Tribunal de Setúbal arquiva processo contra quatro militares da GNR acusados de homicídio no Pinhal Novo

Tribunal de Setúbal arquiva processo contra quatro militares da GNR acusados de homicídio no Pinhal Novo

Tribunal de Setúbal arquiva processo contra quatro militares da GNR acusados de homicídio no Pinhal Novo

Tribunal de Setúbal

Em causa está homicídio de Alcindo Gomes, de 62 anos, durante uma operação em Dezembro de 2021

 

O Juízo de Instrução Criminal do Tribunal de Setúbal decidiu não pronunciar os quatro militares da GNR acusados do homicídio de um homem de 62 anos, durante uma operação táctica no Pinhal Novo, em Palmela.

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A decisão foi anunciada em comunicado divulgado pelo Juiz Presidente do Tribunal Judicial da Comarca de Setúbal, António José Fialho, que explica a decisão na sequência da fase de instrução do processo em que o Ministério Público acusou quatro militares da GNR do homicídio, em co-autoria, de Alcindo Gomes, de 62 anos, durante uma operação táctica, em Dezembro de 2021, no Pinhal Novo.

“Concluiu o tribunal não resultarem indícios de terem os arguidos, no âmbito daquela operação e no decurso das suas concretas funções, violado quaisquer normativos, regulamentos, directivas, circulares ou boas práticas e, de algum modo, praticado factos ou implementado acções que tenham, sem estrita necessidade ou justa causa no contexto das concretas circunstâncias, suscitado a morte do visado pela operação, determinando, em resultado, a não pronúncia dos arguidos e o oportuno arquivamento dos autos”, lê-se no comunicado.

O Ministério Público tinha acusado o Tenente-Coronel Marco Gonçalves, Tenente-Coronel António Quadrado, Tenente Henrique Silva e o Cabo Nuno Rodrigues, de utilizarem um recurso letal quando poderiam ter utilizado outros meios para conseguirem que Alcindo Gomes se entregasse voluntariamente durante a operação tática no Pinhal Novo.

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O despacho de acusação do Ministério Público salientava ainda que os arguidos Marco Gonçalves, do Comando Territorial de Setúbal, e António Quadrado, do Grupo de Intervenção e Operações Especiais (GOIE) da GNR, tinham à sua disposição diversos cães, um carro blindado, dois negociadores e um total de 66 militares da GNR, para além de outros recursos que poderiam ter solicitado para o local.

O incidente que culminou com a morte de Alcindo Gomes teve início cerca das 10h45 de 7 de Dezembro de 2021, quando vários elementos da GNR se deslocaram à residência da vítima, no cumprimento de um mandado de busca que visava, essencialmente, a apreensão de todas as armas de fogo e munições que o suspeito tivesse guardadas em casa.

Quando os militares chegaram à residência de Alcindo Gomes, este não se encontrava no local, mas foi detectado nas imediações da habitação, munido de uma arma de fogo do tipo caçadeira.

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De acordo com o Ministério Público, os militares pediram a Alcindo Gomes que colocasse a arma de fogo no chão, mas o homem não só nunca correspondeu à solicitação da GNR, como insultou os militares e efectuou um disparo, antes de se esconder numa zona de vegetação.

Na sequência deste incidente, o Tenente-Coronel Marco Gonçalves, do Comando Territorial de Setúbal, decidiu mobilizar para o local o Grupo de Intervenção e Operações Especiais (GOIE) da GNR e deu-se início a uma operação táctica que viria a culminar na morte de Alcindo Gomes.

Ainda de acordo com o Ministério Público, Alcindo Gomes terá sido mortalmente atingido, com cinco disparos efectuados pelos militares da GNR, quando saía de dentro de uma moita de arbustos e arvoredo, empunhando a caçadeira na direcção dos militares, mas mantendo-se estático e sem efectuar qualquer disparo.

Na altura, em Dezembro de 2021, a GNR informou em comunicado que Alcindo Gomes, “após a advertência clara e inequívoca para largar a arma, não acatou a ordem, mantendo-se assim como uma ameaça iminente para a vida dos militares”.

“Foi necessário os militares recorrerem à utilização de arma de fogo, em legítima defesa, tendo atingido o suspeito de forma a neutralizar a ameaça”, era referido no comunicado da GNR.

Agora, o Tribunal de Setúbal considerou, após a fase de instrução, que os arguidos não violaram quaisquer regras ou normas de actuação no incidente, determinando, por isso, a não pronúncia dos quatro militares e o arquivamento dos autos.

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