dos direitos, das carreiras, da estabilidade e dos salários.
Em causa na greve nacional está a falta de respostas às reivindicações da Frente Comum, como o aumento dos salários na função pública, o descongelamento “imediato” das progressões na carreira e as 35 horas semanais para todos os trabalhadores.
Esta é a terceira greve nacional dos trabalhadores da Administração Pública com o atual Governo e a primeira convocada pela Frente Comum de Sindicatos, segundo a listagem cedida pela estrutura sindical.
A primeira greve com o executivo de António Costa ocorreu em 29 de Janeiro de 2016 e foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos da Administração Pública, assim como a de 26 de Maio deste ano, que teve como objectivo reivindicar aumentos salariais, o descongelamento das carreiras, o pagamento de horas extraordinárias e a redução do horário de trabalho para 35 horas em todos os serviços do Estado.
Lusa