A descentralização de competências e a separação das freguesias de Poceirão e da Marateca foram a tónica dominante das intervenções na sessão solene do 25 de Abril
A sala da Biblioteca Municipal de Palmela apresentava mais de uma dezena de cadeiras vazias de deputados que não marcaram presença, mas os intervenientes não deixaram de enviar recados ao Governo sobre a descentralização de competências e da necessidade de acabar com a anexação das freguesias rurais de Marateca e Poceirão.
Carlos Oliveira, deputado do BE, abriu as intervenções lembrando que “a revolução de Abril tem que continuar e hoje mais que nunca precisamos da revolução e dos seus cravos”. O bloquista lembrou que “é preciso fazer mais e melhor”, sublinhando que “a pobreza é a maior inimiga da democracia”.
Também a deputada do MIM, Luísa Paulino, apelou para a “especial atenção que deve ser dada às pessoas com maior fragilidade social” e deixou a mensagem “é tempo de encararmos o futuro com esperança e confiança”.
Colin Marques, do PSD/CDS, recordou que “passados 45 anos, Portugal nunca mais foi o mesmo” e os “eleitores de 1975 foram tão importantes como os militares de Abril de 74”, porque “as eleições de 1975 foram a maior novidade histórica de Portugal”.
A jovem do PS, Ana Elísia Monteiro, que lamentou que a história do 25 de Abril “comece a ficar esquecida numa prateleira” e defendeu que “estamos num ano de eleições e a abstenção nunca foi, nem será a solução”.
A deputada da CDU, Andreia Bento, começou por “agradecer aqueles que há 45 anos permitiram que os jovens pudessem crescer livres e sem medos”, para depois criticar “a transferência de competências para as autarquias acompanhadas de um cheque em branco” e concluiu apelando “à reposição das freguesias de Poceirão e Marateca e que sejam consideradas freguesias desfavorecidas”.
Álvaro Amaro: “É preciso coragem de discutir a regionalização”
O presidente Álvaro Amaro considerou que “os 45 anos de Abril representam a maturidade de quem já entrou na idade adulta” e garantiu “Abril precisa de ser acarinhado” e os “jovens precisam de conhecer o antes e o depois”, porque “mais que o branqueamento histórico é na apatia que reside o principal perigo”. O presidente da Câmara lembra que “os direitos conquistados não podem ser vistos como benesses” e pediu “bom senso em relação à delegação de competências, pois uma melhor descentralização é possível e as autarquias não podem ser tratadas como unidades subalternas”. Para Álvaro Amaro “é preciso coragem política para discutir a regionalização” e lembrou que “Palmela está na linha da frente” a nível dos investimentos, reafirmando a necessidade de “repor as freguesias roubadas” de Poceirão e Marateca.
Para Ana Teresa Vicente, presidente da Assembleia Municipal de Palmela, “só há democracia efectiva com paz”, e com os jovens e mulheres que “estão representadas no Poder Local em Palmela”. Para a presidente “é importante saudar e recordar todos os que se entregaram a este sonho e fizeram do 25 de Abril um hino à liberdade e á paz”.
Ana Teresa Vicente saudou “a população de Palmela, as mulheres e os homens que defendem a dignidade no trabalho” e lançou um repto “aos jovens que nos desafiem, vejam as redes sociais, mas não esqueçam a importância de um abraço”.
A sessão terminou com a sala a cantar “Grândola Vila Morena” e o Hino Nacional.