Trabalho foi realizado no âmbito do projecto europeu Play On

Cerca de 40 pessoas marcaram presença, esta quinta-feira, 13 de Abril, na estreia da peça “Nómadas”, criada pelo Teatro o Bando, em Palmela.

Uma máquina que conta de forma decrescente até zero espera os visitantes à entrada do recinto. Todos têm de olhar para os números até chegar ao final da contagem, e, a partir daí, os espectadores podem sentar-se num local à escolha.

Numa tentativa de mudar perspectivas, as actrizes Ana Lúcia Palminha e Rita Brito convidam os observadores a subirem ao palco. Nesta primeira fase, é natural que os mais introvertidos fiquem sentados, mas no decorrer da peça todos acabam por subir à área de atuação, numa experiência atípica no mundo do teatro e inovadora naquele que é o papel de espectador numa obra.

Encenada por João Neca, esta peça mergulha num mundo vazio e cinzento, onde a metrópole esconde aquilo que nos torna, como pessoas, especiais e únicos. Aqui, as actrizes enquadram o movimento do corpo, a alma e a forma como nós comunicamos como as principais características que nos mantêm humanos e nos afastam da robotização.

Ao longo de uma trama cativante, este espectáculo é acompanhado por um robô que segue os movimentos das actrizes. Para além desta introdução tecnológica, também se conta no decorrer da trama teatral com vídeo, música, imagens e leds.

Este aspecto robótico foi tomado em conta, já que este projecto está inserido no Play On, uma iniciativa europeia que pretende aumentar as possibilidades de expressão artística através de máquinas. Na apresentação do espectáculo, ainda antes dos convidados entrarem, várias pessoas são mencionadas e é frisado o trabalho conjunto de toda a equipa, de uma ideia de alguns anos, que se traduziu em meses de expiração e, também, de inspiração.

Esta mesma inspiração vem da escritora Olga Tokarczuk, numa peça que dura cerca de uma hora e meia. O Teatro o Bando tem uma política quanto ao valor de ingresso – das obras que apresenta, existem três opções de preço, desde 8 euros, onde “o Bando ajuda o cidadão a vir ao teatro”, depois 10 euros, “o preço base de referência do bilhete” e 12 euros, onde “o cidadão que ajuda o Bando a fazer teatro”.

Como não existem lugares marcados, cada um decide qual é o valor justo a pagar pelo bilhete perante as três hipóteses de valor apresentado. A obra vai ser representada até dia 14 de Maio, quintas e sábados, pelas 21h00, e aos domingos às 17h00.