O Presidente da República afirmou hoje, 31, que a missão militar portuguesa no Mali foi “mais difícil que o esperado”, devido à crescente instabilidade no território, mas elogiou o desempenho das forças portuguesas.
“Era uma missão muito difícil, mais difícil do que se tinha pensado, porque a instabilidade foi crescendo ao longo de vossa permanência naquele território, obrigando a uma dedicação acrescida, atenção crescente e devoção sem limites”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República esteve hoje na Base Aérea Nº6, no Montijo, acompanhado pelo ministro de Defesa, Azeredo Lopes, na recepção à Força Nacional Destacada (FND) no Mali no âmbito da missão MINUSMA, que decorreu nos últimos seis meses.
“É uma missão essencial para a pacificação, estabilização política e respeito das pessoas, em particular das mais vulneráveis, numa área turbulenta do continente africano. É uma missão importante para o Mundo, para a Europa e em especial para Portugal. Quando se fala da situação da Europa e se olha para o mediterrâneo e norte de África, e para o desafio colocado a todos nós pelas migrações vindas do continente africano, é preciso não esquecer que a causa principal é instabilidade politica, económica e social nas áreas de onde provêem os migrantes”, defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou que as migrações do centro de África para o norte de África têm uma rapidez e uma gravidade elevadas, acentuando os factores de instabilidade que pressionam o norte de África, o mediterrâneo e a Europa.
“Concluiu-se uma participação excelente, que ultrapassou os objectivos definidos, num contexto bem mais difícil do que era esperado. O que vos posso dizer é obrigado em nome de Portugal e dos portugueses”, salientou, lembrando o trabalho efectuado no transporte de feridos no dia 20 de Janeiro ou a defesa da zona de Timbuktu.
No âmbito da missão, que começou em Novembro no Mali, estiveram envolvidos 193 militares, num esquema de rotação, estando em permanência no local 66 militares, 60 da Força Aérea e seis dos Paraquedistas, os únicos que estiveram os seis meses no território.
A missão portuguesa, que foi render na zona de Bamako as forças norueguesas que estavam no local, desempenhou com o C-130 acções de transportes de feridos e doentes, transporte de passageiros, lançamento de carga e reconhecimento.
“Estávamos preparados e treinados. Não encontrei nenhuma situação para a qual não houvesse uma resposta já preparada. Estávamos com a motivação em alta, treino adequado e bem equipados. Existe sempre motivo de preocupação, mas aquela era a nossa casa durante seis meses e estávamos preparados”, disse o tenente-coronel José Nogueira, um dos dois comandantes de destacamento na missão.
Já a major médica Glória Magalhães, umas das 24 mulheres envolvidas na missão, esteve um mês no Mali na missão MINUSMA.
“Para nós militares é sempre difícil sair do conforto do nosso país e ir para um território estranho onde existe um risco acrescido, mas isso é a nossa missão. Toda a missão tem os seus desafios. O que tentamos fazer é gerir o risco e o maior risco foi quando fomos para território hostil no norte do Mali”, defendeu.
A militar considerou ainda que o que a mais impressionou foi o facto de os malianos “saberem viver felizes com o pouco que têm”.
A missão portuguesa foi agora rendida no local pela Dinamarca.