Momento contou com a participação de associações e de alunos da Escola Secundária de Palmela
O Largo de São João Baptista em Palmela recebeu, pelas 11 horas, dezenas de pessoas para comemorar, numa sessão solene enquadrada no cronograma de actividades municipais (Abril Para Já), o 49.º aniversário do golpe de Estado que derrubou a ditadura fascista no dia 25 de Abril de 1974.
Ouvia-se música ao fundo do largo, enquanto os autarcas, representantes políticos e ex-membros do poder local se alinhavam em frente à Biblioteca Municipal de Palmela. O som era crescente e não demorou até que a Sociedade Filarmónica União Agrícola do Pinhal Novo surgisse em desfile.
Tocaram a eterna música de José Afonso, “Grândola Vila Morena”, melodia que foi um dos sinais transmitidos pela rádio para se avançar com o golpe de Estado de 1974. Assim se deu o início da sessão, com memória da luta e coragem determinante que foi necessária para se alcançar a liberdade.
Antes das intervenções ainda foi realizada uma actuação musical por parte de alguns associados do Centro Integrado de Apoio à Deficiência da Fundação COI, que no final distribuíram cravos vermelhos pela plateia.
Em seguida os vários partidos que compõem a Assembleia Municipal de Palmela expressaram a opinião sobre a Revolução dos Cravos, através de representantes, ao mesmo tempo que atiravam farpas a forças políticas de oposição.
Liberdade, guerra colonial, fascismo, educação e saúde foram os temas mais abordados na generalidade das intervenções. Enquanto o auditório se preparava para ouvir as palavras do presidente da Câmara Municipal e do presidente da Assembleia Municipal, foi momento de dar voz aos alunos da Escola Secundária de Palmela.
Acompanhados por acordes de uma guitarra, os estudantes leram textos que tinham composto para esta data especial.
Uns em forma de poesia, outros em prosa, no entanto com o mesmo conteúdo, a “valorização da liberdade” e a cautela em “nunca mais voltar ao fascismo”. Um dos alunos ainda referiu, no final da leitura, um apelo à comunidade educativa que se tem encontrado em greves e protestos desde o final de 2022.
Já a caminhar para o final da sessão solene, Álvaro Amaro, presidente da autarquia de Palmela, evocou a “urgência incontornável” de manter a memória do dia que libertou o povo português da ditadura e da opressão.
O autarca, no mesmo discurso, citou: “Só há liberdade a sério quando houver paz, pão, habitação, saúde e educação, quando houver liberdade de mudar e decidir que pertence ao povo o que o povo produzir”.
Palavras do músico Sérgio Godinho. Com um olhar apontado para o futuro, Álvaro Amaro referiu que ainda “há muita coisa em falta”, no que toca ao cumprimento dos valores e do ideais de Abril.
Para finalizar, José Carlos Sousa, presidente da Assembleia Municipal do concelho, referiu que se deve “proteger a democracia pluralista, respeitadora do Estado de direito e defensora dos direitos humanos”, sem nunca perder os princípios da revolução.
“Quando se perdem estes valores é preciso repetir o ciclo histórico, por isso, defendermos a democracia quando se perde é sempre pior do que defendê-la quando se a tem, nós temo-la, façamos por merecê-la”, disse.
No final todos se levantaram para cantar, novamente, a música “Grândola Vila Morena” que foi imediatamente seguida pelo hino nacional. Foi na emoção, na lembrança, no companheirismo e no agradecimento pela liberdade que os autarcas cantaram de braço dado e terminaram a celebração do dia 25 de Abril.