No geral, não me aprazem os países que me detêm as expectativas altas. Lá está, o mal não é inerente à nação, pelo contrário, o mal estava em mim que ainda dava ouvidos a julgamentos alheios. E, consequentemente, o mal também possa ser o do leitor que lê estas críticas. Quer elas sejam “cons” ou “des-trutivas”. Adoptando estes pontos de vista. Em vez de formularem os seus próprios. Venham cá ver.
A Tailândia serviu de referência aos elogios mais rasgados por parte dos meus conselheiros de viagem. Entre eles as notícias que passam em Portugal e continua a surpreender pela positiva. Senão que se tome este simples exemplo:
De Banguecoque a Chiang Mai vão 700 Km de estrada. Que podem ser feitos confortavelmente de autocarro. Porém, o custo do conforto deste transporte público, não é tão-só o monetário, mas também se gasta a oportunidade de conhecer quem vai dentro dos carros.
1 – À uma da tarde, estou em Banguecoque. Apanho a primeira boleia 10 minutos depois. Era uma querida. Muito preocupada de como é que eu havia de chegar ao meu destino. Adorava cães. De passagem, fomos buscar a sua mãe e ao portão estavam 3 pitbulls. Legítimo, pensei. A senhora estava pronta para sair e passou pelos cães com muita naturalidade. Como se ladrassem para mim por ela. Almoçámos numa bomba de gasolina, onde me deixou para que apanhasse a próxima boleia.
2 – Acabo de me despedir da Natti e da sua mãe que não saiu do carro. Estou a fumar o meu cigarro, estaciona um carro mesmo à minha frente.
– Para onde vais?
Mostro a minha cartolina que ainda nem tinha levantado.
– Posso levar-te, vou para lá.
Estava com a mulher, a filha e o pai e o seu inglês veio a provar-se pior do que à primeira impressão. O que dificultou o processo de agradecer com discurso em vez de o simples “Thank you”. Seguido do “Cápuncáá”, que é o equivalente thai e que sei dizer mal.
Convidou-me para passar a noite em sua casa com mais família.
3 – Às oito da manhã, estava de novo na estrada. Comi o pequeno-almoço com demora. Levanto a placa. Mais 10 minutos.
Um casal novo com o carro a tresandar a jackfruit, ou jaca em português, ou no original Malayalam, chakka. Fruta que cheira mal que se farta. Sabe um bocado ao que cheira. Já não como mais. Nem que oferecido. A conversa foi boa durante 250 km. Já estava perto de Chiang Mai.
4 – Portanto, aparece uma carrinha que vem cheia, mas de caixa aberta. Sol na pele e vento no cabelo. Que é que se quer mais?
Bangkok Art and Culture Centre
Por Pedro Pinela