Directrizes do PS impedem que membros do Governo se candidatem, mas Catarina Marcelino pode ser a excepção depois da ruptura de Nuno Canta com Amélia Antunes
É há muito sabido que o verniz estalou entre os socialistas Nuno Canta e Maria Amélia Antunes, que presidem à Câmara e Assembleia Municipal do Montijo, respectivamente.
Há cerca de três anos, em entrevista concedida ao DIÁRIO DA REGIÃO, no balanço a um ano de mandato, o presidente da Câmara descartava desde logo a eventualidade de uma recandidatura de Maria Amélia Antunes à Assembleia Municipal.
Até porque, justificava então o socialista, a decisão teria de passar pelo crivo do presidente da Comissão Política Concelhia do PS, cargo que Nuno Canta também ocupa. Ao torná-lo público, Nuno Canta provocava assim uma ruptura insanável no partido.
Já não havia volta atrás. Tanto assim que, mais tarde, durante a cerimónia de inauguração das obras de requalificação da Escola Secundária Jorge Peixinho, apadrinhada pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, Maria Amélia Antunes deixou Nuno Canta de mão estendida quando este se lhe dirigiu para a cumprimentar na presença da secretária-geral adjunta do PS e ex-presidente da Federação de Setúbal do partido, Ana Catarina Mendes.
Com Maria Amélia Antunes arredada da corrida (a autarca modelo do PS tem revelado sentido de estado, mantendo-se em funções apesar de há bastante tempo incompatibilizada com aquele que foi seu vice-presidente durante oito anos), os socialistas têm vindo a equacionar várias possibilidades.
Ao que o DIÁRIO DA REGIÃO apurou junto de fonte do partido, a secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, foi um dos nomes que terá mostrado disponibilidade para encabeçar a lista do PS à Assembleia Municipal.
A disponibilidade terá sido comentada nos corredores da concelhia socialista como “mais uma imposição do partido do que propriamente uma escolha” de Nuno Canta.
As directrizes do PS nacional para as Autárquicas de 1 de Outubro próximo parecem, por outro lado, arredar desde logo a possibilidade: membros do Governo não vão interferir directamente nas eleições.
Exemplo disso mesmo foi o caso vivido em Palmela, onde, sabe o DIÁRIO DA REGIÃO, o nome do secretário de Estado da Educação, João Costa, oriundo da Quinta do Anjo, chegou a ser indicado para encabeçar a lista dos socialistas à Assembleia Municipal, processo que acabou assim por ser inviabilizado.
No Montijo, a questão em torno da possibilidade de candidatar Catarina Marcelino pode, porém, vir a ser diferente. “Há quem admita que o Montijo possa ser a excepção”, confessou a mesma fonte ao DIÁRIO DA REGIÃO, relativamente às directrizes nacionais do partido.
O DIÁRIO DA REGIÃO ainda não conseguiu obter a reacção da secretária de Estado sobre a possibilidade de uma possível candidatura à Assembleia Municipal do Montijo.
Lista para a Câmara com duas caras novas
O PS poderá apresentar duas alterações nos primeiros quatro lugares da lista candidata à Câmara, encabeçada por Nuno Canta, em relação às últimas eleições. Ao que o DIÁRIO DA REGIÃO conseguiu apurar, a vereadora Maria Clara Silva deverá surgir no segundo lugar da lista, no lugar de Francisco dos Santos. Sara Ferreira e Ricardo Bernardes são as duas novidades, que devem completar o quarteto da lista.