“Neste município de Abril, o espírito e os valores da Revolução dos Cravos estão vivos e guiam a nossa acção”. Foi deste modo que Rui Garcia discursou sobre uma gestão de continuidade, na celebração do 45º aniversário do 25 de Abril
As condições climatéricas adversas levaram ao cancelamento do concerto de Ana Moura agendado para a noite de 24 de Abril, mas nada demoveu a população de manter as celebrações do 25 de Abril no tradicional Desfile da Liberdade organizado pela Câmara da Moita e movimento associativo. Pelas 10h00 a Praça da República recebeu centenas de pessoas preparadas para manter o espírito de Abril na Moita, com a celebração do 45º aniversário da Revolução dos Cravos.
Depois de percorrer a Avenida Teófilo Braga e contornar a Praça de Touros, o desfile terminou frente aos Paços do Concelho onde Rui Garcia, presidente da Câmara Municipal, defendeu o município como um território de Abril, “onde os valores e conquistas da Revolução dos Cravos estão vivos e guiam a nossa acção”. Uma reflexão sobre a governança do presente e do futuro com continuidade.
O discurso de Rui Garcia deixou claro o seu desejo de manter a CDU na gestão do município e, às portas das eleições europeias, a defesa de um Portugal e uma Europa com “progresso e cooperação entre todos os povos”.
O autarca salientou ainda aquilo que, no seu parecer, deve ser o foco dos portugueses na “defesa do seu próprio destino”, através do “combate ao obscurantismo e populismo e seus objectivos antidemocráticos, defendidos por quem vem sendo adepto do neoliberalismo e das agressões do imperialismo”, considerou.
Com um enquadramento do regional, ao nacional e europeu, Rui Garcia apontou que, “muitos sonhos e ambições que floresceram em Abril não se concretizaram e Portugal continua amarrado a desigualdades, injustiças, assimetrias territoriais e desigualdades sociais, que permanecem e se agravam”.
O presidente considerou que “comemorar o 25 de Abril é mais do que olhar o passado. É olhar para o futuro, reconhecer e reafirmar os valores de Abril, as conquistas que a revolução alcançou e o Portugal que a Constituição desenhou”.
Rui Garcia reforçou ainda a defesa da “liberdade, democracia, direitos individuais e colectivos, que nunca pode cessar, como a nossa história recente nos ensina”, reavivando que, “nenhuma conquista no campo social, político ou económico é garantida”.
Defender a verdade histórica
O também presidente da Associação de Municípios da Região de Setúbal (AMRS) apoiou ainda o trabalho contínuo na defesa de um território com mais coesão e igualdade social, através da preservação da memória nacional sobre os valores conquistados no 25 de Abril de 1974. “Porque comemorar Abril necessita ser também um tempo de defender a verdade histórica para ensinar o que foi o fascismo e o que a revolução alcançou”.
Rui Garcia acusa o que considera ser uma “campanha desenvolvida pelos ideólogos da classe dominante e pelos comentadores de organizações ao seu serviço, que procuram negar, descaracterizar e por em causa o verdadeiro significado da revolução de Abril e o que representa para o povo português”.
Para o presidente, “Portugal é hoje mais dependente e menos soberano, com baixos salários e pensões”. Motivo pelo qual considera que a melhor forma de continuar a honrar os valores daqueles que lutaram por Abril é manter a luta pela liberdade, democracia, justiça social e progresso”.
Ana Moura a celebrar entrada do Maio
O concerto da fadista Ana Moura, que deveria abrilhantar a noite de 24 de Abril, foi adiado devido ao mau tempo. Para celebrar aquele que será também o 45º aniversário do 1º de Maio, a Câmara da Moita reagendou o espectáculo para a noite de 30 de Abril, pelas 22h00, na Frente Ribeirinha da vila.