O presidente da direcção da SFUA de Pinhal Novo analisa o actual momento da colectividade, que acaba de cumprir 128 anos. E deixa alguns apelos, para que a instituição continue a crescer
Mais de mil associados, uma dúzia de actividades e 128 anos de história, de contributo para o enriquecimento cultural e associativo da comunidade. Este pode ser o resumido cartão de identidade da Sociedade Filarmónica União Agrícola (SFUA) de Pinhal Novo, que completou na última sexta-feira mais um aniversário, assinalado com pompa e circunstância no sábado com a realização da habitual sessão solene nas instalações da colectividade.
Em entrevista concedida a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM (90.9), José Manuel Coutinho, presidente da direcção empossada em Julho passado para um mandato de dois anos, faz o retrato à actualidade da SFUA, que tem estatuto de utilidade pública. E realça a forte dinâmica da colectividade. “Semanalmente, passam pela SFUA 300 pessoas. Só músicos e praticantes das várias actividades”, afirma, antes de apontar outro número que diz bem da vitalidade da instituição.
“Temos mais de mil sócios. Sou dirigente associativo há 30 anos e, nos dias que correm, acho que é um fenómeno. Na SFUA está a acontecer pela primeira vez”, salienta, para reforçar de seguida: “Tínhamos muitos sócios que deviam dois, três, quatro anos de quotas. Por incrível que pareça, estão a aparecer na nossa colectividade e estão a pagar, valores de 60, 70 euros alguns. Em Setembro, já tínhamos atingido um valor bem razoável, acima do valor anterior de quotização”, congratula-se o dirigente, ao mesmo tempo que sublinha ainda o facto de o número de associados ter vindo a aumentar nos últimos anos, reflexo das actividades promovidas.
E os dedos de duas mãos não são suficientes para as contar. É que a juntar à banda filarmónica, à academia (escola) de música e ao coro há ofertas (quase) para todos os gostos e feitios. “Da banda sai ainda uma orquestra sinfónica, que normalmente acompanha o coro. Actualmente, temos ‘ballet’, hip-hop, zumba, danças de salão, ginástica, karaté, aikido e agora danças do ventre. Penso não me ter esquecido de nenhuma”, indica.
Projecto Big Bang e Verbena
A banda filarmónica, que esteve na origem da instituição, apresenta hoje em dia “pouco mais de 30 músicos”. É alimentada pela academia de música, que conta, actualmente, também com cerca de três dezenas de jovens. Por altura do aniversário da colectividade há, habitualmente, alguém da academia promovido à banda. Porém, José Coutinho não esconde que o actual quadro de elementos que compõem a banda está abaixo do número pretendido. “Uns deixam de poder estar na banda enquanto estão a desempenhar a sua vida académica, outros, porque casam, vão-se embora de Pinhal Novo… Mas, depois também há quem venha morar para cá e adira à banda. Nesta semana que passou, ganhámos um músico da Amadora que veio morar para o Pinhal Novo”, observa.
E para dar resposta à falta de músicos, adianta, a SFUA tem em curso “um projecto arrojado, um projecto com o agrupamento de escolas, intitulado ‘Big Bang’”.
“Este projecto superou as expectativas, já tivemos 70 e tal inscrições. Visa atrair os mais jovens para o ensino da música. Vamos às escolas dar aulas de música a quem quer estar integrado no projecto”, revela. Só que, para manter de pé esta iniciativa que tem a duração de três anos, a SFUA necessita de apoios e o responsável pela direcção apela às autarquias e às empresas locais para que contribuam. Caso contrário, o projecto poderá ter os dias contados, antes mesmo de chegar ao fim.
A colectividade apresenta uma situação financeira “equilibrada”, mas as carências são algumas. “Se olharmos para as necessidades, vemos que a banda precisa de fardamento e também de instrumentos. O edifício-sede precisa de manutenção. Portanto, investimento na banda, reabilitar o património e o apoio ao projecto ‘Big Bang’, são estes os principais desafios [no imediato]”, faz notar.
Quanto ao futuro, a “música” é outra. “De futuro, queremos alargar a oferta de actividades, dinamizar ainda mais a SFUA, que está a crescer. E reforçar o estatuto de sócio, permitindo, por exemplo, a diferenciação entre bilhetes de sócio e de não-sócio. Temos de dar o devido valor aos associados. E faço um apelo aos que não são ainda sócios, para que se inscrevam. As quotas custam 1 euro por mês, é o preço de um café”, lembra.
Além disso, a SFUA “equaciona a ampliação da sede”. “Existe um projecto com muitos anos. Mas, neste momento pensamos no espaço da Verbena, que faz falta para as nossas actividades. Devia de ser um espaço por nós rentabilizado. Podia ser feito ali um pavilhão, até porque nas nossas instalações não temos condições para receber 300 pessoas”, conclui.
Sessão solene Concerto da banda em conjunto com o coro foi cereja no topo do bolo
As comemorações alusivas ao 128.º aniversário da SFUA iniciaram-se logo no início deste mês. Porém, o momento alto teve lugar no passado sábado com uma cerimónia, nas instalações da colectividade, que englobou a actuação da classe de dança oriental e a habitual sessão solene marcada pelos discursos da praxe e algumas homenagens. A cereja no topo do bolo chegou depois com a realização do concerto, que juntou a banda filarmónica e o coro da SFUA – composto por cerca de oito a nove dezenas de coralistas, o que torna este num dos maiores grupos corais da região – em palco. Tudo isto perante uma plateia que lotou as instalações da colectividade, em mais uma demonstração de vitalidade de uma das mais antigas instituições do concelho de Palmela e da região.