A este “ex-líbris” do concelho juntam-se ainda o Auditório Rui Guerreiro, o Museu – ‘A Estação’ e as bibliotecas
É a casa-mãe da oferta cultural no território de Palmela. Por lá passam à volta de duas centenas de iniciativas e um total de cerca de 20 mil espectadores por ano. Instalado na vila palmelense, o Cine-Teatro São João, que a 26 deste mês cumpriu 71 anos de vida, é a principal sala de espectáculos do concelho.
Apresenta 470 lugares – além de 10 destinados a pessoas com mobilidade condicionada –, auditório, bar, camarins, área de arrumos e de apoio ao palco, e “é servido por amplas zonas de estar e de circulação adaptáveis para exposições e acções de formação em diversas áreas artísticas”, lembra o município.
“Nos seus novos dias, o Cine-Teatro é um espaço potenciador da criação, divulgação e produção cultural. Do passado, o estímulo de um património com vida”, adianta a autarquia. Até porque, a sua história começou a ser reescrita em 1989, quando foi adquirido pelo município para, volvidos dois anos, reabrir portas e vir a afirmar-se como referencial, “ex-líbris” até, de Palmela.
Classificado como Monumento de Interesse Público desde finais de 2012, a casa-mãe da Cultura em Palmela passou a integrar, recentemente, a Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses, figurando assim entre as mais de 80 entidades artísticas e equipamentos que beneficiam da “circulação de obras artísticas em território nacional”, de “aumento do número de co-produções entre entidades” e da “articulação programática” entre si, a que se junta uma “valorização e qualifi cação de recursos humanos especializados”.
O Fantasiarte – projecto municipal desenvolvido em parceria com a comunidade educativa, tendo em vista a formação e educação pelas artes –, a Semana da Dança, a Festa do Sapateado, e até mesmo a tradicional eleição da Rainha das Vindimas, são eventos que constam na programação regular do Cine-Teatro de Palmela.
Auditório, museu e bibliotecas
Outro dos espaços que se destaca enquanto veículo promotor cultural é o Auditório Municipal Rui Guerreiro em Pinhal Novo. Foi inaugurado em 2002 e está vocacionado para acolher espectáculos de música, teatro e dança, bem como conferências, seminários e exposições. Porém, de acordo com o município, o espaço tem o cinema como “principal valência” e conta, nesta vertente em particular, com “uma programação regular de quinta-feira a domingo”.
A lotação é de 167 lugares – quatro para utilizadores com mobilidade reduzida – e serve habitualmente de palco também ao Fantasiarte, ao Cine France, ao Teatro de Marionetas associado ao Festival Internacional de Gigantes e à Festa da Marioneta da Artemrede e à comemoração do Dia Mundial do Teatro.
A merecer também destaque pela complementaridade que veio dar à oferta cultural, mas também por constituir-se como espaço de preservação da história local, sobretudo do Pinhal Novo, onde se localiza, encontra- se o Museu – A Estação, inaugurado em 2021. Esta recente valência veio “dinamizar a antiga estação de caminhos de ferro” pinhalnovense e, além do espólio que apresenta, promove um projecto muito característico, assente em “visitas mensais orientadas por ferroviários aposentados” ao local. No último ano, este projecto de visitas foi distinguido como “uma das melhores práticas culturais pela Organização Mundial dos Governos Locais Unidos”, salienta a autarquia.
Uma boa parte da cultura local passa ainda pelas duas bibliotecas e dois pólos, que dão corpo à Rede de Bibliotecas Públicas do Município. Da panóplia de actividades apresentada, emergem alguns projectos, como “o ‘Álbum de Família’, que procura, junto da população com mais idade, recolher fotografias e memórias que permitam o seu registo e arquivo” ou “o ‘Conversas sem Margens’, que debate temas complexos e que permitiu [a Palmela] integrar a Rede de Bibliotecas UNESCO”. Mas há ainda o “365 dias de romance”, realizado na Biblioteca de Palmela, numa parceria com a Casa Ermelinda Freitas, que leva à “mesa” do público, naquele espaço, escritores de renome.
O Centro Cultural do Poceirão e os centros comunitários de Águas de Moura e do Monte Francisquinho (inaugurados este ano) são também vértices da promoção cultural.
Castelo Centro de documentação e espaço de feira
Com eras de história, o Castelo de Palmela é, nos dias que correm, não só património como também catalisador cultural do concelho. “Palmela foi, durante séculos, sede da Ordem de Santiago. O Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago, sediado precisamente no castelo, é, além de um centro de documentação especializada, o promotor de cursos e encontros internacionais que, há mais de 30 anos, agregam em Palmela centenas de especialistas nestas matérias”, destaca a Câmara Municipal. Acolhe, nas galerias da Praça de Armas, um espaço arqueológico com exposição de achados encontrados no próprio castelo. A par disso, este monumento nacional também recebe, anualmente, um dos eventos que já marca o calendário “festivo” de Palmela: as recriações históricas da Feira Medieval.