A Feira Nacional do Porco vai realizar-se entre os próximos dias 17 e 19 no Parque de Exposições Acácio Dores, em Montijo. Vítor Menino, presidente da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), antecipa um pouco do certame ao DIÁRIO DA REGIÃO e revela o peso económico que o sector tem no distrito, debruçando-se ainda sobre a marca recém-criada “Porco.pt”
Ao longo dos três dias são esperados cerca de 20 mil visitantes no certame que é tido como referência principal no calendário do sector suinícola nacional. A presença do ministro da Agricultura, Capoulas Santos, na abertura do evento está confirmada, numa edição que vai juntar um total de cerca de 220 expositores. A feira contemplará também uma vertente de lazer, com várias actividades de animação: tunas, fados, danças sevilhanas, concertinas, bandas de baile e DJ´s.
Porém, a verdadeira “música” do certame – subentenda-se, o foco principal – é vincadamente profissional ou não fosse este considerado como “um momento-chave” para debater “o presente e o futuro” do sector.
“Por se tratar de uma feira profissional, nada melhor que este momento em que todos os intervenientes do sector estão juntos durante três dias, para definir estratégias, fechar parcerias e, acima de tudo, analisar onde, quando e como podemos actuar para continuarmos a crescer enquanto importante sector da economia nacional”, diz Vítor Menino.
– Como se pode definir a actividade suinícola no distrito de Setúbal?
– Estima-se que no distrito de Setúbal esteja instalado 9% do efectivo suinícola nacional e 20% no que respeita à indústria de abate e transformação, por isso, a actividade suinícola e toda a fileira da carne de porco tem um impacto económico bastante proeminente no distrito de Setúbal.
– Qual o peso do sector no distrito setubalense, em geral, e do concelho montijense, em particular, em termos económicos, sabendo-se de antemão que a suinicultura contribui com cerca de 560 milhões de euros para a economia nacional?
– Se for considerado apenas o impacto da produção no distrito, este significa mais de 50 milhões de euros. Considerando toda a fileira, desde fábricas de rações, produção, abate e transformação, faz deste sector um dos principais motores económicos do distrito. O concelho do Montijo destaca-se pela implantação de empresas com actividade ligada à produção, abate e transformação de carne.
“o impacto da produção no distrito significa mais de 50 milhões de euros”
A construção da Ponte Vasco da Gama obrigou à deslocalização de muitas explorações suinícolas para fora do concelho, mas as unidades de abate mantêm-se, sendo o principal motor empresarial do concelho.
– Esta 24.ª edição da Feira Nacional do Porco promete, através das jornadas técnicas, abordar temas polémicos. Quer levantar um pouco do véu sobre o assunto?
– Não considero que haja temas polémicos, mas sim temas estruturantes para o nosso sector. Sem dúvida que tentamos considerar todos os temas que interessam aos participantes e expositores da feira, porque este é também um momento-chave para discutirmos o sector, o seu presente e o seu futuro. Por se tratar de uma feira profissional, nada melhor que este momento em que todos os intervenientes do sector estão juntos durante três dias, para definir estratégias, fechar parcerias e, acima de tudo, analisar onde, quando e como podemos actuar para continuarmos a crescer enquanto importante sector da economia nacional.
De entre os vários temas em debate, destaco talvez o ambiente, por ser uma matéria que tem estado na ordem do dia. Desde sempre que as questões ambientais são das principais preocupações da FPAS, que ao longo dos últimos anos, sempre norteou o seu Plano de Actividades no sentido de priorizar a sensibilização dos produtores suinícolas no desenvolvimento de práticas de produção respeitadoras do meio ambiente.
– Pode dar um exemplo concreto?
– Exemplo disso é o facto de termos sido uma das primeiras entidades do sector agropecuário a assinar um protocolo com o Ministério do Ambiente em Portugal, tendo por base as preocupações ambientais, ainda no ano de 1994. Ou o Seminário “Suinicultura e Ambiente” que recentemente realizámos com alguns dos maiores peritos internacionais na matéria, que vieram a Portugal explicar as melhores práticas nos seus países. Acredito que na Feira Nacional do Porco teremos oportunidade de reforçar este nosso compromisso e analisarmos todos o que podemos fazer para contribuir para o bem-estar ambiental.
– A marca Porco.pt será o tema central do evento. Qual a grande vantagem desta recente marca nacional que já abrange 40% da produção portuguesa? Esta percentagem poderá crescer muito mais? Qual o objectivo de crescimento em termos temporais?
– A marca apresenta várias vantagens: é a única marca de carne de porco certificada em Portugal, a carne tem de ser proveniente de animais nascidos e criados em Portugal e as normas de bem-estar animal são superiores às legalmente exigidas, nomeadamente no espaço de criação e transporte de animais. Muito importante é também o facto de a alimentação dos animais produzidos no âmbito deste programa ser feita à base de cereais o que lhe confere características de sabor e tenrura superiores. O processo é controlado e certificado por uma empresa independente e todo o processo tem a homologação do Ministério da Agricultura. A suinicultura nacional criou este projecto para promover uma carne de porco diferenciada, de qualidade certificada, mais tenra e mais saborosa.
“POrco.pt é a única marca de carne de porco certificada em Portugal”
Quanto às expectativas, consideramos que abranger já 40% da produção nacional em um ano é um registo muito positivo, mas obviamente queremos continuar a crescer. Neste momento é impossível definir uma meta concreta, mas o que posso dizer é que estamos no caminho certo e em breve contamos apresentar mais novidades que ajudarão a que estes números atinjam outros patamares.
– Voltando à feira e olhando para a vertente complementar de lazer, a aposta numa oferta deste tipo para atrair público é apenas para manter ou reforçar nas edições vindouras?
– A parte lúdica da feira é um complemento ao carácter profissional e gastronómico da mesma. Tentamos sempre garantir um cartaz que permita a quem nos visita desfrutar de um momento de descontracção e animação. Naturalmente não é esse o foco central da feira mas sem qualquer tipo de dúvida que não descuramos esta parte, pois sabemos que todos os visitantes da Feira Nacional do Porco apreciam esta componente extra. Como tal, naturalmente manteremos o compromisso de assegurar a área lúdica nas próximas feiras, sempre com nomes e actuações que possam agradar a quem passa pelo Montijo.
– Actualmente, o certame é bienal. Existe margem para que venha a ser realizado anualmente?
– O certame teve periodicidade anual até 2001. A partir dessa data entendeu a comissão organizadora realizar a feira de dois em dois anos, atendendo à especificidade do evento e ao facto de ter um cariz proeminentemente profissional. No curto prazo não está planeada nenhuma mudança de estratégia.