Na Assembleia da República os autarcas do Seixal e Moita fizeram ouvir as suas razões e reafirmaram o aeroporto em Alcochete
O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, continua a afastar a construção do terminal aeroportuário no Montijo, e insiste na opção Campo de Tiro de Alcochete para receber o novo Aeroporto de Lisboa. Foi isso mesmo que o autarca vincou, na passada semana, na Assembleia da República, aquando da discussão desta infra-estrutura.
Com o presidente da Câmara da Moita, Rui Garcia, a defender também Alcochete, o Governo vai ter de conseguir apoios, caso contrário o novo aeroporto vai ter muita dificuldade em ‘aterrar’.
Na audição dos grupos parlamentares, o autarca do Seixal defendeu que a “localização prevista pelo Governo para este terminal acarreta enormes impactos negativos, não só no ambiente, mas também na qualidade de vida e saúde das populações dos concelhos envolvidos”. Pelas suas contas, “estima-se que mais de 90 mil pessoas serão afectadas de forma directa”.
Para Joaquim Santos não há argumentos do Governo para rebater que a opção Montijo “não serve os interesses das populações, da região e do país”. Portanto, “é um projecto sem futuro que, daqui a alguns anos, estará esgotado”. Também do ponto de vista do investimento, não tem dúvidas de que com a construção do novo aeroporto em Alcochete “far-se-ia mais obra pelo valor que se prevê para a opção Montijo, sem afectar a saúde de milhares de pessoas”.
Ora, é também pelo lado da saúde e sossego da população que o autarca do Seixal tem o presidente da Câmara da Moita do seu lado. Na mesma audição dos grupos parlamentares, Rui Garcia reafirmou estar contra o aeroporto no Montijo.
Nem mesmo as medidas de mitigação previstas na Declaração de Impacte Ambiental, nem a proposta do primeiro-ministro, António Costa, de avançar com a reabilitação urbana da Baixa da Banheira, das mais afectadas pela construção do novo Aeroporto de Lisboa, convence o autarca da Moita.
Aos deputados, disse mesmo que os impactes tanto ambientais como nas pessoas são “irreversíveis e não mitigáveis”, por isso todas as medidas “são insuficientes”.
Com esta posição, os dois autarcas estão a conseguir bloquear a opção Montijo, e diz nota da autarquia seixalense que, para além da Moita, em defesa de Alcochete vêm também as autarquias de Palmela, Sesimbra, Setúbal e de Benavente.
Perante este parecer negativo e com o PSD a não definir ainda se está ao lado dos socialistas, o Governo começa a ficar próximo de uma não solução, pelo menos nos moldes a que se propunha, isto apesar da ANA insistir que o novo aeroporto no Montijo não pode ficar num impasse.
Entretanto, começam outras sombras a pairar sobre a construção do novo aeroporto. Como lembra o semanário Expresso, até mesmo a opção Alcochete começa a esgotar-se, uma vez que a Declaração de Impacte Ambiental caduca no final deste ano.