A IV edição do Forum Abrigo está a decorrer no Cinema Teatro Joaquim d’ Almeida, no Montijo, desde esta manhã e vai prolongar-se até ao final da tarde. A sessão de abertura contou com uma mensagem do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lida pelo presidente da Abrigo, Jacinto Pereira.
A secretária de Estado da Justiça, Anabela Pedroso, juntamente com Nuno Canta, presidente da Câmara Municipal do Montijo, participaram no primeiro de dois painéis que compõem o evento. Notada foi a ausência da Procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, que estava prevista integrar este período de debate em torno da problemática de protecção às crianças.
Manuela Ramalho Eanes, presidente honorária do Instituto de Apoio à Criança, e Luís Villas-Boas, director do Refúgio Aboim Ascensão, foram duas das personalidades que voltaram, a exemplo de anos anteriores, a marcar presença na iniciativa.
“Crescer a Sorrir” é o lema da “Abrigo – Associação Portuguesa de Apoio à Criança”, entidade promotora do evento, que tem como principal objectivo “projectar e construir um centro de acolhimento temporário para crianças em risco” na cidade montijense.
Mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa, sócio da Abrigo
Começo por agradecer o convite que me foi endereçado para presidir à sessão de abertura do “IV Fórum Abrigo”, um espaço de reflexão, análise e debate que, desde o primeiro encontro, em Novembro de 2007, tem chamado a atenção para a problemática das crianças em risco e da emergência infantil.
Desde que iniciei funções, tendo participado em diversos eventos e múltiplas iniciativas da sociedade civil, considero que é missão essencial do Presidente da República estar próximo dos cidadãos e apoiar as suas iniciativas na área social, económica ou cultural, mas nem sempre é possível atender a todas as solicitações.
E, hoje, não estando presente fisicamente, não quero deixar de me associar ao desafio que a quarta edição do Fórum Abrigo nos propõe, o “Desafio de Ser Criança no Século XXI”. Um país que não olha, não cuida e não trata das suas crianças com a dignidade que merecem é um país sem futuro.
Acredito que Portugal tem o desígnio do futuro. Nações que se limitam ao comprazimento passadista, que se satisfazem com a inércia, que renunciam ao desafio e à mudança são sociedades “mortas”. Eu acredito no futuro de Portugal e sei que o País já começou a criá-lo com as suas crianças e jovens. Tenho a consciência de que a realidade nem sempre reflecte as imagens que dela gostaríamos de ter.
No nosso mundo, e no mundo das nossas crianças, existem ainda sérios riscos de marginalização e exclusão, por via dos maus-tratos, da negligência, do abandono e dos abusos, mas também por via do caminho de progresso que não tem sido igual para todos. O combate à pobreza e aos seus riscos é uma emergência infantil, porque a pobreza tem impacto na vida das crianças e na realização dos seus direitos presentes, mas também na concretização do seu futuro.
É por isso que, a menos de um mês do dia em que se assinalam, em todo o mundo, os direitos das crianças, quero que esta seja uma mensagem realista, mas cheia de esperança e confiança. Acredito nas nossas crianças e na capacidade do nosso País em aproveitar todo o seu potencial de capital humano. Acredito que conseguiremos criar as condições necessárias para que a sociedade portuguesa realize esse desígnio de futuro.
Termino, assim, com uma palavra idêntica à que utilizei no início. Uma palavra de gratidão, agradecendo, em nome de todos os Portugueses, o trabalho e o empenho de todos os que contribuem para a felicidade dos melhores entre nós, as nossas crianças.