26 Abril 2024, Sexta-feira
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Cooperativa de Pegões a caminho do “melhor ano de sempre” apesar da pandemia

Em entrevista a O SETUBALENSE, Jaime Quendera revela que 2021 tem sorrido à cooperativa a vários níveis, tanto em quantidade produzida como em vendas, e que deverá ser “um ano para recordar”

 

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O ano de 2021 reúne todas as condições para vir a ser o novo “melhor ano de sempre” para a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, apesar dos efeitos negativos da pandemia de covid-19.

A O SETUBALENSE, o gerente da empresa Jaime Quendera afirma que a cooperativa sediada no Montijo tem vindo a crescer a vários níveis no último ano. “O ano de 2021 vai ser o melhor ano de sempre para a Adega de Pegões. Tivemos a maior produção de sempre – quase 14 milhões de toneladas de uva produzida com excelente qualidade – e vamos ter um recorde de vendas, que é o que mais conta”, revelou, satisfeito, o gerente e enólogo da cooperativa que conta, actualmente, com pouco mais de 90 produtores de uva associados.

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O clima é um dos factores que explicam a “alta qualidade” das uvas produzidas este ano. “Este ano tivemos um Verão moderado, sem temperaturas demasiado altas, o que permitiu que as uvas fossem apanhadas em quantidade e qualidade excelentes. Isto tem-se vindo a repetir nos últimos anos”, explicou o responsável, para quem 2021 tem tudo para ser “um ano para recordar”.

Jaime Quendera enquadra o crescimento produtivo da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões no desempenho global da região vitivinícola, liderada pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS). “A CVRPS está a crescer, e é neste momento a que mais cresce, porque é composta pelas empresas. E as empresas estão a crescer porque têm vinhas de muita qualidade”, diz.

Vendas a crescer

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O agravamento da situação epidemiológica obrigou o Governo a decretar um novo confinamento total nos primeiros meses deste ano, o que fez com que o canal Horeca (restauração e turismo) fosse enormemente afectado com o fecho de restaurantes, hotéis e lojas.

Isto impactou negativamente as vendas de muitos produtores que escoavam os vinhos por esses canais, mas a Adega de Pegões mostrou-se resiliente.

“O que se passou foi uma mudança de consumo, que passou da restauração para casa. Como não podiam ir aos restaurantes, as pessoas passaram a comprar mais vinho na moderna distribuição [híperes e supermercados], um canal onde a marca Pegões está muito bem implementada, tal como outras. Pegões é, aliás, a cooperativa do país que mais vende em quantidade e a segunda em valor”, diz Jaime Quendera.

Com efeito, a Adega de Pegões “não perdeu vendas”, o que lhe permitiu chegar a crescer “perto dos 10% a nível de facturação” (total de vendas). “O ano de 2020 já tinha sido de pandemia, mas não foi um mau ano para nós. Isto porque a região tem duas coisas que ninguém consegue retirar: vinhos de grande qualidade e preços acessíveis. Isso leva a que cada vez mais portugueses comprem vinhos da região”, justifica.

Diferente foi o que se passou no mercado europeu, conta o gerente da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões. “Houve uma quebra mais no mercado europeu, sobretudo em países onde os confinamentos foram mais exigentes e onde Pegões está mais presente nos restaurantes e em pequenas lojas. Perdemos vendas no mercado asiático, mas ganhámos no Canadá, Rússia e Polónia. China, Filipinas, Japão e Coreia estão a recuperar”.

Somatório de prémios

O ano corrente foi de algum alívio a nível da pandemia, mas muitos dos seus impactos mantiveram-se, afectando quase todos os sectores. No do vinho, uma das faces mais visíveis das restrições foi a dos cancelamentos e adiamentos dos concursos nacionais e internacionais que premeiam as melhores colheitas e produtores.

Houve também os que se realizaram em formatos híbridos. “Nada está igual ao que era”, constata Jaime Quendera. A Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões, ainda assim, conseguiu ganhar medalhas de ouro na China, Hong Kong e Canadá, entre outros países, nos concursos aos quais concorreu.

“Já ganhámos mais de 150 prémios nacionais e internacionais este ano”, confirma o gerente da empresa. Os mais recentes foram ganhos no XXI Concurso de Vinhos da Península de Setúbal: ao todo 11 medalhas, das quais seis de ouro e cinco de prata.

A premiação traduziu-se num “balanço bastante positivo”, tal como vem sendo hábito para a Adega de Pegões no concurso promovido pela CVRPS, e no “reconhecimento do trabalho do vinho e na confirmação de que o caminho seguido é o correcto”, afirmou Jaime Quendera a O SETUBALENSE no final da gala de entrega de prémios, na Quinta de Monsanto, em Lisboa, no dia 15 de Novembro.

Os vinhos premiados com medalhas de ouro foram o Alto do Pina Reserva Fernão Pires, Verdelho e Antão Vaz 2020 (branco), Adega de Pegões Grande Reserva 2017 (tinto), Encostas da Arrábida Reserva 2020 (tinto), Adega de Pegões Cabernet Sauvignon 2019 (tinto), Encostas da Arrábida Vinhas Velhas 2017 (tinto) e Adega de Pegões Touriga Nacional 2019 (tinto).

Com medalhas de prata foram distinguidos os vinhos Fontanário de Pegões Reserva 2016 (tinto), Adega de Pegões Colheita Selecionada 2020 (branco), Adega de Pegões Syrah 2018 (tinto), Vinhas de Pegões Syrah 2020 (tinto) e Sobreiro de Pegões 2020 (rosado).

Modernização Investimentos na produção apura qualidade

A cooperativa, presidida por Mário Figueiredo e com Maria Helena Oliveira e Carlos Pereira nos lugares da direcção, foi fundada em 1958 e nos últimos 15 anos levou a cabo uma estratégia de modernização dos sistemas de produção e estabilização financeira com o objectivo de melhorar a qualidade dos vinhos produzidos.

“Este ano terminámos um investimento grande em que ampliámos a nossa capacidade de fermentação e armazenamento em mais quatro milhões de litros, a juntar aos que já tínhamos. Também comprámos uma máquina que poucas adegas têm, para separar a parte sólida da parte líquida dos vinhos”, esclarece o responsável.

Pegões possui uma área vinícola de 1117 hectares que produzem em média 11.000.000 quilos de uva, sendo 70% tinta e 30% branca. Nas castas tintas produzidas predomina o Castelão (Periquita) com 65% da produção, e nas brancas Fernão Pires 40% e Moscatel 25%.

André Rosa
Jornalista
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