Crescimento regista-se no mercado nacional e internacional, com os mercados maduros à cabeça e alguns países emergentes a querer provar os néctares da região. Por cá, a vindima deverá terminar mais cedo, com qualidade garantida
A Cooperativa Agrícola Santo Isidro de Pegões, sediada no concelho do Montijo, na Península de Setúbal, registou um crescimento global de facturação de cerca de 10% até agora, no que respeita ao primeiro semestre do ano, e está próxima de bater um novo recorde de prémios, tendo já conquistado 200, o equivalente ao total conseguido em todo o ano de 2016. Os resultados foram comunicados pelo enólogo e gerente Jaime Quendera ao DIÁRIO DA REGIÃO.
O referido crescimento nas vendas, referente tanto ao mercado interno como ao mercado externo, tem sido especialmente alavancado pelas exportações para países na Europa, Ásia e América do Norte, onde se localizam os 40 mercados onde a Adega de Pegões está presente com os seus vinhos feitos no Montijo. Entretanto, outros têm vindo a destacar-se como países emergentes, caso do Vietname, Uruguai, Colômbia, Peru e México, revelou Jaime Quendera.
O enólogo da Adega de Pegões garante que este é mais um ano com todas as condições para que a cooperativa se supere em resultados. A avaliar pela vindima, que começou este ano duas semanas mais cedo e tem corrido de feição e leva a adega a perspectivar uma qualidade de vinhos “excepcional”. Esta semana, a adega vai começar a colher as uvas da “casta rainha da região, que é o Castelão, que também já se encontra maduro”.
Entretanto, já foi apanhado 30% da uva prevista na Adega de Pegões – o equivalente a mais de três milhões de quilos de uva –, de “praticamente todas as uvas brancas, desde as Fernão Pires ao Chardonnay, Arinto, Antão Vaz e moscatel de Setúbal para vinho branco”. E a meteorologia até agora tem ajudado a que tudo corra dentro do previsto. “Está a correr tudo bem, porque apesar de o ano ser mau com a seca e os incêndios, na região de Setúbal não é assim tão grave, porque nós temos água e regamos a vinha”, explicou o enólogo.
“Vamos iniciar agora a recolha das castas tintas mais precoces, como é o caso do Aragonez, Merlot e outras castas mais precoces”, acrescentou. A previsão é de que no final do mês, ou mesmo antes, a vindima da Adega de Pegões esteja terminada, antecipando-se ao período em que há perigo de chuva. Jaime Quendera prevê então que a qualidade dos vinhos tintos seja igualmente excelente, apesar de ser relativamente cedo para ter certezas. Em matéria de vinhos tintos, o enólogo adiantou ao DIÁRIO DA REGIÃO que a Adega de Pegões irá lançar no final do ano um novo vinho Merlot (casta francesa).
Reforçar aposta na qualidade-preço
“Esperamos ter um ano que certamente ficará na história da região em termos de qualidade”, é esta a expectativa do gerente da cooperativa sediada no Montijo e que mantém como prioridade a garantia de uma excelente relação qualidade-preço dos seus produtos. “A nossa estratégia continua a ser a mesma. Queremos que as pessoas olhem para os nossos vinhos com uma boa compra em relação ao preço-qualidade. A nossa intenção é crescermos, sermos mais fortes e sermos maiores. A Adega de Pegões é uma cooperativa e o objetivo é que todos sejam beneficiados, tanto os consumidores como os sócios”, afirmou Jaime Quendera.
A cooperativa, presidida por Mário Figueiredo e com Maria Helena Oliveira e Carlos Pereira como membros da Direcção, trabalha lado a lado com 90 sócios, possuindo uma área vinícola de 1117 hectares que produzem em média 11.000.000 quilos de uva, com uma média de crescimento de 50 hectares por ano, o que representa 700 toneladas a mais nos anos de plena produção.
Produção essa que tem garantido, ano após ano, uma verdadeira colecção de prémios de âmbito nacional e internacional. Nos primeiros seis meses de 2017 a Adega de Pegões já ganhou 200 prémios – o que ultrapassa o total obtido em todo o ano de 2016 –, em importantes certames como o concurso mundial no Canadá, o Berlin Wine Trophy na Alemanha ou o Challenge International do Vin, em Bordeaux, França.
Para Jaime Quendera, o crescimento da empresa “também se deve ao reconhecimento dos prémios”, uma vez que a Adega de Pegões “acaba por ganhar quase sempre em prova cega”, ao contrário do que aconteceria com a crítica especializada, que não costuma atribuir tão altas premiações a vinhos produzidos por cooperativas.
Fundada em 1958, a Adega de Pegões é hoje o maior produtor da Península de Setúbal e uma das adegas mais premiadas na última década, ombreando com tantos outros produtores da região que, também a nível de prémios internacionais, têm dignificado a produção e cultura do vinho da região e do país. A estratégia da cooperativa continua a ser produzir “bons vinhos” e continuar na senda das medalhas obtidas em todo o mundo, deixando uma marca indelével nos mercados aonde está presente.