27 Junho 2024, Quinta-feira

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Filha teve de esperar 15 dias para sepultar pai

Filha teve de esperar 15 dias para sepultar pai

Filha teve de esperar 15 dias para sepultar pai

Família sem posses para suportar custos do funeral. Serviços sociais não resolveram. Funerária Montijense foi quem pagou tudo

Guida Domingos, 35 anos, estava desesperada. O pai, António Domingos, falecera aos 63 anos a 22 de Março. Viu todas as portas fecharem-se-lhe. Até que a solidariedade bateu-lhe à porta.

O corpo esteve na morgue do Hospital do Barreiro para ser levantado até ontem, dia em que também foi a enterrar no Cemitério do Pinhal Fidalgo, no Montijo. Foram cerca de 15 dias de calvário para a filha e genro de António Domingos, que residia no Alto Estanqueiro-Jardia.

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A morte inesperada do pai apanhou desprevenida Guida Domingos, sem posses económicas para poder dar a paz do descanso eterno ao seu ente querido.

António Domingos nunca fez descontos, vivia com uma reforma por deficiência que ascendia a pouco mais de 349 euros. Guida Domingos bateu a todas as portas de serviços sociais, obtendo, invariavelmente, a mesma resposta: “Não podemos fazer nada.” Desesperada, recorreu a várias agências funerárias no Montijo, até que viu abrir-se-lhe uma porta de solidariedade.

“Na terça-feira, foi o meu anjo da salvação. Foi à minha casa e pediu-me os documentos. Ofereceu-se para fazer o funeral do meu pai a custo zero”, conta Guida Domingos, deixando um agradecimento comovente à Agência Funerária Montijense e, em particular, ao proprietário da mesma, “Xico” Salvação. “Ele foi, para mim, um anjo que caiu do céu”, reforça a filha do falecido.

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“Não podia fazer o funeral. Se pudesse, eu própria abria a sepultura e enterrava o corpo. Felizmente, o senhor ‘Xico’ Salvação prontificou-se e até vai suportar o custo da campa. Senão, não sei como seria…”, desabafou, antes de relembrar as respostas obtidas. “Na Segurança Social do Barreiro disseram-me que a situação não era com eles, que teria de ir à junta de freguesia local ou à Câmara Municipal para ver se podiam ajudar”, conta Guida Domingos, que também recorreu aos serviços da Segurança Social no Montijo.

“Expliquei que não tinha dinheiro para poder fazer o funeral e aí transmitiram-me que o meu pai não tinha direito a qualquer subsídio, a não ser à reforma por invalidez, e que nada podiam fazer”, lembra, acrescentando que também pediu ajuda à Santa Casa da Misericórdia do Montijo: “O senhor provedor disse-me também que não podia fazer nada, porque já havia feito três funerais sociais e que quem tinha a obrigação eram os serviços sociais.”

Resposta idêntica obteve da Santa Casa da Misericórdia do Barreiro e da Junta de Freguesia da área de residência. Os dias foram passando e o desespero, enquanto o corpo ia acumulando noites na morgue do Hospital do Barreiro, aumentava. Até ontem, quando finalmente o corpo de António Domingos pôde descansar em paz.

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