Orçamento para a Cultura este ano ultrapassa os 2,5 M€. Intensificar acções nas freguesias mais periféricas é objectivo
Democratização é a palavra de ordem do município do Montijo no que toca ao acesso à Cultura. Este é o fio condutor da estratégia definida para a oferta cultural, que este ano conta com uma estimativa de investimento ligeiramente acima dos 2,5 milhões de euros, o equivalente a 4% do Orçamento Municipal.
“As principais linhas da política local para o sector da Cultura traduzem-se na diversificação da oferta e em garantir a todos o acesso gratuito às diferentes formas de manifestação cultural, que se realizem no nosso concelho”, assume a autarquia.
E “intensificar o acesso à Cultura em todas as freguesias” é um dos objectivos primordiais, com especial enfoque para “a freguesia de Canha e a União das Freguesias de Pegões”, mais periféricas.
Outra das metas apontadas passa por “envolver e estimular cada vez mais os produtores culturais [do território] na criação de novos projectos”, que possam ser “disseminados por todo o concelho, com a ambição de que se tornem projectos de nível nacional”.
Mas, ao mesmo tempo, existe a preocupação de “manter as tradições” e de as “reforçar”, através “de novas marcas e símbolos que perdurem no tempo”.
Para isso, admite a edilidade, há também que “construir, melhorar e manter os equipamentos culturais e desportivos”. Equipamentos que, no Montijo, “muitas vezes são palco de eventos de carácter nacional”, adianta.
Nesta intersecção de medidas cabe ainda o “desenvolvimento por parte do município de novos projectos”. E alguns estão na calha. “Esperamos implementar já no próximo ano o projecto designado ‘Música nos Bairros’”.
Além disso, o processo de construção da oferta cultural passa também por “aprofundar as relações” com os parceiros exteriores. “Designadamente com a Artemrede, que tem como missão promover a qualificação, o desenvolvimento dos territórios onde actua, valorizando o papel central dos teatros e de outros espaços culturais enquanto pólos dinamizadores e promotores das artes e da cidadania, a Associação Música, Educação e Cultura (AMEC), detentora da Orquestra Metropolitana de Lisboa, e o Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, fundado pelo [falecido] maestro e compositor Jorge Peixinho, nascido no Montijo e uma referência internacional.”
Agentes culturais e apoios
Apesar de se assumir como “o maior suporte à produção cultural no concelho”, o município reconhece o papel fundamental dos agentes locais.
“A crescente dinâmica cultural actualmente existente no Montijo deve–se muito ao movimento associativo e às comissões de festas, representando mais de 80 entidades, das quais mais de 50% dedicam-se à produção cultural.”
A formação e potencialização de talentos é assegurada por duas bandas filarmónicas – a 1.° de Dezembro do Montijo e a Academia Musical União e Trabalho (AMUT) de Sarilhos Grandes – e pelo Conservatório Regional de Artes do Montijo (CRAM). Mas há a juntar academias de dança e a própria Companhia Mascarenhas-Martins ou até o Grupo Coral do Montijo, entre muitos outros.
Uma elencagem que o município prefere deixar de lado, não obstante o reconhecimento da existência e do papel fundamental das várias associações promotoras da acção cultural no concelho. Até porque, defende, “será redutor elencar apenas alguns”, já que “também contribuem para a produção cultural [local] diversos escritores, ensaiadores e professores, maestros, músicos, intérpretes e escolas de formação”.
Fácil de apresentar, ainda que numa perspectiva generalizada, é a contabilidade feita em termos de verbas atribuídas pela Câmara Municipal a esses promotores e associações.
De acordo com a autarquia, “o total dos apoios financeiros previstos aos produtores locais, incluindo movimento associativo, corresponde a 500 mil euros”, o que representa “aproximadamente 1% do orçamento total do município”.
Os documentos previsionais aprovados para 2023 apresentam um valor superior a 61 milhões de euros.
CRAM O maior laboratório de formação de talentos
Com cerca de três mil alunos e especializado no ensino da música e da dança, a que
se junta ainda o teatro, o Conservatório Regional de Artes do Montijo (CRAM) é a principal “fábrica” de talentos local. Abrange de igual forma o concelho vizinho de Alcochete, mas o raio de acção deste “laboratório de formação”, que em Setembro próximo começa a caminhar para a década e meia de existência, vai mais além, ao absorver jovens promessas de diversos concelhos, mais ou menos limítrofes, afirmando-se como referência na região.
E a demonstração de reconhecimento pela qualidade do ensino ali desenvolvido chegou, neste último ano lectivo, da própria tutela, traduzido na atribuição de um valor financeiro de 860 mil euros até 2028. Mas, acima de tudo, pelo prestígio que tem granjeado no meio, quer através de prémios conquistados por vários alunos em concursos nacionais e internacionais (em violino, guitarra e piano) quer pelas participações em alguns dos certames de dimensão artística maior a nível nacional – as habituais presenças no Festival ao Largo no Teatro Nacional São Carlos são disso exemplo.
O CRAM apresenta várias orquestras – a sinfónica; a de cordas; a de sopros e percussão; e duas de iniciação (uma de cordas e outra de sopros) –, além de coros, e proporciona cursos livres de ballet e dança contemporânea e aulas de teatro.