Provedor recém-empossado faz balanço ao mandato findo na Santa Casa da Misericórdia do Montijo. E lança fortes críticas a João Afonso
“A minha experiência à frente da instituição não esteve isenta de desafios significativos, incluindo ameaças à minha integridade física, ofensas pessoais e demissões motivadas por razões alheias ao verdadeiro propósito de uma Santa Casa”. Quem o diz é Ilídio Massacote, que no passado dia 16 tomou posse como provedor da Santa Casa da Misericórdia do Montijo para o quadriénio 2025-2028, num balanço ao mandato findo.
À partida para o seu segundo mandato, o provedor puxa a fita atrás e aponta o dedo a João Afonso. “Estas dificuldades tiveram início com a saída de João Afonso, na altura presidente da Mesa da Assembleia Geral, cuja demissão foi a sua tentativa de impor uma liderança contrária aos valores e à missão da Santa Casa. Entre as suas propostas, para que fique claro, destacaram-se planos profundamente prejudiciais, como o encerramento de valências essenciais, incluindo a UCCI e o Infantário Rainha Santa Isabel, e a instrumentalização da Santa Casa como ferramenta de confronto político com a Câmara Municipal”, acusa, sem se deter nas críticas a João Afonso.
“Este tipo de estratégia, orientada por interesses pessoais e alheia às necessidades reais da instituição e dos mais vulneráveis, teria causado danos irreparáveis à Santa Casa e aos que dela dependem, como os seus trabalhadores, que seriam despedidos, e os seus utentes que teriam de ser alocados noutras instituições fora do concelho”, reforça Ilídio Massacote, na análise a um mandato “difícil”, mas “positivo”.
Positivo, defende, pelas realizações alcançadas em quatro domínios. Na gestão e sustentabilidade, com a implementação de “políticas de eficiência administrativa, a certificação da qualidade com medida ISO 9001, a monitorização do orçamento em tempo real, a centralização das compras e o apoio jurídico para prevenir e evitar conflitos laborais e cumprimento rigoroso da legislação laboral”. Ainda no domínio da sustentabilidade, foram conseguidas “receitas alternativas aos acordos com o Estado, através da Segurança Social e Saúde”.
Projectos e desenvolvimento
Nos projectos sociais, o provedor destaca a “ampliação de programas voltados para a comunidade”, como “o CLDS em parceria com Câmara Municipal e a União de Freguesias de Montijo/Afonsoeiro, o UniBairro com o IPDJ, e o CAES”. “Nestes projectos apoiamos mais de 100 crianças e jovens e respectivas famílias”, lembra, ao mesmo tempo que salienta as parcerias reforçadas ou criadas com entidades e empresas. Uma dessas parcerias, recorda, foi estabelecida com o IKEA e permitiu mobilar o Centro de Apoio à Vida.
A modernização foi outra das áreas em que a Santa Casa apostou, através do investimento em novas ferramentas. E Ilídio Massacote realça “a digitalização de processos internos, com utilização de plataforma de gestão integrada TSR, My Sénior, para que os funcionários pudessem prestar um melhor serviço que se quer para os utentes”. Em foco, neste domínio, esteve ainda a “melhoria nos sistemas de gestão e atendimento”.
No desenvolvimento institucional, Ilídio Massacote elege, entre outras, a recuperação da Praça de Toiros Amadeu Augusto dos Santos. “Tivemos de investir o que podíamos e retirar o máximo de rendimento. Provámos que aquele património pode render financeiramente sozinho”, sublinha, sem deixar de vincar a aposta feita “na formação superior e sectorial dos funcionários” da Santa Casa.
O SETUBALENSE contactou João Afonso, mas o ex-presidente da Mesa da Assembleia Geral da Misericórdia escusou-se a comentar as críticas apontadas por Ilídio Massacote.