Professor e maestro com lastro no distrito ajudou a montar concerto que incluiu músicos com deficiência mental
A Escola Municipal de Música de Santiago do Cacém foi convidada pela Fundacion de Música Creativa, para uma jornada de formação musical em Madrid, que decorreu no passado fim-de-semana, e o representante foi o professor Fernando Malão, que ajudou a montar um concerto de inclusão. O encontro, que terminou ontem, consistiu numa formação, gratuita, destinada a crianças com necessidades educativas especiais e profissionais de educação musical.
O maestro Fernando Malão, disse ao jornal O SETUBALENSE que levou a Madrid um conceito próprio da escola de Santiago do Cacém, que “assenta na música como um processo de construção criativa, dinâmico e organizado”. Segundo o professor, este modelo permite visualizar a música através da voz, movimento e instrumento”.
“Fui o único representante da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, no entanto, em Espanha esta formação tem uma vasta equipa com professores que trabalham nesta fundação, e detentores de grande experiência e reconhecimento internacional”, explicou Fernando Malão.
“Basicamente, fizemos ateliês de expressão musical e de direção coral”, que terminaram, no último dia, num “concerto de inclusão, com gente com deficiência mental e com pessoas sem qualquer patologia mental”, afirmou. Foi feita uma “construção rápida de canções, de jogos que nos levam às canções e, portanto [foi] uma acção em que se gera o conceito da expressão musical e da música coral”, esclareceu.
A ideia foi “construir, com a professora Cármen Dominguez [da fundação], que é uma profissional madrilena, arquiteta de formação, mas com uma base de formação pedagógica muito completa ao nível da música e ao nível da criatividade, alguém que gere a criatividade com organização” material e faculdades que possibilitassem um concerto.
Segundo Fernando Malão, as actividades decorreram “de forma intensiva”. Depois desta “aprendizagem”, o maestro conclui que aquilo que “une mais” portugueses e espanhóis é a educação feita através da música.
Para o representante da Escola Municipal de Música de Santiago do Cacém, o encontro serviu para “aprender com novas realidades e pôr em prática para outros, um modelo de trabalho” que tem vindo a desenvolver”. A palavra que escolhe para classificar este projecto é “inclusão”. Diz que este adjectivo dispensa mais explicações.
O músico contou ao jornal que não é a primeira vez que está a trabalhar com crianças com necessidades especiais. Trabalhou “diversas vezes de forma pontual com instituições, sobretudo no distrito de Setúbal, ao nível da música coral e na realização de diversas oficinas corais.”
Fernando Malão não é apenas professor de música em Santiago do Cacém. É também maestro do Coral Luísa Todi, em Setúbal. “No distrito tenho estado com regularidade nos concelhos de Alcácer do Sal, Barreiro, Santiago do Cacém, Sines e Setúbal”, informou.
Refere que o projeto pedagógico que tem agora em mãos, intitulado Brinca Com a Música, “tem sido um caminho com várias frentes”, uma vez que engloba “formação para profissionais, oficinas musicais para crianças e famílias e mais recentemente colaborações com o Instituto Politécnico de Setúbal”. O maestro referiu ainda o projeto Contos Com Música, que desenvolve igualmente no distrito. Quanto ao Coral Luísa Todi que, de acordo com o mesmo está a recrutar coralistas, principalmente homens – tenores e baixos – teve folga excecionalmente sexta-feira, devido ao encontro, mas retoma a actividade já amanhã, terça-feira.
É de sublinhar ainda que Escola Municipal de Música de Santiago do Cacém oferece formação gratuita aos jovens do concelho. Conta com classe instrumentais de conjunto, classe de sopros e metais, bem como guitarra clássica e prática de teclado, e ainda expressão musical.
A Fundacion de Música Creativa, protagonista do encontro, sem fins lucrativos, foi criada em 2012. Desde 2015, pertence à Associação Espanhola das Fundações. A intenção é a de promover e disseminar a música em todas as suas facetas. Tem mais de 700 registos de áudio e vídeo, e cerca de 2800 exemplares de livros e partituras.
Por Marta Raimundo
