Carlos Apolinário acusa distrital de querer controlar secções como marionetas. Bruno Vitorino diz que o jovem está a ser manipulado
As eleições para a Comissão Política da Secção da Moita do PSD, que ditaram na passada sexta-feira o triunfo de Joaquim Pedro sobre Elvis Freitas, acabaram envoltas em polémica, com Carlos Apolinário, que ocupava o segundo lugar na lista vencida, a lançar duras críticas à distrital e, ao mesmo tempo, a apresentar a demissão do cargo de presidente da JSD local.
Em publicação partilhada na sua página do Facebook, Carlos Apolinário anunciou a renúncia à presidência da JSD da Moita, por considerar que o resultado das eleições para a Concelhia do PSD foi influenciado por acção da “distrital laranja”.
“As eleições para a Comissão Política da Secção da Moita, que ocorreram ontem [25 de Outubro], foram alvo de uma triste interferência de órgãos distritais, principalmente do deputado [parlamentar] Bruno Vitorino, militante na Secção do Barreiro que, entre outros actos graves, tentou influenciar o sentido de voto de militantes da JSD Moita”, escreveu Apolinário.
O até então líder da JSD local – que foi candidato a vice-presidente da Concelhia do PSD pela lista de Elvis Freitas –, foi mais longe ao considerar que a eleição de Joaquim Pedro “faz parte de uma estratégia dos órgãos distritais, que visa exercer total controlo sobre as secções concelhias, ceifando a sua autonomia e sentido crítico, tornando-as numa espécie de marionetas às ordens dos senhores feudais – comummente conhecidos como ‘caciques’ – que controlam o PSD no distrito de Setúbal há décadas”.
Confrontado com as acusações, Bruno Vitorino desdramatiza o caso e diz que Apolinário está a ser manipulado. “Não levo a mal as declarações do jovem, pois sei de onde elas vêm. Lamento muito que pessoas adultas, que já exerceram cargos de muita responsabilidade no partido, continuem a manipular jovens do PSD, para fazer face aos seus objectivos pessoais”, disse o social-democrata a O SETUBALENSE. “Mas tenho esperança de que, com esta nova Secção, surjam novos tempos no PSD da Moita, em que não se privilegie a intriga, mas sim a acção política e a militância activa”, adiantou. E sobre a acusação de que tentou influenciar militantes da JSD, Vitorino defendeu: “Falei com alguns militantes que conheço, sobre esse e muitos outros temas, o que é absolutamente normal. Sou dirigente do PSD há muitos anos e quero o melhor para o partido”.
As críticas de Carlos Apolinário abrangeram também Joaquim Pedro. “No espaço de pouco mais de um mês, o PSD Moita passou de cerca de 20 para 60 militantes activos, o que seria ótimo, se não tivéssemos provas em como este aumento significativo é resultado de uma estratégia pouco ética por parte dos agora presidente e vice-presidente da Secção, com a conivência do PSD Distrital de Setúbal”, publicou o ex-líder da JSD da Moita.
Joaquim Pedro escusa-se a comentar as declarações de Apolinário e lembra que o foco deve ser outro. “A minha principal preocupação é fazer com que o PSD [na Moita] passe a contar para o totobola”, frisou o presidente recém-eleito. “É nisso que estou focado. Pretendo fazer um trabalho com um conjunto alargado de pessoas, porque a discussão nos últimos anos [na Moita] tem sido sempre entre PS e CDU. Não faz sentido, o PSD ser Governo e na Moita estar um pouco fora da discussão política. Como vivo aqui há 56 anos e adoro a minha terra, acho que esta é uma oportunidade de termos uma visão diferente de fazer política para se fazer crescer o PSD na Moita”, comentou, antes de salientar que conta com todos os militantes sem excepção.
O SETUBALENSE tentou registar a reacção de Paulo Ribeiro, presidente da distrital de Setúbal do PSD e secretário de Estado da Protecção Civil, assim como ouvir Carlos Apolinário, mas até ao momento não obteve resposta.