Decisão tomada esta segunda-feira no Tribunal de Comércio de Setúbal. Trabalhadores concentraram-se contra a perda de emprego e o risco de perderem as casas onde vivem
Cerca de 30 trabalhadores da Herdade de Rio Frio concentraram-se ontem junto ao Tribunal de Comércio de Setúbal em protesto contra a insolvência da empresa, que dizem colocar em causa 44 postos de trabalho e habitações de 90 famílias.
Segundo a sindicalista Esmeralda Marques, do SIESUL, Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul, dezenas de trabalhadores da herdade estão em risco de perderem os postos de trabalho e as habitações devido à insolvência da Casa Agrícola e da Sociedade Agrícola de Rio Frio, no concelho de Palmela.
“Os trabalhadores concentraram-se aqui junto ao Tribunal do Comércio de Setúbal em protesto contra a Assembleia de Credores da Casa Agrícola da Herdade de Rio Frio, que hoje acabou por aprovar a insolvência da empresa, o que implica o despedimento de dois trabalhadores”, disse.
Segundo Esmeralda Marques, no próximo dia 08 de Junho está prevista a realização de outra assembleia de credores, desta vez da Sociedade Agrícola da Herdade de Rio Frio, que abrange mais 42 trabalhadores, alguns dos quais residem em habitações da Herdade de Rio Frio que lhes foram cedidas no âmbito dos contratos de trabalho.
“No dia 08 de Junho vamos estar junto à sede do Millennium, em Lisboa, a partir das 10:00, até porque o Millennium e a Parvalorem são os principais credores e são eles que têm o grande peso e a decisão final”, disse.
Esmeralda Marques ainda acredita que os principais credores, o banco Millennium e a Parvalorem, não decidam pela insolvência da Sociedade Agrícola da Herdade de Rio Frio e que viabilizem uma solução que salvaguarde a situação dos trabalhadores, 35 dos quais também residem em habitações cedidas pela Herdade de Rio Frio.
De acordo com dados disponibilizados pelo SITESUL, para além dos 35 trabalhadores que residem na herdade, há mais 55 famílias de ex-trabalhadores que também vivem em casas que lhes foram cedidas pela Herdade de Rio Frio, alguns dos quais ao longo de toda a vida.
O SITESUL salienta ainda o facto de a Herdade de Rio Frio ter recebido fundos comunitários no âmbito do PRODER, Programa de Desenvolvimento Rural, que possibilitou a modernização da vinha da herdade, que terá sido toda substituída há cerca de quatro anos, e a construção de um centro equestre.
“Também estava prevista a reabilitação de algumas casas para turismo rural, mas essa parte já não foi concretizada porque, entretanto, as empresas da Herdade de Rio Frio começaram a entrar em dificuldades financeiras”, disse Esmeralda Marques.
Lusa
Foto do PCP (Dezembro de 2016)