Roberto Cortegano: “Vemos tão pouca vontade e actuação deste executivo, que não é difícil fazer melhor”

Roberto Cortegano: “Vemos tão pouca vontade e actuação deste executivo, que não é difícil fazer melhor”

Roberto Cortegano: “Vemos tão pouca vontade e actuação deste executivo, que não é difícil fazer melhor”

O vereador social-democrata diz que o concelho está estagnado e acusa a gestão CDU de incapacidade, falta de ideias, visão e estratégia, e de cansaço. O cabeça-de-lista elege como prioridades a mobilidade e acessibilidades, a higiene urbana e a habitação

Roberto Cortegano, que sucedeu a Paulo Ribeiro na vereação e que preside à Comissão Política da Secção de Palmela do PSD, não poupa críticas à gestão CDU, liderada por Álvaro Balseiro Amaro. Em entrevista a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM, o cabeça-de-lista do partido laranja à Câmara de Palmela diz que o executivo municipal só actua por “reacção a reclamações”, sem planeamento. E mostra-se confiante: “Estou aqui para ganharmos a Câmara. Não estou a pensar em menos do que isso”, garante.

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O que tem Roberto Cortegano, e o PSD, para apresentar ao eleitorado de Palmela que possa fazer diferença?
Temos muito para mostrar e teríamos muito para mudar no concelho. Antes de mais, dizer que aquilo que vemos é um concelho estagnado, parado no progresso, com a mesma força política praticamente desde há 50 anos.
Basta hoje em dia assistirmos a uma reunião de Câmara, as pessoas muitas vezes não assistem, estão afastadas porque não lhes desperta interesse, pela qualidade do executivo e dos políticos que temos no concelho. Quando falamos de alguma situação que não esteja nas melhores condições, como uma via pública, um problema de mobilidade, uma estrada que poderia já estar alcatroada, aquilo que já deveria estar resolvido há décadas, vemos respostas do sr. presidente da Câmara como “não está porque nunca houve nenhuma reclamação desse local”, “ninguém reivindicou ou se queixou”. Portanto, estamos perante um executivo que actua pela reacção das reclamações com que se vai deparando, e não perante um executivo que actua com planeamento, estratégia, que conhece as situações, que vá aos locais…

Não há-de ser por falta de passar pelos locais, até porque o executivo municipal promove uma semana de trabalho descentralizado em cada uma das freguesias.
Sim e eu, como vereador, tenho feito parte dessas visitas. Não é, com certeza, por falta de passar pelos locais, penso que é mesmo falta de capacidade, falta de visão, falta de ter um pensamento estratégico. Uma das maiores dificuldades que temos no concelho tem a ver com a mobilidade e as acessibilidades, muito por culpa daquilo que tem sido o pensamento dos executivos da Câmara. Sei que há obras que dependem da intervenção do Estado central, da Infraestruturas de Portugal, mas também sei que não se pode levar a vida a dizer que não se faz porque o Governo não respondeu… muitas vezes há outras soluções em que se pode chegar aos munícipes e resolver essa situação. É preciso, às vezes, ter um pouco de vontade, de visão, pensar no ordenamento do território de forma planeada e estruturada.

Álvaro Amaro, presidente da Câmara, pediu uma clarificação ao Governo do PSD, sobre a construção das variantes para as estradas nacionais 252 e 379.
Pediu, tal como temos feito ao longo dos anos. Todas as forças políticas, e neste caso também o PSD, se têm juntado à reivindicação das variantes. É uma reivindicação antiga e é estrutural para a mobilidade dentro do concelho. Os vários Governos já deveriam ter arranjado uma solução para que se resolvesse o problema que temos com a falta dessas variantes. No entanto, há sempre outras soluções que a autarquia, pela proximidade que tem com a população, pode sempre arranjar. Não estou a dizer que é desistindo das variantes, nada disso. Aliás, o próprio PSD reivindicou sempre essas variantes, até de forma pública e visível com outdoors.

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Mas depois é Poder Central e a questão não conhece evolução. Não lhe parece um paradoxo?
Conhece, com certeza, e não acho que seja um paradoxo. Porque foram dadas mais respostas e maior preocupação pelo ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, num ano do que aquela que ouvi falar durante oito anos, de governação socialista. Pelo menos, para a reabilitação, que também é necessária, da Estrada Nacional 252, e principalmente da 379 na parte que atravessa Palmela e sobretudo Quinta do Anjo, já há um compromisso. Há um acordo assumido que será feita. Agora, nesta situação em que estamos… esperamos que seja o Governo do PSD, tenho a convicção clara de que será, tenho a certeza que será feita, em breve, esta reabilitação, que é também pedida há muitos anos.

Que áreas são prioritárias para o PSD em Palmela? Já percebemos que as acessibilidades são uma delas.
Há outras áreas em que o concelho está muito atrasado. Uma delas é a limpeza urbana, o cuidado dos espaços verdes, a recolha do lixo. Não se vê concelhos assim tão maus como Palmela. Aqui, vemos casos graves, basta passarmos por certas zonas do concelho… nas circulares da Autoeuropa vemos autênticas lixeiras a céu aberto. Provavelmente, face ao tipo de lixo que se vê, empresas vão lá despejar todo o tipo de resíduos, se calhar até tóxicos e prejudiciais ao ambiente. Portanto, isto é um crime ambiental. E se é crime ambiental, se prejudica toda a população e o ambiente, deveria haver alguma fiscalização ou mais fiscalização do que aquela que existe por parte da Câmara.

Aumentar a fiscalização seria suficiente para resolver o problema?
Acredito que provavelmente reduzia. Depois poderá haver também, em certas situações, e já tenho colocado isto em reuniões de Câmara, locais em que se justifique a videovigilância. Acredito que, no mínimo, iria reduzir a continuidade deste crime ambiental.

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Mas se é assim tão fácil, por que razão é que todos os municípios que se debatem com este problema continuam sem o conseguir resolver?
Não lhe digo que é fácil, e também não vejo que haja muitos municípios que não consigam resolver. Digo-lhe que isto é um problema grave, mais grave do que noutros concelhos. As coisas não são fáceis. Temos é de ter vontade (e gosto) de as resolver.

Está a dizer que o executivo da CDU não tem vontade de resolver os problemas do concelho?
Digo-lhe que muitas vezes não tem. Não tem capacidade, muitas vezes. Não tem ideias. Não tem visão. Não tem estratégia. Por cansaço ou por ser a mesma força política no poder há 50 anos – as caras dos políticos que vamos vendo vão sendo as mesmas, porque têm até dificuldade de se renovar – e isso provavelmente lhes tirará também alguma vontade.
Aquilo que vejo, e esse é um dos motivos de me candidatar à presidência da Câmara Municipal de Palmela, é que as coisas estão tão más e vemos tão pouca vontade e tão pouca actuação deste executivo, que não é difícil fazer melhor.

Nesta matéria ou de uma forma geral?
De uma forma geral. Há coisas em que é mesmo falta de vontade, cansaço, incapacidade.

Que outras áreas irá ter como prioritárias no programa eleitoral, que irá apresentar para as próximas autárquicas?
Há várias que merecem e carecem urgentemente de melhoria. Por exemplo, a captação de empresas para o concelho, mais investimento. E isso pode fazer-se como? Melhorando os parques industriais, modernizando, criando melhores acessos a esses parques industriais, reduzindo taxas para as empresas, para que venham para cá. Também ao nível dos privados, conhecemos casos em que é uma tortura pedir uma licença ao construir-se uma casa no concelho.

O processo administrativo é muito burocrático?
Há que modernizar o funcionamento da Câmara, há muita burocratização, há muita demora em tudo aquilo que se tenta fazer com a Câmara. Há empresários que nos dizem: Palmela nem pensar. Ou, então, ouvimos que construir uma casa em Palmela nem pensar, é o fim do mundo, nunca mais vamos conseguir acabar a casa. Eu próprio passei por um processo desses.
Depois também temos, por exemplo, a área do Turismo. Palmela tem potencial para ser uma vila turística, um ponto de turismo internacional… Mas, no centro histórico de Palmela contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que nós vemos a passear. Se temos uma vila como Palmela, com a potencialidade que tem, e vemos tão pouco turismo, alguma coisa não está bem.
Se quiser ir ao posto de turismo de Palmela, onde é que se dirige? Ao Castelo de Palmela. Não acho que isto seja lógico. O posto de turismo deveria estar num sítio central, no Largo de São João, no centro da vila. As pessoas já vêm, maioritariamente, a Palmela para visitar o castelo. Pouco mais lhes é dado a mostrar, se o posto de turismo até já está dentro do castelo. É preciso criar parcerias e ter mais capacidade de visão. Ter, se calhar, mais conhecimento do mundo, daquilo que é feito no País e a nível internacional, e não vivermos neste meio em que as coisas se fazem a pensar tão pequenino, tão poucochinho. Há coisas que são feitas, mas são sempre numa dimensão muito pequenina, que não nos dá aquela dimensão que nós gostaríamos de ver no nosso concelho.

Até ao momento, a Câmara já entregou 44 casas no âmbito da Estratégia Local de Habitação (ELH). Como avalia este processo? Tem também a habitação entre as prioridades?
Obviamente que está nas nossas prioridades. A Câmara irá agora também ter uma carta de habitação que está a ser elaborada. A estratégia já tem alguns anos.
É sempre possível à Câmara fazer mais. Por exemplo, a construção para a zona de Aires vimos a polémica que deu. A população de Aires, quando se apercebeu do número de fogos que iria ser construído naquela zona, mostrou-se contra. Houve ali aquela controvérsia com os habitantes, porque não tinham sido informados da ELH devidamente nem atempadamente…

A Câmara promoveu sessões de esclarecimento em cada um dos locais para dar a conhecer aos munícipes aquilo que estava projectado. E até alterou um pouco aquela ideia inicial para Aires por força desse processo de auscultação.
Claro, porque o fez tarde demais. Começou a fazer no fim aquilo que deveria ter feito no início. Primeiro deve auscultar a população, fazer as tais reuniões públicas. Além de nada disso ter sido feito, o que queria sublinhar é o atraso que isso já gerou. Quando se apercebeu que não havia ali volta a dar, que iria dar confusão com a população, a estratégia já voltou atrás, já não se constrói aquele número de fogos. Isto, para mostrar a forma como as coisas são feitas e planeadas em cima do joelho.
Estamos a falar da habitação social e de habitação a arrendamento apoiado, acessível, mas há mais que a autarquia pode fazer. Os planos de reabilitação urbana que existem não são, no meu entender, elaborados da melhor forma. Além de serem tardiamente executados, são sempre muito demorados. Há um plano de reabilitação urbanística para o centro histórico de Palmela e outro para o centro histórico de Pinhal Novo, mas depois vamos olhar para os resultados e não vemos que causem algum efeito.

Palmela acaba de concluir o novo PDM…
… Não sei se acaba de concluir, esteve em consulta pública e neste momento o que sabemos é que estará em análise aquilo que as pessoas propuseram. Mais uma vez a forma como as coisas são colocadas à população e a divulgação que é feita… foi marcada uma reunião para cada freguesia em dias seguidos. Curiosamente, a CDU, que tanto diz que luta pela desagregação das freguesias de Marateca e Poceirão, poderia ter feito uma reunião no Poceirão e outra na Marateca e não o fez.

Foram feitas em cada uma das freguesias, o que critica?
Critico que não sejam feitas mais reuniões. E porquê a pressa de se marcar estas reuniões todas seguidas umas às outras? Não é só através de reuniões que se faz a divulgação de uma revisão ao PDM. Vejamos um exemplo: em Aires, a Câmara, quando soube da revolta dos moradores com a construção da habitação social, no dia a seguir estava a colocar panfletos nas casas das pessoas e até com termos pouco adequados para uma autarquia. Por que não é assim tão ágil a divulgar as informações, as reuniões que iriam existir de consulta pública à população sobre o PDM? Poderia ter feito através de panfletos.

O que mais poderia ter sido feito para divulgar?
Poderiam ser colocados outdoors a avisar as pessoas e as próprias reuniões poderiam ser marcadas com mais antecedência e haver pelo menos duas por freguesia. A União de Freguesias poderia merecer uma reunião na Marateca e outra no Poceirão.

O PSD passou de 3.ª para 4.ª força política mais votada em Palmela nas últimas autárquicas, ultrapassado que foi pelo Movimento de Cidadãos, que não irá a votos nestas eleições. Espera agora uma recuperação do PSD?
Espero um reforço na votação do PSD nas próximas autárquicas em Palmela, pelo trabalho que temos feito junto da população, pelo nosso esforço e pela nossa capacidade, estou aqui para ganharmos a Câmara de Palmela. Não estou a pensar em menos do que isso, esse será o nosso resultado excelente e é aquele que queremos.

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