26 Junho 2024, Quarta-feira

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Autarquia compra lotes no Bairro da Caneira para construir 60 fogos de renda apoiada

Autarquia compra lotes no Bairro da Caneira para construir 60 fogos de renda apoiada

Autarquia compra lotes no Bairro da Caneira para construir 60 fogos de renda apoiada

CDU alerta para perigo de exclusão social e PSD critica medida com 15 anos de atraso. Aquisição vai custar 600 mil euros

 

A Câmara Municipal do Montijo vai construir 60 fogos para habitação de renda apoiada no Bairro da Caneira. Para concretizar a operação – inserida na Estratégia Local de Habitação (ELH) –, o executivo decidiu por unanimidade, na reunião de quarta-feira passada, comprar por 600 mil euros à sociedade imobiliária Blue Fields seis prédios urbanos, todos compostos por lotes de terreno destinados à construção urbana, no Alto da Caneira.

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Trata-se de “um loteamento iniciado, mas com infra-estruturas por concluir”, explicou Nuno Canta, presidente da autarquia, durante a apresentação da proposta. “Temos o problema com as infra-estruturas que têm de ser executadas e serão accionadas as garantias bancárias”, afirmou.

Segundo o autarca, o preço a pagar pela aquisição foi negociado e acabou por se cifrar “bastante abaixo” do valor da avaliação – “705 mil euros”, revelou o autarca socialista – feita por uma empresa independente.

Apesar de votar a favor, a bancada da CDU manifestou “preocupação” pela localização dos espaços que vão permitir a construção de nova habitação de renda apoiada. “Poderemos estar a criar um grande gueto. Já temos ali um bairro social. Vamos agora criar mais 60 fogos. Os problemas existentes no Bairro da Caneira já são conhecidos e vemos isto com alguma preocupação”, alertou o vereador da CDU Joaquim Correia. Até porque, reforçou, a ampliação daquele tipo de habitação no bairro pode criar “exclusão social” em vez da inclusão pretendida.

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Uma preocupação que Nuno Canta também admitiu sentir. Mas, o chefe do executivo defendeu que a aquisição do loteamento constitui “uma oportunidade e a possibilidade de executar rapidamente [habitação] a renda apoiada”, uma vez que a autarquia não tem actualmente terrenos para construção e pretende concretizar um total de 300 fogos ao abrigo da ELH, em pelo menos mais duas outras localizações além do Bairro da Caneira: no Afonsoeiro e no espaço da antiga fábrica da Soberana, adquirida recentemente.

João Afonso: “Acordaram tarde e a más horas”

Do lado da bancada do PSD, que também aprovou a proposta, ouviram-se críticas à actuação da gestão socialista em matéria de resposta ao problema da habitação no concelho. “A medida é bem-vinda, mas chega com 15 anos de atraso”, atirou João Afonso, vereador social-democrata, ao mesmo tempo que lembrou a última construção de habitação social por parte da autarquia, realizada há largos anos junto à Avenida de Olivença.

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De acordo com o autarca do PSD, a Câmara só agora avança para esta solução porque é empurrada “pelo Governo e pelos fundos comunitários” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Acordaram tarde e a más horas”, reforçou, em direcção dos socialistas, sem deixar de apontar alguns exemplos de aquisições de imóveis a baixo custo que poderiam ter sido feitas antes pela autarquia.

A observação do social-democrata mereceu a contestação de Nuno Canta. “Acredita que alguma câmara vá comprar casas, caríssimas neste momento no mercado, para resolver o problema da habitação? A habitação social nas câmaras constrói-se de 15 em 15 anos e às vezes mais”, retorquiu o presidente da Câmara, para juntar de seguida: “O PRR não apareceu do ar. Aparece de um planeamento dos presidentes de câmara e também dos partidos nos últimos quatro anos, para resolver o problema [da habitação] na área de Lisboa”.

Segundo Nuno Canta, os 60 fogos a construir no Bairro da Caneira devem incluir-se em edifícios com uma altimetria até 3.º piso. A escritura de compra e venda entre a autarquia e a imobiliária deve ser celebrada dentro de um prazo máximo de 30 dias, a contar desde quarta-feira.

O edil socialista salientou ainda que o total de 300 fogos previstos no concelho “não completam a ELH”, anteriormente também aprovada “por unanimidade”.

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