Moita estreita relação com comunidade para combater insucesso escolar

Moita estreita relação com comunidade para combater insucesso escolar

Moita estreita relação com comunidade para combater insucesso escolar

Plano surgiu da vontade e da decisão política da Câmara dirigida pelo autarca moitense Rui Garcia|Para a vereadora Vivina Nunes

Plano em curso desde 2019 inclui promoção de actividades para sucesso de alunos. Pandemia tem vindo a criar obstáculos

 

Desde que viu aprovada a candidatura apresentada ao Programa Operacional Regional de Lisboa 2020, em Outubro de 2019, a autarquia moitense tem vindo a colocar em práctica o Plano de Combate ao Insucesso Escolar “Moita Concelho com Futuro”.

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Isto, num território com forte presença de alunos migrantes e com base numa intervenção sustentada com vista a garantir “um apoio efectivo às escolas da rede pública, na sua actividade diária”, através da promoção de iniciativas “potenciadoras do sucesso escolar e da aproximação da relação escola-comunidade”.

Sustentado numa perspectiva de complementaridade educativa, o plano surgiu da “vontade e da decisão política” da Câmara dirigida pelo autarca Rui Garcia, que nos últimos quatro anos, possibilitou o início de um “profundo diálogo colectivo” com os Agrupamentos de Escolas (AE) do concelho.

Vivina Nunes, vereadora que tutela o pelouro da Educação na autarquia, em declarações a O SETUBALENSE, frisou que “tem existido um grande cuidado na implementação das actividades” que integram o projecto, embora reconheça que “tem sido muito difícil olharmos para este plano da forma como ele foi inicialmente pensado”, tendo em conta a “realidade que se alterou com a pandemia” e que exigiu ao município “repensar a forma de chegar aos objectivos a que nos propusemos”.

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Para a vereadora Vivina Nunes, apesar das dificuldades, o balanço daquilo que tem vindo a ser realizado é positivo

Algumas das iniciativas “não se encontram em desenvolvimento porque isso fazia parte do calendário inicial”, explica.

Outras acções têm decorrido de forma “cautelosa”, atendendo aos Planos de Contingência dos Agrupamentos e às medidas sanitárias adoptadas ao longo do tempo, o que, sublinha, “tem vido a implicar algumas reformulações na forma como gostaríamos de estar no terreno”.

“Apesar das dificuldades, o balanço daquilo que tem vindo a ser realizado é positivo e permitiu-nos estarmos em contacto com professoras(es), auxiliares, famílias e ouvimos as(os) alunas(os)”, realça.

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Vivina Nunes espera que a situação pandémica – que tem obrigado a que muitas escolas estivessem encerradas e a um esforço de toda a comunidade em prosseguir o seu trabalho de ensinar –, permita “continuar este projecto, de uma forma ainda mais forte, já no próximo ano lectivo”.

Da discussão iniciada surgiram três eixos prioritários de intervenção. Ao nível da coesão social e territorial, da comunicação e relação com a comunidade e no desenvolvimento de competências individuais e colectivas, áreas que têm vindo a ser trabalhadas pela autarquia com o desenvolvimento de diferente actividades, orientadas para a “promoção da inclusão, do sucesso educativo e para a prevenção do abandono escolar”.

O envolvimento dos jovens e suas famílias em projectos desta natureza “cria sempre uma dinâmica de aproximação da vida pessoal com as dinâmicas da escola”, acrescenta a vereadora, recordando que em função da pandemia a câmara já iniciou e cancelou por duas vezes as acções programadas devido aos confinamentos.

“Vivemos fortes restrições em que não podemos partilhar espaços de debate de forma alargada e o digital, que adoptámos para algumas acções, tem fortes constrangimentos”, criando “desigualdades na participação” e fomentando o “isolamento”, alerta.

Ainda assim, para a autarca existe “o sentimento que há interesse na participação e estamos todos à espera de reencontros, de debater frente a frente e essa ambição é das três partes: das famílias, dos agrupamentos e do município”.

A vereadora considera que os vários agrupamentos têm sido parceiros fundamentais para a realização do plano e para reforçar o diálogo no seio da comunidade.

“É imprescindível agradecer o esforço, a determinação, o cuidado e atenção que todos os que fazem parte dos AE depositam nas suas tarefas de dia-a-dia e no seu trabalho”, refere, olhando para o projecto “como algo que é necessário, interessante e que pode apoiar o sucesso e diminuir o absentismo e abando escolar”.

Desde o arranque do plano já foram realizadas sessões de envolvimento parental, que têm tido um número crescente nas participações, mas a responsável acredita que “ainda há muito trabalho a fazer nesta área”, na medida em que a participação de todos os encarregados de educação é encarada como importante, sendo necessário olhar para o projecto na globalidade.

Contextos familiares condicionam vida nos espaços de ensino

O abandono escolar na Moita, segundo a autarca, está “relacionado com muitos factores, que gostaríamos de ver resolvidos, parte deles podem e devem ser apoiados pela autarquia, tal como fazemos, mas outros tantos transcendem as nossas competências”, recorda.

A vereadora considera que a realidade do abandono escolar deve ser olhada através das condições que as crianças e jovens têm para estar nos estabelecimentos de ensino.

“Muitas dessas condições estão intimamente ligadas com as condições de vida das famílias”, explica, dando como exemplo o desemprego, baixos salários ou os horários de trabalho desregulados.

Uma das actividades em curso aposta no envolvimento das famílias no percurso escolar dos alunos

“Tudo isto pode influenciar no acompanhamento dos(as) alunos(as), assim como as características físicas e materiais existentes nas escolas”, defende.

E acrescenta: “Numas matérias a autarquia pode reivindicar e lutar ao lado das populações para que se cumpram, noutras tem intervindo, muitas vezes além das competências, num contacto estreito com as escolas e famílias”.

As acções do plano traduzem-se em actividades de capacitação que pretendem promover a “aquisição de competências” pela cultura e pela arte, com o reforço do apoio aos alunos nos ensinos básicos e secundário. Quanto às freguesias, a responsável classifica as mesmas como “muito heterogéneas”.

“Vemos nessa heterogeneidade potencialidades de trabalho e de melhorias, atendendo às preocupações e necessidades que existem em cada uma delas”, sendo que o projecto “estende-se a todos os Agrupamentos, na globalidade do território e pretende-se que de forma equitativa contribua para promover o sucesso escolar das nossas alunas(os) e consequentemente uma melhoria das suas vidas”, também em articulação “com a população”, conclui.

Exemplo disso é a iniciativa “Agora Faz Tu” – Teatro na Escola, onde, através da montagem de um projecto teatral com os jovens, em resultado das “suas ideias e escolhas”, serão desenvolvidas as competências pessoais e sociais.

Neste âmbito e de acordo com a autarquia, está ainda a promoção de acções físico-motoras que facilitam a “integração entre pares” e a “gestão de conflitos potenciadoras do sucesso escolar”, com iniciativas que querem alcançar o envolvimento e a formação parental, centradas na educação dos filhos.

Para tal, o município tem insistido na realização de seminários e workshops, acções de divulgação para sensibilização da comunidade envolvente da escola, nas áreas da educação, cidadania e igualdade de género, além do intercâmbio de experiências que visam alcançar quer o sucesso escolar como a prevenção do abandono escolar.

A proposta da autarquia passa por “valorizar as capacidades e competências”, quer de alunos, famílias ou professores, e “aprofundar modos de participação na vida da comunidade” e de “valorização dos recursos existentes”, para a resolução de problemas existentes no concelho.

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