A obra, segundo o autor, “constitui um libelo acusatório contra este modo de produção capitalista e a necessidade que ele tem de escravizar a natureza e o homem para aumentar as taxas de lucro do capital”

“Condenados à Sobrevivência: As consequências da precaridade mundial do trabalho” intitula o mais recente livro da autoria de Alcídio Torres, que vai ser lançado no próximo dia 16, pelas 17 horas, na sede da Associação José Afonso, em Lisboa.

A obra, segundo o autor, “constitui um libelo acusatório contra este modo de produção capitalista e a necessidade que ele tem de escravizar a natureza e o homem para aumentar as taxas de lucro do capital”.

“A precariedade generalizada do trabalho não trouxe só consigo a alienação e a ‘coisificação’ do trabalhador, aprofundou por esse mundo fora a pobreza e despedaçou a vida de milhões de jovens, que sobrevivem sem futuro nem sentido de vida”, afirma, ao mesmo tempo que deixa um exemplo sobre Portugal. “O gestor da Jerónimo Martins, em 2021, encaixou 3,075 milhões de euros de remunerações, um valor que representa um crescimento de 19,3% face a 2020. Os ganhos do CEO da dona do Pingo Doce foi 262,6 vezes superior à média dos salários dos restantes trabalhadores da empresa. Ou seja, um trabalhador do Pingo Doce, com o salário mínimo anual em 2021 de 7980 euros (665 euros/mês) teria de trabalhar 385 anos para ganhar o que o CEO do Pingo Doce ganhou em 2021.”

O autor aponta ainda outros números, à escala global. “Nunca se produziu tanto no mundo e nunca tantas pessoas morreram de fome. Na verdade, com o actual nível de produção mundial, é possível garantir comida para o dobro da população do planeta, caso a produção fosse voltada para acabar com a fome. Mesmo assim, uma criança com menos de 10 anos morre de fome a cada cinco segundos, 57 mil pessoas morrem por dia e mais de um bilião dos oito biliões que somos no Planeta Terra sofre de subnutrição grave, permanentemente, com mutilações (ONU, 2022)”, conclui.