O autarca socialista admite que o anúncio pode ser feito antes das autárquicas de 2017 e garante que não assinará nenhum memorando “que traia o Montijo”
O presidente da Câmara do Montijo está convicto de que a localização do aeroporto complementar à Portela não irá levantar voo da Base Aérea n.º 6 (BA6). O mesmo é dizer que o autarca socialista já não vê forma de a implantação da infra-estrutura aeroportuária poder vir a fugir do concelho. Mais: a decisão do Governo, acredita, estará “para breve”.
Certo é que o presidente da Câmara do Montijo tornará a recusar colocar o preto no branco em qualquer documento que não acautele aquelas que considera serem “as condições mínimas” que sirvam os interesses do concelho no processo. “Não assino nenhum memorando que traia o Montijo”, garante Nuno Canta, justificando assim a nega dada ao então Governo PSD/CDS-PP, quando este, em vésperas das últimas legislativas, propôs a assinatura do autarca socialista num documento que assumia a instalação do aeroporto complementar à Portela na BA6. A garantia serve ainda para defender posição semelhante a adoptar, caso o Governo actual, liderado pelo socialista António Costa, venha a apresentar memorando idêntico ao município, antes das próximas autárquicas.
Nuno Canta mostra-se confiante de que a tutela irá mesmo avançar para a solução “Portela + 1”, com localização no Montijo, a breve prazo, ou seja, antes mesmo das eleições que vão realizar-se já em 2017. Até porque, lembra, o Orçamento do Estado prevê que “em 2017 será apresentada a solução para o desenvolvimento da capacidade aeroportuária futura na Área Metropolitana de Lisboa”.
Governo não apresentará memorando “sem sentido”
O que o presidente da Câmara não acredita é que o Governo de António Costa apresente ao município um memorando “sem sentido”, frisa, como aquele com que foi confrontado pela anterior gestão da coligação liderada por Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Muito pelo contrário. “Isso não irá acontecer. Até pelo teor de uma reunião que tivemos com o ministro do Planeamento e das Infra-estruturas, Pedro Marques, na qual abordámos a questão do novo aeroporto”, revela, acrescentando: “Posso até dizer que as condições [caderno de encargos] que a Câmara Municipal apresentou como fundamentais para que o Montijo possa acolher o aeroporto foram consideradas como um bom trabalho”, adiantou o socialista aos jornalistas, à margem de uma visita, realizada na segunda-feira, às obras da Escola Secundária Jorge Peixinho e também aos trabalhos de execução da nova ligação rodoviária ao Bairro da Bela Colónia, acesso que irá desembocar em Alcochete.
A necessidade de conclusão da Circular Externa até ao Seixalinho é uma das condições que o autarca considera essencial, como a construção da Avenida do Seixalinho com ciclovia, uma nova ligação viária à Ponte Vasco da Gama, a melhoria dos transportes públicos e a prestação do abastecimento de água e do tratamento dos esgotos ao novo aeroporto pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento do Montijo.