Cândida Almeida apresentou a obra e não poupou elogios à socialista, que juntou na cerimónia elementos da esquerda à direita
“Um verdadeiro guia do poder autárquico, um guia do autarca”. Foi assim que Cândida Almeida, procuradora-geral adjunta jubilada e antiga directora do Departamento Central de Investigação Penal, definiu o livro de Maria Amélia Antunes, intitulado “O Futuro tem Mudança”, que apresentou na passada segunda-feira durante o lançamento da obra, realizado no Canto do Tejo Café, em Montijo.
Perante cerca de 180 pessoas – a autora socialista conseguiu juntar na cerimónia elementos da esquerda (PCP) à direita (PSD) do espectro político –, Cândida Almeida enalteceu “a colectânea de textos espantosa” que dá corpo à obra. Até porque, Maria Amélia Antunes colocou em cada um deles – escritos e publicados na Comunicação Social e na Revista Municipal do Montijo entre 1998 e 2022 – “brilhantismo, clareza e profundidade”, considerou aquela que foi a primeira mulher procuradora da magistratura em Portugal. E, apesar de alguns dos artigos terem mais de 20 anos, continuam a ter, na opinião de Cândida Almeida, máxima actualidade, face aos tempos que vivemos.
“Acho que todas as bibliotecas dos nossos municípios deveriam ter um livro como este, no seu todo é uma mini enciclopédia. Um livro que se deve ler para reflectirmos no futuro que queremos para nós e para os nossos vindouros”, disse a procuradora-geral adjunta jubilada.
Partidos coveiros
Maria Amélia Antunes, antiga presidente da Câmara e da Assembleia Municipal do Montijo, interveio depois e debruçou-se sobre o futuro. Defendeu “uma mudança estrutural e não apenas a adaptação funcional das estruturas existentes”, para que se alcancem “alterações da organização social”.
“O passado já não podemos mudar, olhando o futuro, a partir deste momento do presente, a nossa consciência diz-nos que continuará como é agora, se nada fizermos para mudar. Importante poderá ser olhar as grandes mudanças operadas no passado e aprender com sentido ético o que muitas dessas mudanças nos trouxeram”, apontou, sem deixar de focar os frutos do 25 de Abril de 1974. Daqui para a frente, observou, “compete a quem dirige, a quem governa, encontrar as melhores soluções para que ninguém fique para trás nos processos de mudança”. E, mais à frente, deixou um alerta: “Os actuais partidos democráticos, se não alterarem as suas práticas, os seus procedimentos, vão ser a prazo os coveiros da democracia”.
Na plateia registaram-se, entre outras, as presenças de personalidades como Maria da Luz Rosinha, Dalila Araújo, Catarino Costa, Amílcar Romano, Paulo Lopes, Acácio Lopes, Óscar Ramos, Ventura Leite, Cândido Teixeira, Fernando Caria, Jacinto Pereira, Avelino Antunes e Madalena Alves Pereira.
A obra tem a chancela da Âncora Editora, que esteve representada no evento por Baptista Lopes.