23 Maio 2024, Quinta-feira

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Pedro Taleço: “Os resultados eleitorais do PS têm melhorado desde que aceitámos pelouros”

Pedro Taleço: “Os resultados eleitorais do PS têm melhorado desde que aceitámos pelouros”

Pedro Taleço: “Os resultados eleitorais do PS têm melhorado desde que aceitámos pelouros”

O vereador do PS considera que o eleitorado tem sabido separar e reconhecer o trabalho com ‘a marca’ socialista num executivo gerido pela CDU. Lembra que o PS está a 8% de chegar ao poder e responde aos ataques do MCCP e do PSD

 

Já vai no terceiro mandato como vereador na Câmara Municipal de Palmela. Pedro Taleço, 50 anos, é o único elemento da oposição que tem pelouros atribuídos e defende que esta é a melhor forma de diferenciar a capacidade de trabalho entre o PS e a gestão CDU: demonstrar com trabalho.

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Em entrevista a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM, o autarca debruça-se sobre a higiene urbana, admite que a gestão financeira do município “é certa”, explica o sentido de voto socialista sobre o Orçamento Municipal e refuta críticas dos vereadores do MCCP e do PSD.

Há falta de democracia da gestão CDU na Câmara Municipal de Palmela, como afirmam os vereadores Paulo Ribeiro (PSD) e Carlos de Sousa (MCCP)?

Na minha opinião e na do PS, a Câmara de Palmela é hoje em dia um espaço plural. Deixa espaço a outras forças políticas para terem projectos próprios e para darem contributos àquilo que são os planos de mandato da força que ganhou. Isto é o que verifico, o enquadramento dos projectos e dos investimentos que temos levado a cabo que têm uma marca socialista, porque não estavam no programa da CDU, com a qual temos uma relação de grande abertura. Não de imposição a quem tem maioria relativa. Os vereadores de PSD e MCCP não podem é pedir que o PS alavanque propostas que os eleitores não validaram a essas forças, quando foram a votos.

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A área da higiene urbana e manutenção dos espaços verdes é uma das competências que lhe foram atribuídas pela gestão CDU. Saiu-lhe a “fava”, tendo em conta que tem sido a área mais criticada?

Saiu um pelouro muito trabalhoso. Quando pegámos nesta área, em 2017, tínhamos para uma vila como o Pinhal Novo – face a baixas médicas e alguns constrangimentos –, em algumas alturas, como nas férias, quatro pessoas. A higiene urbana é desde 2023 uma competência das juntas de freguesia transferida pelo município. E fizemos um grande reforço de meios. O Pinhal Novo tem nesta altura a possibilidade de contratar o dobro do que sempre tive na brigada, enquanto esta área foi competência da Câmara: cerca de 17 pessoas, que a junta optou por ainda não contratar na totalidade. Por exemplo, em Palmela [na junta] contrataram a totalidade das pessoas que nós [câmara] financiámos.

Quando pegámos na higiene urbana, a Câmara tinha uma varredoura a funcionar de vez em quando e outra da qual se tiravam peças. Quando transitámos [a competência] para as juntas, a Câmara tinha além dessa mais cinco varredouras, mais quatro aspiradores urbanos e, praticamente, todo o equipamento de jardinagem renovado. Um investimento, em termos gerais, de 600 mil euros. Não foi tudo no mesmo ano, mas foi um reforço efectivo que não era feito há muitos anos e que passou pela constatação do vereador do PS e do presidente da Câmara da CDU da necessidade do investimento. E também o reforço de pessoal… O serviço foi melhorando, reduzimos as reclamações em média 20% ao ano.

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Mas o efeito é visível nas ruas.

Em determinada altura foi visível. Houve, sobretudo no Pinhal Novo, um solavanco para pior nos primeiros meses de 2023, com a junta a ter a sua maneira de se organizar, fazer e priorizar…

Que balanço faz ao trabalho do executivo que, na opinião da sua própria bancada, peca por falta de visão estratégica para o concelho?

Eu acompanho a opinião da minha bancada. Um planeamento estratégico, no entender do PS, é um acordo que é feito em relação a áreas estratégicas, como por exemplo o ambiente, a eficiência energética, a sustentabilidade, que no nosso entender devia ser plasmado num documento, com pontos de encontro que servem o interesse de gerações até futuras, no mínimo para três mandatos. No fundo era o que a CDU podia ter feito, uma vez que governa há mais de 40 anos. Mas a CDU escolheu alavancar as suas estratégias definidas por matérias em separado.

Quando fala em sustentabilidade refere-se a quê, em concreto?

A todas as decisões que possam pôr em causa todos aqueles que vêm a seguir. Exemplo: a infra-estrutura verde. Oiço o vereador Carlos de Sousa dizer que é preciso plantar duas mil árvores no Pinhal Novo. Esta continua a ser uma responsabilidade municipal, iremos fazer um cadastro digital das árvores, mas a infra-estrutura verde depende muito do urbanismo. Há problemas que foram criados há 25 ou 30 anos durante a gestão dele pela CDU, nomeadamente a questão do urbanismo: como se planta uma árvore no lado sul, quando os passeios têm pouco mais de 1 metro de largura? Tem de haver planeamento estratégico.

Que análise faz ao trabalho desenvolvido pela gestão CDU?

Em relação à questão da sustentabilidade, o nosso plano era diferente. O que nos afasta no Orçamento [Municipal] não são as problemáticas que existem, porque essas, se existem, temos todos de as ver. É a prioridade e a gestão que se faz das mesmas.

Mas no Orçamento Municipal o PS absteve-se, não votou contra…

Porque tem mais que nos aproxima do que nos afasta. Por outro lado, também não consigo vislumbrar qual seria a vantagem nesta altura, com candidaturas, com verbas do PRR, em estarmos a bloquear as contas de uma autarquia.

No aspecto financeiro parece existir consenso de que a gestão tem sido eficaz.

Os resultados indicam que a gestão é certa. Dentro das opções que se tomaram, os números batem certo e obviamente não há saldos negativos, daí que, de uma forma consensual, estamos a chegar àquilo que também era a proposta do PS de ter um IMI mínimo. Tem de haver resultados que o sustentem, para se prescindir desssa receita. Neste aspecto não é o que nos afasta. O que nos afasta, e onde temos ideias diferentes, é a começar na própria estrutura da Câmara que dá resposta aos problemas e às áreas mais prioritárias.

Que nota lhe merece o trabalho da gestão CDU, comparativamente com o trabalho feito da sua parte enquanto vereador eleito pelo PS?

Há uma parte do trabalho que acaba por ser conjunto, porque eu insiro-me dentro do executivo, numa maioria CDU. Não faço esse trabalho sozinho. Em relação ao meu trabalho não serei eu que o irei classificar.

É capaz de dar uma nota de 0 a 10 a este executivo nos dois anos deste mandato?

Acho que a avaliação serão os munícipes a fazer. Não me compete. Posso dizer que, dentro do que é uma perspectiva de trabalho, tenho uma relação muito directa e tranquila até com o presidente da Câmara, não há problemas nenhuns de entendimento.

Como pode o PS ser oposição e ao mesmo tempo integrar a gestão CDU através dos pelouros que lhe são atribuídos?

Esta diferenciação faz-se com trabalho e nós não estamos aqui a discutir alta política. A CDU tem vindo a ganhar consecutivamente, quando o PS ganha normalmente as legislativas aqui por larga margem. Há três mandatos [autárquicos] estávamos à volta de 20% de distância da CDU, margem que reduziu para 8% nesta altura. Temos de reconhecer as tendências. As pessoas votam em função das motivações do trabalho que vêem feito. O que já aprendi é que, a menos que houvesse aqui um escândalo financeiro ou qualquer coisa, como noutros locais, os indicadores de gestão não são péssimos. O PS constitui-se como oposição e alternativa.

Acha que constituir-se como oposição e ao mesmo tempo aceitar integrar o executivo, aos olhos do eleitorado, é bem visto ou compreendido?

A nossa política em relação à nossa diferenciação, enquanto oposição e alternativa, é mostrar trabalho.

Mas acha que o eleitor consegue ver isso?

Os nossos resultados [eleitorais] têm vindo a melhorar desde que aceitámos pelouros. Para nós é essencial estar na estrutura da Câmara, é o que nos permite ter uma opinião definida e um plano concreto em relação a muitas áreas da Câmara.

O vereador Paulo Ribeiro acusa o PS de ser complacente com as políticas da CDU viabilizando-as por estar refém da sua participação com pelouros no executivo.

É uma visão menor de quem desconhece há muito tempo a profundidade e os problemas do concelho e a vida das pessoas. Acho que os resultados das três candidaturas do vereador Paulo Ribeiro justificam e permitem tirar esta conclusão. Em momento algum estive limitado ou tive de fazer um mínimo de compromisso [contra] o que são as minhas convicções e as convicções da minha bancada. Não sei onde é que o vereador Paulo Ribeiro sustenta…

… Com a mudança de comportamento do PS em relação à devolução de parte da receita do IRS aos munícipes, por exemplo.

Ele alavanca essa conversa… este chavão, cá está, a bandeirinha eleitoral. Mas se calhar o senhor vereador está confundido. Acho que a ambição dele não é local nem nunca foi, portanto, será mais distrital e a Assembleia da República, de onde, de resto, estava no início do mandato do Passos Coelho e durante esse mandato do Passos Coelho, se bem se lembra da Troika, os escalões do IRS foram reduzidos a cinco. Actualmente são nove escalões, passámos de cinco para nove. A devolução do IRS tem isto: só um milionário é que tem uma devolução de IRS que vale a pena. Quem ganha 800 euros ou quem ganhe o ordenado mínimo não recebe nada, nenhuma devolução de IRS das autarquias.

O comportamento do PS em Palmela mudou a partir do momento…

… O que estou a dizer é que a partir do momento que foram aumentados os números de escalões, o PS considerou que esse meio milhão de euros que se propunha distribuir a quem ganha mais no concelho, sejamos reais nesta parte, não ia ajudar ninguém que precisasse. Era mais bem empregue se se negociasse com a CDU o reforço de medidas sociais, como um cabaz social, como o pequeno-almoço nas escolas – que ainda não está implementado, é uma das nossas exigências – e que fosse direccionado esse meio milhão para todos, ao invés de dar àqueles que já têm rendimentos mais altos.

Então foi um erro de “casting” quando o assumiram?

Não. Quando tivemos esta posição, de 2013 a 2017, foi quando havia cinco escalões de IRS, ao contrário dos nove actuais, cinco escalões de IRS e estava por cá a Troika.

Não seria por aí que deixaria de existir quem precisasse mais de apoio.

O que não está a considerar é que quando existiam cinco escalões havia um muito esticado, que era aquele que atingia a partir dos rendimentos mínimos, até aos 40 mil euros, salvo erro. Havia ali aquela franja das famílias, entre os 18 mil e os 30 mil euros, que eram bastante atingidas e, portanto, isto era um sinal como sempre foi dito. O vereador Paulo Ribeiro pegou nisto e anda há 10 anos com a mesma conversa. Como dizia também o nosso fundador Mário Soares “só quem não muda são os burros”. Com pouco escalões de IRS, até 2017, havia esta franja de famílias para as quais achávamos que era importante dar um sinal, devolver alguma coisa. Hoje em dia com nove escalões deixou de se justificar.

Carlos de Sousa dizia que o presidente Álvaro Amaro é mais ríspido consigo do que com os outros restantes vereadores da oposição. Sente isso?

Não. Não estaria na política nem a fazer o que faço se esse tipo de condicionamento fosse aceitável ou se fosse vulnerável a ele. Isso é mais uma vez um chavão de algo que não se passa. Acho que ele quer alavancar um discurso de a CDU ter uma postura de ditadores, que foi a alavancagem da sua campanha, essa e um bocadinho a do D. Sebastião, mas D. Sebastião nem sequer chegou a ser rei, portanto, se calhar não é o melhor exemplo. Temos um trabalho onde ele coloca questões, de uma forma muito ampla respondo, mas de facto não consigo perceber, além de um tacticismo, de querer mais uma vez colocar a mesma questão do PSD, de que estamos de alguma forma condicionados. Não estamos condicionados de forma alguma, temos trabalho que o pode demonstrar. Não há motivo – tirando um tacticismo político – para se bloquear um Orçamento [Municipal], de ficarmos sem orçamento e colocar-se em causa a vida das pessoas, os investimentos no concelho. Teria de haver um motivo muito forte [para votar contra]. Agora, percebo que quem tem um vereador eleito e os resultados que a restante oposição teve, que não se constitui como alternativa, mas só como oposição pura dura, possa dizer sempre que “não”.

A localização do futuro aeroporto: Campo de Tiro de Alcochete ou outra solução?

Para os interesses de Palmela, decididamente o Campo de Tiro de Alcochete.

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