Tiago Correia: “Sou muito feliz no fado, anda comigo sempre, lado a lado”

Tiago Correia: “Sou muito feliz no fado, anda comigo sempre, lado a lado”

Tiago Correia: “Sou muito feliz no fado, anda comigo sempre, lado a lado”

Artista montijense descobriu o gosto pela música com os avós e desde cedo se interessou pela história do fado. Em 2021, lançou o primeiro trabalho discográfico “E decididamente”

 

Tiago Correia considera que a música chegou a si por herança familiar e confessa que não se lembra de existir “Tiago sem música”. Viveu desde sempre com os seus avós maternos, vindos de Beja, na década de 70, para o Montijo.

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“Sempre tiveram um lado muito musical e cantavam muito, desde música tradicional portuguesa a músicas de intervenção. Com cinco anos cantava a ‘Grândola, vila morena’, ‘Uma gaivota voava, voava’ e a ‘Tourada’ com eles”, começa por contar. “Na altura, não percebia a mensagem, mas sempre valorizei tanto a palavra e aquilo parecia-me muito interessante e dinâmico. Quando mais tarde compreendi tornou-se ainda mais especial”, continua.

Estudou piano, entre os oito e os dez anos, na Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro no Montijo e haveria de descobrir o fado aos 12 anos. “O meu avô, o meu grande mestre e referência de vida, dá-me a conhecer o Fernando Farinha, fadista da velha guarda, e aquela música soou-me a casa. Perguntei ao meu avô se havia quem fizesse vida do fado e logo afirmei que então eu também queria”, partilha. “Encantei-me por aquela musicalidade antes de conhecer as palavras e compreender a mensagem e senti que aquilo me era muito próprio, que era a minha identidade”, adianta.

Em 2009 destaca-se no programa “Uma canção para ti”, da TVI, e em 2010 com o prémio “Nasci para o fado”, da RTP, que lhe abriu portas à participação no musical “Fado História de um Povo”, de Filipe La Féria. É então depois desta experiência que descobre que esta seria a sua vida profissional “para sempre”.

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Aos 16 anos estreou-se nas casas de fado em Lisboa e quase em simultâneo começa a realizar concertos por todo o país. Também nesse tempo conhece referências como Celeste Rodrigues e António Rocha, “que participa no meu álbum, um sonho concretizado, e trabalha ainda no Faia no Bairro Alto, os únicos dois fadistas por quem chorei a ouvir cantar”.

As grandes referências e a história do fado como ponto de partida

Na perspectiva do fadista, “quando pensamos em construir um futuro, temos de perceber onde está a raiz e o que já foi feito para podermos então fazer algo novo”. Sentiu por isso necessidade de estudar os fadistas mais antigos e saber mais sobre a história do fado e decidiu pôr mãos à obra.

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No domínio da formação musical, afirma que a sua verdadeira escola “foram as pessoas que me rodearam e as ideias que me transmitiram. É a elas que devo aquilo que tenho vivido até hoje na música”.

Em 2018, licenciou-se em comunicação social no Instituto Politécnico de Setúbal. “Queria descobrir de que forma me poderia posicionar no mundo e tinha uma grande paixão pela comunicação desde que me lembro, sobretudo pelo valor da palavra”, justifica.

Estreia-se a solo, em 2021, com o álbum “E decididamente”, com produção musical de Ângelo Freire, abrindo o seu próprio caminho enquanto fadista, letrista e compositor.

“Tinha 16 anos quando um dos grandes poetas do fado me escreveu um tema chamado ‘E decididamente’, uma abordagem a tudo o que sou que viria a dar nome ao disco”, conta. “As pessoas dizem, prefiro que sejam as pessoas a dizer, mas de facto às vezes sinto algo muito antigo em mim, muito ligado às raízes e aos sentimentos mais bonitos do passado, que não consigo explicar”, revela. Neste poema, pode ler-se “e decididamente não pertenço aqui, não sou dos dias de hoje e de ontem também não. Nem sou um grão de gente que ainda não nasci, só que o futuro foge de mim como um ladrão”.

O disco tem, assim, o objectivo de “contar quem sou, com a certeza de que estudei e compreendo quem foram os outros. É também uma forma de os homenagear e decididamente sou dos fados, desta gente e das raízes”. Tendo os seus amores e saudades como inspiração, sem esquecer o que vê e sente nos sítios por onde passa, conta com o tema “Simples lamento”, que Tiago escreveu, letra e música, para homenagear o avô.

Tem feito, nas suas palavras, a vida toda a cantar. “Com a idade, fui-md profissionalizando no sentido de trabalhar, dedicar e descobrir mais, mas a música esteve permanentemente comigo de forma muito natural. Sou muito feliz no fado, anda comigo sempre, lado a lado”, refere. No que diz respeito ao futuro, confessa que sonha mais do que vive e que já tem na cabeça projectos para seis ou sete discos, “assim como aos 16 tive logo a certeza de que a história do primeiro disco tinha que dizer qual é a minha identidade e a quem devo o que sou”. Está neste momento a apresentar o disco por todo o país, continua a cantar nas casas de fado e a 1 de Novembro pisa o palco da Casa da Música do Porto.

 

Tiago Correia à queima-roupa

Idade: 25 anos

Naturalidade: Montijo

Residência: Montijo

Área: Música

Enquanto fadista canta “quem é, certo de que estudou, compreende e assim homenageia quem foram os outros”

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