Documento que vai ser assinado hoje, 15, prevê aprofundamento dos estudos sobre a localização do novo aeroporto na Base Aérea n.º 6, no Montijo.
A assinatura do memorando para estudar “com maior profundidade” o novo aeroporto na base aérea nº 6 é considerando um passo essencial pelo autarca do Montijo, que referiu que existem infraestruturas de apoio que são necessárias.
A base aérea nº 6, localizada no Montijo, distrito de Setúbal, está a ser estudada para receber o novo aeroporto, completar à Portela.
“Tem sido um processo difícil e que tem tido avanços e recuos. Agora temos a situação mais maturada, estudos que esta localização permite sustentar a capacidade aeroportuária de Lisboa pelos próximos 50 anos e estamos em condições da dar o primeiro passo, que é a base aérea nº 6 no Montijo ser localização a ser estudada com maior profundidade, mas para isso precisamos da assinatura desse memorando”, disse Nuno Canta (PS), presidente da Câmara do Montijo.
Nuno Canta referiu que, nas várias reuniões que realizou para discutir o novo aeroporto no concelho, entregou um caderno de encargos, considerando que existem obras que são indispensáveis.
“Sem as infraestruturas de apoio o aeroporto não funciona nas devidas condições e isso interessa a quem instala o aeroporto e à cidade. A Circular Externa do Montijo é necessária para fazer a ligação de quem vem do sul e até de Espanha, tal como o novo acesso à Ponte Vasco da Gama. Não são estátuas, são infraestruturas essenciais”, defendeu.
Nuno Canta salientou que o novo aeroporto pode ser um “primeiro grande passo” para construiu em “cidade de duas margens em redor do rio Tejo”
Autarca lamenta posição da Associação de Municípios
O autarca lamentou que a Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) esteja contra o novo aeroporto no concelho, considerando que a infraestrutura vai potenciar toda a região.
“O aeroporto vai potenciar o desenvolvimento económico do Montijo e de toda a região, pois é um grande investimento. Nós estivemos presentes na reunião e manifestámos a nossa posição, mas a AMRS assumiu uma posição que a mantém do lado errado da história”, acrescentou.
O autarca do Montijo considera que se trata de uma “posição política” das autarquias lideradas pela CDU.
“Os municípios da região deviam ter uma acção conjunta, pois o novo aeroporto pode potenciar o novo terminal no Barreiro ou a requalificação dos antigos territórios industriais na região. Tudo devia ser feito de forma integrada e espero que os meus colegas presidentes revejam a sua posição”, salientou.
Dores Meira acusa Governo de ignorar estudos para favorecer Montijo
A presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira (CDU), acusou ontem o Governo de “favorecimento político- partidário” da Câmara do Montijo, ao propor a utilização da base aérea n.º 6 para complementar o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.
“É uma solução um pouco casuística e de favorecimento político- partidário. Acho que é uma falta de respeito haver um plano estratégico, haver pensamento sobre a região, haver documentos elaborados sobre esse plano estratégico e o Governo nem sequer convocar todos os municípios para falar disto, dando apenas conhecimento [da escolha do Montijo] ao município da sua cor partidária”, disse, em declarações à Lusa.
“Eu pensava que, no momento que atravessamos, estas coisas já não podiam acontecer, não com este Governo. Está na cara que há um favorecimento político-partidário. É isso que eu entendo”, acrescentou.
Maria das Dores Meira lembrou ainda que estudos realizados ao longo das últimas duas décadas apontam a zona do campo de tiro de Alcochete como a melhor alternativa e também não aceita o argumento económico para justificar a opção pelo Montijo.
“O argumento económico para mim não colhe e penso que para os meus colegas e camaradas de outros municípios também não colhe. O que se vai investir no Montijo poderá ser o mesmo do que se investiria em Alcochete, uma vez que estamos a falar de um aeroporto de complemento à Portela e não de um aeroporto com as dimensões do aeroporto da Portela, nem de nada que se pareça”, justificou.