Câmara de Palmela multa empresa que serviu refeições cruas a escolas básicas [fotos da comida]

Câmara de Palmela multa empresa que serviu refeições cruas a escolas básicas [fotos da comida]

Câmara de Palmela multa empresa que serviu refeições cruas a escolas básicas [fotos da comida]

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Depois de a Uniself ter servido bacalhau com natas cru, a 15 escolas do concelho, vereador teve reunião “mais musculada” com a empresa. Assunto foi discutido na última reunião de Câmara. Valor das coimas não foi revelado

 

LEGENDA BACALHAU MAL COZINHADO. As fotos, da comida servida em Palmela no dia 02, mostram bacalhau com natas com “falta de cozedura”. Segundo a associação de pais é evidente que “as natas estavam completamente líquidas”. Numa das fotos estão dois tabuleiros, um que chegou depois, já gratinado, e outro ainda cru. “As crianças tiveram de dividir a comida de um tabuleiro por todos”, afirma a associação.

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A Câmara Municipal de Palmela multou a Uniself, empresa fornecedora das refeições a 24 pré-escolas e escolas básicas do concelho de Palmela, por incumprimento contratual cujo último episódio foi o fornecimento de comida crua no início deste mês.

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O “incidente”, como a autarquia o classificou, afectou 15 escolas num total de 800 crianças, no passado dia 02, com as refeições fornecidas pela Uniself a serem devolvidas à empresa por a comida estar mal cozinhada.

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da EB1 n.º 2 denunciou o caso, através do DIÁRIO DA REGIÃO, e a autarquia convocou uma reunião de urgência com a Uniself, informando, entretanto, que, segundo a empresa o problema “terá sido de uma avaria no forno cozinha onde são confeccionadas as refeições”.

Nesse dia, segundo a Câmara e a associação de país, muitas crianças almoçaram já às 14h30, com recurso a refeições de emergência.

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O município reuniu com a Uniself no dia 07 e, de acordo com o vereador da Educação, o resultado do encontro foi a aplicação de coimas, cujo valor não foi revelado. Adilo Costa (CDU) afirmou que a reunião com os representantes da empresa foi “mais forte, mais musculada” do que outros encontros anteriores.

“Logo no início [do contrato, que começou este ano lectivo] notou-se que havia incumprimentos pontuais, alterações nas ementas, alterações sem autorização prévia e sobretudo atrasos nas entregas das refeições transportadas e no equipamento de refeições em banho-maria, bem como, e isso é que é muito grave, na garantia de refeições de emergência”, disse o vereador, assegurando que “a situação tem sido devidamente acompanhada pela autarquia” com “contactos diários e reuniões mensais com a empresa e os agrupamentos de escolas e com informações, sobretudo, por parte das nossas auxiliares”.

Adilo Costa considerou que houve “erros grosseiros”, que “a empresa não seguiu o caderno de encargos” e assegurou não haver “nenhum desleixo por parte da autarquia”.

 

Oposição questiona contrato

A oposição camarária questionou a adequação do contrato de fornecimento existente entre o município e a Uniself.

Mara Rebelo (PS) defendeu que a aplicação de multas pode não ser suficiente e disse recear que a situação continue por a escolha da empresa ter sido feita com base no critério do custo.

“É legítimo que todos nós duvidemos que as empresas privadas consigam oferecer refeições de qualidade, com o mínimo de equilíbrio nutricional, quando o valor em média de casa refeição ronda um euro e trinta por aluno”, disse a vereadora socialista.

Paulo Ribeiro, eleito pela coligação PSD/CDS-PP propôs a reestruturação do caderno de encargos do contrato. Admitindo que “as multas são importantes porque são dissuasoras”, o eleito social-democrata tem dúvidas quanto ao futuro, uma vez que ainda “é muito cedo para termos [já] tantos problemas”.

Na resposta, Adilo Costa sublinhou que não esteve em causa a saúde pública ou a integridade física de qualquer criança. “Algum menino ficou em risco?”, perguntou, respondendo: “Zero”. O autarca comunista defendeu que o município não pode simplesmente rasgar o contrato com a Uniself. “No dia a seguir quem é que vai servir as refeições?”, questiona Adilo Costa.

Raul Cristóvão (PS), falou também para dizer que “não temos nenhum problema de risco para a saúde pública, mas há questões de qualidade e até de quantidade” e para defender a alteração da legislação “a bem das crianças e para facilitar a gestão das autarquias nesta matéria”.

“Não ponho em causa o esforço, o que temos de por em causa é o modelo e o modelo está errado”, disse.

A finalizar, o presidente da Câmara lembrou que a oposição, no ano anterior, não falou sobre os problemas que a mesma empresa já tinha apresentado noutras escolas quando foi contratada pela administração central. Pedro Taleço do PS, admitiu que soube que a empresa já tinha tido apresentado problemas.

Álvaro Amaro recordou também que a oposição aprovou o caderno de encargos do fornecimento do serviço agora prestado pela Uniself. “Acho deplorável o aproveitamento político. É o mesmo que uma associação de pais não alertar o município e enviar para a comunicação social.”, afirmou o presidente da autarquia.

 

Associação de pais diz que refeições de emergência continuam em falta

A Associação de Pais e Encarregados de Educação da EB1 n.º 2 diz que entretanto as refeições de emergência, que deveriam existir nas escolas, continuam a não ser servidas pela Uniself.

Jorge Duro, presidente da associação de pais, disse ao DIÁRIO DA REGIÃO que essas refeições “tem sido solicitadas desde o início do ano lectivo e não tem sido entregues” e que, “Inclusive, no dia 02 de Novembro foram pedidas essas refeições, mas também não foram enviadas”.

“Num dos dias em que existiu um atraso na entrega das refeições, foram utilizadas refeições de emergência que tinham sido deixadas na escola pela empresa anterior e cujos alimentos ainda se encontravam dentro do prazo de validade”, precisa Jorge Duro.

O representante dos pais diz que a associação não tem “intenção de estar a esgrimir argumentos com o município, mas sim que exista controlo e cuidado nas refeições que são fornecidas às crianças”, mas assegura que a direcção estará atenta.

“Só com a divulgação pública deste assunto, o município, por coincidência ou não, decidiu esclarecer a comunidade educativa deste nosso concelho sobre o que se estava a passar com a empresa fornecedora de refeições e o que já estava a ser feito pelos responsáveis do mesmo”, conclui.

O DIÁRIO DA REGIÃO questionou a empresa, logo na sequência do problema da refeições cruas e, até hoje, não obteve resposta.

 

 

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