Autarquia rejeita críticas de passividade, garantindo que monitoriza o serviço diariamente e informa que vai reunir esta terça-feira com a empresa. Falha de quinta-feira terá sido motivada por avaria no forno onde é cozinhada a comida
A Câmara Municipal de Palmela responsabiliza a empresa Uniself pelos problemas no fornecimento das refeições escolares às escolas básicas do concelho, designadamente pela falha da passada quinta-feira, em que a comida foi rejeitada, em várias escolas, por estar crua, como o DIÁRIO DA REGIÃO noticiou.
“Na sequência das várias situações de incumprimento e desta, mais grave, ocorrida no passado dia 2, o Município reúne-se amanhã, dia 7 de Novembro, com a administração da Uniself, no sentido de confrontar a empresa com esta grave situação, da sua inteira responsabilidade”, informa a autarquia em comunicado.
Na mesma nota, o município dá explicações sobre o “incidente” que foi reportado por 15 escolas num total de 800 crianças.
“No dia 2 de Novembro, o município foi alertado, na maioria dos casos pelas auxiliares de acção educativa do município, por vários estabelecimentos de ensino com fornecimento de refeições transportadas, do atraso da sua entrega e do facto do prato principal não estar devidamente cozinhado. Desde o início, a autarquia acompanhou o processo, em contacto com a empresa, através da sua responsável operacional, da inspectora e do director de divisão, solicitando a substituição das refeições entregues, em último recurso, pela refeição de emergência, prevista em sede de caderno de encargos (prato principal baseado em conservas, com guarnição e sobremesa).
Segundo a Uniself, esta situação terá decorrido de uma avaria do forno da cozinha onde são confeccionadas as refeições transportadas, que a empresa não geriu da forma mais correta – ou seja, assumindo que não tinha condições para fornecer aquela refeição e substituindo, de imediato, pela refeição de emergência.
Importa precisar que a falta de qualidade da refeição consistiu no facto de os primeiros tabuleiros recebidos estarem queimados (cheiro e sabor) e a comida dos segundos, que chegou tarde, não ter sido finalizada no forno.”
No documento, a Câmara diz não poder deixar de “sublinhar e reconhecer publicamente” que “face à situação inesperada, a maior parte dos estabelecimentos de ensino, com os recursos disponíveis e a iniciativa das auxiliares de acção educativa, minimizou os efeitos que, naturalmente, alteraram o normal funcionamento dos tempos lectivos” e que as crianças afectadas almoçaram, nesse dia, já no horário de aulas.
A autarquia refere que a Uniself foi contratada para fornecer, neste ano lectivo, as refeições às crianças das 24 pré-escolas e escolas básicas públicas do concelho, através de um concurso público internacional e que, “desde o início do contrato, têm sido registados alguns incumprimentos pontuais”, que a autarquia tem acompanhado “devidamente” a prestação do serviço e que houve já uma reunião, dia 11 de Outubro, para tratar desses problemas.
“Inclusivamente, já foi determinada a aplicação de coimas por incumprimento contratual”, informa o comunicado.
Os incumprimentos apontados pelo município são alterações de ementa (salada e fruta) “sem autorização prévia”, atrasos na entrega das refeições transportadas e dos equipamentos de banho-maria e garantia de fornecimento da refeição de emergência.
O DIÁRIO DA REGIÃO noticiou, sexta-feira na edição digital e segunda-feira na edição em papel, que as escolas do concelho de Palmela devolveram as refeições fornecidas pela empresa Uniself, por a comida estar crua.
“Ontem [quinta-feira] foi o caos completo já que a comida chegou crua às escolas tendo sido remetida para trás”, disse Jorge Duro, presidente da direcção da Associação de Pais da EB1 Nº 2 de Palmela e membro dos órgãos sociais da FERSAP – Federação Regional das Associações de Pais do Distrito de Setúbal e da UAP – União das Associações de Pais do Concelho de Palmela.
“Desde o início deste ano lectivo, temos assistido a uma degradação da alimentação escolar, onde tem sido registadas várias reclamações sobre a qualidade da comida e a sua confecção”, referia Jorge Duro, acrescentando que “como pai, e representante dos pais e encarregados de educação, sinto-me ultrajado com esta situação e com a passividade com que a mesma está a ser tratada pelos serviços da CMP”.
O DIÁRIO DA REGIÃO contactou a Uniself , na sexta-feira, e até ao momento não recebeu qualquer resposta da empresa.
Município nega passividade
No mesmo comunicado, a Câmara de Palmela rejeita as críticas de passividade no acompanhamento da prestação do serviço pela Uniself.
“O município rejeita, portanto, a acusação da Associação de Pais da EB1 de Palmela 2 – onde, aliás, foi uma auxiliar de acção educativa do Município que alertou para este incidente – sobre uma pretensa atitude de passividade face a esta situação e está empenhada, responsavelmente, como se demonstra, na resolução definitiva dos problemas ocorridos”, refere a nota enviada ontem às redacções.
A Câmara Municipal informa que “o fornecimento de refeições é um processo monitorizado, diariamente, pela autarquia, que diligência junto da empresa fornecedora, no sentido do estrito cumprimento do contrato e que, para além dos contactos diários, faz reuniões mensais com a empresa, as direcções dos agrupamentos e as coordenações das escolas” e que, além disso, “o município tem, ainda, um contrato com uma empresa certificada e independente, de consultoria em qualidade alimentar, que inspecciona, recolhe amostras e analisa periodicamente a qualidade dos alimentos”.