Caso Raríssimas. Despacho de acusação identifica 102 mil euros de despesas feitas por Paula Brito da Costa
Serviços de depilação, lingerie, vestidos, contas de restaurante, supermercado, pastelaria e talho são despesas que o Ministério Público considera terem sido pagas com dinheiro da Raríssimas pela então presidente da associação Paula Brito da Costa. Cerca de 102 mil euros estão contabilizados no despacho de acusação, a que o jornal Público teve acesso. Paula Brito da Costa é acusada de crimes de falsificação de documento e abuso de confiança.
Segundo o periódico, a acusação entende ser impossível que todas as despesas possam ter sido realizadas em benefício dos utentes, conforme defende a arguida, e dá nota de que uma fatia dos gastos foi feita em Vila Nova de Milfontes, local onde Paula Brito da Costa tinha casa.
Lingerie, vestidos que podiam chegar aos 800 euros e até meias foram algumas das compras realizadas no El Corte Inglés, apontadas no despacho. A investigação do Ministério Público conclui ainda que Paula Brito da Costa depilava as sobrancelhas por conta da instituição e que as despesas ilícitas englobaram também cremes para o corpo e até um produto para fixar dentaduras postiças.
Sem consequências criminais, avançou o Público, ficou a contratação de Manuel Delgado, ex-secretário de Estado da Saúde, e a questão das viagens em conjunto entre este e a arguida. O Ministério Público não conseguiu também determinar que a contratação de Manuel Delgado, sugerida por Paula Brito da Costa, tivesse sido motivada por uma eventual relação amorosa entre ambos. A investigação apenas conclui que, no âmbito da relação pessoal que tinham, tentavam acertar datas de forma a que algumas viagens coincidissem. E indica o financiamento de duas viagens: a Burgos e Buenos Aires.
A contratação de Manuel Delgado como consultor da instituição foi proposta por Paula Brito da Costa, com a sugestão de um salário de 12 mil euros mensais. A informação foi confirmada ao Ministério Público pelo então director financeiro da Raríssimas. A contratação viria a concretizar-se mas com Manuel Delgado a auferir apenas 3 mil euros, já que a associação não teria capacidade financeira para mais. As funções foram desempenhadas entre Abril de 2013 e Dezembro de 2014, antes de Manuel Delgado ter sido secretário de Estado.