Já foram exumados “mais de 40 enterramentos”, feitos entre “o Século XVIII e os séculos XV/XVI”. Grande parte são crianças
A equipa de arqueólogos do Museu Municipal de Palmela que tem estado, desde Julho último, a acompanhar a obra de criação de percursos acessíveis ao Castelo local descobriu restos mortais de dezenas de pessoas sepultadas sepultadas na antiga Igreja de Santa Maria. A descoberta veio confirmar que o adro do templo era utilizado como cemitério, conforme descrito em documentação datada de 1510.
Segundo a Câmara Municipal de Palmela, das “cerca de quatro dezenas de enterramentos exumados até ao momento (cronologicamente delimitados entre o Século XVIII e os séculos XV/XVI)”, a equipa de arqueólogas “confirmou tratar-se de população natural da antiga vila (homens e mulheres de várias idades)”.
“Nota-se uma forte presença de crianças de muito tenra idade, própria da alta taxa de mortalidade que era comum nos primeiros anos de vida de então”, adianta a autarquia. Todas as inumações, sublinha a edilidade, “respeitam os rituais associados às práticas cristãs” e “os objectos associados são muito raros” – “rosários ou terços, botões, crucifixos ou moedas”. Isto, apesar da maioria não apresentar “qualquer objecto, dada a condição social das pessoas que eram enterradas no adro”.
Os trabalhos de campo “têm contado” também com a participação de uma antropóloga. “Atendendo ao bom estado de conservação da maioria dos enterramentos, o posterior trabalho laboratorial feito pela antropologia vai permitir obter ainda mais informação sobre a antiga população de Palmela, nomeadamente ao nível da estatura, alimentação, doenças ou deformações causadas pelo trabalho”, explica o município.
Este estudo “possibilitará, pela primeira vez, traçar um pequeno retrato sobre as características de uma franja da população de Palmela da época a que se reporta”.
Os trabalhos “têm enfoque no adro da antiga Igreja de Santa Maria”, onde será “instalada uma escada rampeada”.
A obra para a criação de percursos acessíveis no Castelo de Palmela representa um investimento de 356 mil e 700 euros. E é co-financiada pelo POR Lisboa 2020, inserida que está na candidatura “Castelos e Fortalezas da Arrábida”.