Instalação foi feita para separar turmas devido à Covid-19. Após a polémica a altura das redes já foi reduzida e as portas retiradas
A vedação anticovid colocada no espaço exterior da Escola Básica D. Pedro Varela, no Montijo, gerou contestação por parte de alguns dos pais das cerca de 700 crianças, que acham a solução desadequada e perigosa.
Os encarregados de educação que contestam dizem que a instalação feita no pátio da escola parece um conjunto de “jaulas” ou “curros”. Um dos pais é João Oliveira Bastos, encarregado de educação de uma aluna, que afirma tratar-se de uma solução “indigna para seres humanos” e questiona se a estrutura cumpre as normas de segurança.
Após a polémica, a altura das redes já foi reduzida, numa operação de correcção que teve lugar este fim-de-semana. As redes, que tinham uma altura superior à das crianças, foram cortadas para cerca de metade, e as portas de cada recinto foram retiradas, reduzindo o impacto e a sensação de falta de liberdade.
No primeiro dia de aulas após a instalação das novas zonas de segurança, na semana passada, vários outros pais queixaram-se também do estado da roupa e sapatos com que os filhos regressaram a casa, devido à gravilha que cobre o chão destes recintos e que, com a chuva, se transforma em lama. O piso do recinto, em gravilha, é o mesmo que já existia, mas a separação dos espaços deixa menos espaço de manobra e as crianças não deixam de correr e brincar.
Luis Fermino, vice-presidente da associação de pais confirma ter conhecimento de que há pais descontentes com o “tipo de vedação”, embora não tenha ainda chegado qualquer queixa formal à associação.
A associação de país tem já uma reunião marcada com a Câmara Municipal do Montijo, para esta semana, para “analisar a situação” e “tentar encontrar soluções possíveis para alterar a vedação”.
A associação de pais diz estar perante “uma espada de dois gumes”, uma vez que “a vedação foi colocada a pedido de alguns pais, e à revelia” da organização representante dos encarregados de educação, e “há outros pais que se queixam”.
O presidente da Câmara Municipal do Montijo admite “corrigir” a instalação, que separa as turmas do 5.º ao 9.º anos. “Não somos intransigentes. Vamos ver se há algum excesso de corredores.”, disse Nuno Canta.
O autarca explica que a escola foi recepcionada pelo município, no âmbito da transferência de competências, há apenas cerca de três meses e que a autarquia começou logo a investir para resolver “duas preocupações principais”. A requalificação do refeitório, que tinha “problemas higiene-sanitários e de insalubridade na zona de confecção da comida”, e cujas obras ficaram concluídas “logo em Setembro”; e a colocação de vedação, para proteger os alunos de “actividades menos adequadas” que se passam no exterior do estabelecimento. O mesmo género de vedação exterior foi usada no interior, por ser a de “uso corrente” pela autarquia no seu parque escolar.
O presidente da câmara considera a polémica “desnecessária” por a vedação interior ter sido “desenvolvida no âmbito do plano de contingência contra a covid, da responsabilidade do agrupamento de escolas e da Direcção Geral da Saúde”.
Nuno Canta acrescenta que “a obra responde a muitas das solicitações dos pais dos alunos, relativas á segurança dos mesmos no âmbito da pandemia e mesmo à reivindicação da associação de pais”.
A directora do Agrupamento Escolar D. Pedro Varela confirma ter pedido a separação do espaço escolar, mas não o tipo de estrutura que acabou por ser usada. “Foi pedida delimitação, para manter as bolhas, mas o material, a altura, etc, foram escolhidos pelos técnicos da câmara”, disse Alexandra Caeiro.
A direcção escolar publicou um comunicado, no site oficial do agrupamento, em que defende que a delimitação, também já feita nos outros estabelecimentos do agrupamento, mas “com marcas no chão e fitas”, é “da maior importância para reduzir os contactos entre crianças de diferentes turmas”.
Na nota assinada pela directora, a escola “reitera a disponibilidade para ouvir soluções emanadas pelos Encarregados de Educação, através dos seus representantes (APEE)” e pede a “compreensão de toda a comunidade educativa”.
O presidente da Câmara do Montijo, Nuno Canta, assegura que a autarquia teve intenção de “melhorar a escola”, com intervenções que “permitam dar qualidade de vida e de aprendizagem” aos alunos.