A CDU classifica a gestão de Nuno Canta como “o mais fraco exercício autárquico das últimas décadas”. O PSD lembra que “uma vez mais foi efectuada uma reserva às contas”
A gestão socialista da Câmara Municipal do Montijo fechou as contas de 2016 com um saldo positivo de 3 milhões e 974 mil euros de execução orçamental, mas a oposição (CDU e PSD) não poupou críticas às políticas adoptadas pela presidência de Nuno Canta.
O resultado líquido (positivo) do exercício ascendeu a 729 mil e 143 euros, com taxas de execução de 102 por cento na receita e de 90 por cento na despesa, sendo que o documento foi aprovado com os votos favoráveis dos socialistas e as abstenções de CDU e PSD (https://www.diariodaregiao.pt/2017/04/12/montijo-transita-para-2017-com-saldo-de-quase-4-milhoes/).
A CDU considerou, porém, que o relatório apresentado confirma “tendências que vinham a ser seguidas nos últimos anos”. Para a coligação, esta tem sido “uma gestão de serviços mínimos”. Uma gestão socialista, sublinhou a CDU em declaração de voto, que “disfarça incapacidade, ideias, muito menos projecto, que não tem, com uma preocupação de não ter ‘pagamentos em atraso nem atraso nos pagamentos’”. Em vez de investir “estratégica, séria e decididamente no reforço dos serviços municipais – tendo sido compelida, só a contragosto, a aliviar a carga fiscal sobre os montijenses” –, a gestão PS, acrescenta a CDU, fica-se por “intervenções mínimas de conservação”.
“Se manter as contas equilibradas pode fazer sentido em tese geral, a política pública não se esgota nos orçamentos, ‘há mais vida para lá dos orçamentos’. A tarefa dos autarcas não é de não gastar para não pagar, a grande e nobre tarefa da política é a gestão de recursos escassos, rasgando horizontes, planeando, projectando, preparando o futuro das comunidades para lá da estreiteza de cada mandato de quatro anos”, defendeu a CDU.
Considerando a gestão de Nuno Canta como “o mais fraco exercício autárquico das últimas décadas”, a CDU defende também que “existe a possibilidade de fazer mais e melhor para resolver os problemas estruturais do concelho”.
PSD fala em obras adiadas
O PSD também se debruçou sobre o investimento realizado no concelho. “Verifica-se que a execução do Plano Plurianual de Investimentos continua a manifestar-se insuficiente (60% na execução financeira anual e 33% na execução física global)”, começaram por criticar os social-democratas em declaração de voto, adiantando: “Esperamos para ver, agora que estamos na recta final do mandato e se aproximam as eleições, o ciclo de concretização das obras sucessivamente adiadas.”
Os social-democratas fazem também um reparo à certificação das contas. “Por último, e socorrendo-nos da certificação legal de contas, importa realçar que uma vez mais foi efectuada uma reserva às contas pelo facto de não estar ainda regularizado o imobilizado da Câmara Municipal, situação que estará a ser regularizada”, apontaram, reforçando: “Relembramos uma vez mais o referido no preâmbulo do POCAL: [alínea g)] a disponibilização de informação sobre a situação patrimonial de cada autarquia local. Isso não acontece nas contas as Câmara do Montijo.”
A terminar, o PSD deixou um apelo: “Esperamos que na análise das contas futuras, as não conformidades agora verificadas estejam definitivamente corrigidas e a contabilidade apresente cabalmente uma imagem verdadeira e apropriada.”