Completa, este ano, uma década de carreira e conta já com colaborações com grandes artistas nacionais e internacionais
Oriunda de Santiago do Cacém, Aurea é um dos nomes mais marcantes da música em Portugal na actualidade, com um lugar muito próprio, movimentando-se num universo musical riquíssimo, pleno de fortes influências da música soul.
A comemorar oficialmente 10 anos de carreira, Áurea encheu recentemente a mais emblemática sala de concertos de Portugal – o Coliseu de Lisboa – para uma festa memorável e teríamos que falar dela (referência inequívoca no distrito), aqui, em tempo também de aniversário de “O Setubalense”
Mas até chegar á festa dos 10 anos de carreira, muito caminho percorrido e muitas evidências de que a sua vida passava pela música. Reza a história (de Áurea, claro) que já na barriga da mãe, reagia aos sons da guitarra do pai. Os palcos familiares e escolares começaram a ser evidentes locais de realização da pequena Áurea. O projecto de vida apontava para a Psicologia, mas acabaria por ser a formação em Teatro, a servir de trampolim para a música.
Em 2010 uma jovem cantora surgiu descalça a cantar “Okay Alright”, e quase se pode dizer que o País parou para a ouvir. Ainda a surpresa estava no ar, surge “Busy (for me)” que arrasou por completo o panorama musical português. Ainda hoje é um tema absolutamente incontornável em qualquer concerto da cantora.
O álbum que incluía estes dois temas é um sucesso comercial e alcança a Dupla Platina. A cantora é, pois, a grande revelação da Música em Portugal, no seu ano de estreia e arrisca no ano seguinte um Coliseu que enche para a ouvir e para testemunhar a gravação do álbum “Ao vivo no Coliseu dos Recreios”, que também atingiria a Dupla Platina.
Resultante de tal sucesso surgem, naturalmente, nomeações para os Globos de Ouro – que venceria na categoria de Melhor Interprete –, para os Prémios MTV e convites para concertos em paragens tão díspares como Espanha, Hong Kong, Vietnam ou Brasil.
Em 2012 edita “Soul Notes”, o segundo álbum do qual é extraído o single “Scratch My Back”, que se torna um enorme êxito e leva a cantora para uma longa serie d concertos em Portugal, incluindo o convite para o Festival Rock in Rio. Internacionalmente o destaque vai para o concerto realizado em Xangai no qual canta com o cantor Adam Lambert (estrela americana que nos últimos anos tem actuado com os Queen).
Em 2016 Aurea vai a Los Angeles para gravar o seu terceiro álbum, “Restart”, com a produção de Cindy Blackman e Jack Daley e marca a estreia da cantora, enquanto compositora. “I did’t Mean it” foi o tema de avanço do álbum.
No ano seguinte surge convidada natural de David Fonseca, para participar no excelente álbum de homenagem a David Bowie, entretanto desaparecido. “Starman” foi a canção atribuída a Aurea para um disco que contou com nomes como António Zambujo, Camané e Ana Moura, entre outros.
“Confessions”, o quarto álbum, surge no mercado em 2018 e é o trabalho mais “pessoal” com o assumir de uma carga de influências que passam pela pop, soul, r&b chegando ao jazz. “Done with you” de Carolina Deslandes destaca-se neste disco de confissões, e no final do ano tem mais de 200 mil pessoas na Avenida dos Aliados no Porto, para a passagem de ano.
Entretanto desde meados da década passada, Aurea assume o papel de jurada no programa de talentos “The Voice Portugal”, no qual tem bastante notoriedade e estabelece uma profunda amizade e cumplicidade musical com Marisa Liz, também jurada, que viria a resultar – em 2019 – na gravação de um álbum, sob o nome de Elas, no qual encontramos temas da autoria de nomes como Tiago Pais Dias, Jorge Cruz, Afonso Cabral ou José Mário Branco, para além de duas versões arrebatadoras de temas imortalizados – é mesmo o termo – pelos Ornatos Violeta (o hino “Ouvi dizer”) e Aretha Franklin (“Natural Woman”).
Entretanto foi convidada a participar no Festival RTP da canção, onde se apresentou com “Why?”, um tema marcante naquela edição,
Já em 2023, como referi no início, encheu o Coliseu de Lisboa, para celebrar esta data, e para mostrar o seu novíssimo álbum, “Moods”, cujo cartão de visita é o single “Volta”, um fantástico e emotivo dueto de Áurea com o amigo António Zambujo. E claro que é já um dos grandes êxitos dos últimos tempos na música em Portugal.
A história da música portuguesa passa por Aurea e ainda só anda nestas andanças há pouco mais de uma década.